Cento e vinte organizações da sociedade civil (ONGs, Institutos, Fundações, coletivos e Movimentos Sociais) que atuam pelo direito à cidade, enviaram uma carta aberta ao Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, exigindo que o processo de revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo seja conduzido pela Prefeitura Municipal garantindo o pleno exercício da participação social, respeitando os princípios da democracia, da soberania popular e da transparência, mesmo em meio à pandemia.
https://www.archdaily.com.br/br/958803/organizacoes-de-sao-paulo-exigem-que-revisao-do-plano-diretor-seja-participativa-e-democratica-mesmo-com-a-pandemiaEquipe ArchDaily Brasil
Praça Raul Soares, Belo Horizonte. Foto de Luiz Felipe Silva Carmo, via Unsplash
Os processos de planejamento e desenvolvimento das cidades fazem parte de redes complexas, que muitas vezes demandam a articulação de diferentes ferramentas voltadas para o planejamento físico, mas também social, econômico, político, entre outros. O Plano Diretor é um dos principais instrumentos que existem para isso, e desempenha um papel fundamental para a regulamentação do território de uma cidade.
Segundo a definição da NBR 12267, que estabelece as normas para elaboração de Planos Diretores, estes são o “instrumento básico de um processo de planejamento municipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados”.
Medellín, Colômbia. Foto de Milo Miloezger, via Unsplash
Conforme o arquiteto Alejandro Echeverri, Medellín soube disseminar a ideia de que esteve imersa em processo de inclusão e transformação urbana. Anualmente a cidade recebe incontáveis visitantes que, segundo o colombiano, parecem mais convencidos do que os próprios moradores sobre como a cidade encontrou respostas aos seus desafios sócio-espaciais. Atuando com a Universidade Nacional da Colômbia e famílias vítimas de conflitos armados entre final de 2014 e início de 2016, observei nuances entre os avanços que a cidade vivenciou a partir de sua atuação direta em territórios em situação de vulnerabilidade e desafios que persistem com o aumento da desigualdade sócio-econômica.
UVA La Esperanza em Medellin, Colômbia. Imagem Cortesia de EPM
Social Urbanism: Reframing Spatial Design – Discourses from Latin America, novo livro de Maria Bellalta, ASLA, reitora da Escola de Arquitetura da Paisagem da Boston Architectural College, é uma adição bem-vinda ao crescente número de publicações sobre questões de justiça social na forma de urbanismo, arquitetura e espaço público que emanam de Medellín e da Colômbia. As conquistas do urbanismo social tornaram-se um sinônimo de Medellín no mundo do paisagismo, do planejamento e projeto urbano, e da arquitetura de forma geral.
A religião é uma realidade exclusivamente humana. Assim como as cidades. À medida que emergimos de nosso isolamento, as cidades silenciosas e locais de adoração serão novamente humanizados, em comparação com a triste memória do que já foram.
Vamos nos recuperar dessa estranha realidade, a pandemia e, quando o fizermos, seremos forçados a responder a algumas questões. Antes deste século, o automóvel já foi visto como a forma como os americanos podiam criar uma nova realidade: uma enorme classe média que podia controlar sua vida usando a liberdade que os carros lhes davam para ir onde quisessem, quando quisessem e viver onde eles quisessem viver. Entretanto, antes do isolamento, essa visão do que os carros significavam para nossa cultura estava mudando - especialmente nas cidades.
Amsterdã, Países Baixos. Foto de Roman Kraft, via Unsplash
Quem se interessa por política urbana provavelmente ouvirá, em algum momento, o termo “cidade compacta”. A expressão se tornou recorrente no campo do planejamento urbano. Propostas associadas ao termo privilegiam uma ocupação mais densa, com comércio e serviços perto das residências, e favorecem o trânsito de pedestres, ciclistas e usuários do transporte público. Algumas capitais europeias, como Copenhague e Amsterdã, costumam ser apontadas como exemplos deste modelo. Seu contraponto é a cidade dispersa, onde os bairros são predominantemente residenciais, afastados do Centro, e exigem longos deslocamentos de casa ao trabalho.
A Gehl acaba de publicar o seu ‘Masterplan Framework with ecology at its heart’, um interessante estudo de caso desenvolvido em Huechuraba, região central do Chile. A equipe composta por David Sim, Esben Neander Kristensen, Alexander Spitzer e Tamara Kalantajevska chama a atenção para a vocação ecológica do plano diretor estratégico desenvolvido em parceira com a empreiteira chilena Tanica.
programação com oito encontros virtuais e oito atividades presenciais (em Porto Alegre - RS)
Dentro do eixo das ações de Pedagogia Urbana do coletivo de urbanismo TransLAB.URB, nos próximos dias iniciará um pequeno ciclo da MICRO ESCOLA URBANA com o tema "Identificando Camadas das Cidades”, no qual serão abordados temas como infraestrutura verde, perspectiva de gênero, mobilidade e muito mais, contando com a ajuda de convidadas especiais de diferentes Estados do Brasil, diferentes países e continentes, pessoas que atuam nas áreas temáticas.
