As ondas de calor, cada vez mais frequentes e intensas devido às mudanças climáticas, representam um desafio crítico para o desenho dos espaços urbanos. As altas temperaturas exacerbam problemas de saúde pública, aumentam o consumo de energia e diminuem a qualidade de vida nas cidades. Para mitigar esses efeitos, é essencial que os espaços urbanos adotem estratégias para promover a resiliência e não apenas reproduzam formatos que não levam em conta o estresse térmico à qual muitos estão sendo submetidos.
Há tempos entende-se os benefícios dos espaços verdes urbanos, do contato com a natureza, com a água, com a terra, das vantagens relacionadas a saúde e ao bem-estar da população que convive com parques nos arredores de suas casas. Uma questão ainda mais reforçada depois do pânico instaurado durante o período da pandemia de Covid-19. No entanto, o momento atual traz à tona novamente o impacto dos modelos urbanos na vida contemporânea que lida agora com temperaturas extremas nunca antes vistas.
A previsão para o futuro não é animadora. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, se nada for feito, se chegará a 2100 com uma temperatura média 3,7 Cº acima do período pré-revolução industrial, condenando ecossistemas inteiros e, pelo visto, a vivência nas cidades também. Em tal contexto, arquitetos e urbanistas - entre muitas outras responsabilidades de cunho ambiental -, carregam o compromisso de adaptar as cidades a essa nova realidade.
Entendendo a dimensão do desafio, ao longo dos últimos anos dentro do ArchDaily, procuramos abordar o tema desde diferentes perspectivas. Entre os artigos mais recentes sobre a questão, o artigo Como adaptar cidades para o calor extremo trouxe estratégias interessantes para lidarmos com essa situação como a importância dos espaços vegetados, a valorização de antigas técnicas de resfriamento, o uso de pinturas claras, etc. Outro artigo de destaque trouxe à tona a ideia dos oásis urbanos como pontos de combate ao estresse térmico que o calor gera àqueles que estão no espaço público - não somente pessoas em situação de rua, mas também pedestres que passam horas em trânsito pela cidade.
De qualquer forma, independente da estratégia aplicada ou da escala da intervenção, um fato está claro: precisamos olhar para as nossas cidades e criar espaços resilientes às mudanças climáticas que simbolizem bem-estar e qualidade de vida.
Com esse desafio em mente, apresentamos a seguir uma lista de projetos urbanos que servem como modelo de espaços públicos preparados para lidar com um planeta superaquecido, oferecendo aos seus usuários superfícies vegetadas, materiais naturais, elementos de água e grandes áreas sombreadas.