Desde que as cidades existem, surge uma questão fundamental para o seu futuro: "O que torna as áreas urbanas desejáveis?" Mais da metade dos habitantes do mundo vive em cidades e esse número deve aumentar na próxima década, com mais de 5 bilhões de pessoas vivendo em centros urbanos em todo o mundo. Para se preparar para essa demanda, as cidades estão encontrando maneiras de ser mais desejáveis e atrair talentos para grandes e pequenas empresas, enquanto encontram outras maneiras de criar oportunidades de vida igualitárias para todos.
Compreender os motivos que engendram desigualdades econômicas e sociais em nossa sociedade é um dos tópicos mais controversos e amplamente debatidos no campo do urbanismo. É evidente que esta é uma questão complexa, onde muitos fatores devem ser considerados—sendo um deles a localização e acessibilidade às áreas verdes em uma cidade. Embora parques urbanos sirvam como espaços de convívio e lazer, construindo comunidades, seus benefícios para a saúde pública nem sempre compensam. Em muitos casos, a instalação de áreas verdes se dá às custas de um amplo processo de gentrificação e expulsão das comunidades mais pobres. Neste contexto, nos cabe pensar em soluções que nos permitam construir cidades melhores, mais verdes e principalmente, mais inclusivas e portanto, menos desiguais.
Nos últimos anos, órgãos públicos, arquitetos e urbanistas de todo o mundo têm cada vez mais discutido o futuro das cidades, buscando refletir sobre os rumos que o urbanismo contemporâneo deverá tomar como enfrentamento do emaranhado de problemas - urbanos e sociais - enfrentados. Mas, uma das perguntas que parece prevalecer no imaginário dos profissionais é como criar espaços capazes de melhorar a qualidade de vida e saúde do espaço público sem a necessidade de obras de grande escala.
A partir disso, alguns movimentos vêm surgindo na tentativa de aplicar simples ações que possam colaborar para o desenvolvimento de “novos” espaços públicos em resposta a necessidade imediata de espaços urbanos de qualidade. Tais ações têm apontado que as cidades do futuro serão cada vez mais convidativas, num manifesto de aproximação do pedestre à rua. São exemplos destas ações, a implementação de parklets; o fechamento de algumas avenidas e impedimento da circulação de veículos por algumas horas, abrindo-as ao pedestre e transformando as mesmas em áreas livres como parques urbanos temporários; a implantação e extensão de novas ciclovias; jardins verticais urbanos; e também, dos Pocket Parks.
Muitas das expectativas que projetamos para o futuro das cidades estão mudando, principalmente à medida que nos deparamos com os atuais, e cada dia mais urgentes, desafios globais—da crise climática a como viveremos juntos.
Pouco antes de assumir seu mandato em janeiro de 2020, a prefeita Claudia López assumiu o compromisso de redesenhar uma importante via arterial de Bogotá, a fim de transformá-la em um corredor verde para a mobilidade ativa e sustentável. Para tanto, a prefeita também se comprometeu a promover um processo de planejamento com ampla participação social – uma tarefa um tanto intimidante em uma cidade com nove milhões de habitantes.
Conhecida desde o século XVI como Calle Real, a Avenida Séptima é considerada por muitos como a mais importante de Bogotá, estendendo-se por 23 quilômetros e atravessando a zona leste da cidade. Talvez seja a única via que percorre todas as faixas de renda do município, dos mais pobres aos muito ricos. Também é o espaço mais debatido na capital colombiana.
Você se sente vulnerável ao percorrer os espaços públicos? Se você for uma mulher as chances de responder sim à essa pergunta certamente são maiores, já que a probabilidade de um homem optar por um caminho maior em sua trajetória, para evitar um trecho escuro da rua, ou pensar em qual roupa vestir, de modo que não se sinta exposto em vias públicas, é bem menor. Seguindo está lógica, torna-se quase óbvio como a cidade projetada por homens pode ser lida mais como um espaço de ameaça do que um lugar no qual a mulher se sinta bem-vinda. Sendo assim, para imaginar cidades igualitárias, ainda é necessário insistir num pensamento sob perspectiva de gênero?
https://www.archdaily.com.br/br/955810/como-a-perspectiva-de-genero-pode-impactar-o-futuro-urbanoCamilla Ghisleni e Victor Delaqua
Antofagasta, Chile. Created by @overview. Source imagery: @maxartechnologies
“Parece haver uma imagem pública de qualquer cidade que é a sobreposição de muitas imagens individuais. Ou talvez exista uma série de imagens públicas, cada qual criada por um número significativo de cidadãos.” – Kevin Lynch
A partir desta observação, Kevin Lynch, em seu livro “A imagem da cidade” (1960), inicia uma análise em torno de quais seriam os elementos constituintes daquilo que considera como imagem da cidade. Ao apresentar, descrever e exemplificar estes elementos como objetos físicos perceptíveis, Lynch pondera que outros fatores não físicos como a memória, a função e o próprio nome da cidade também atuam significativamente na construção dessa(s) imagem(ns).
Autodeclarado um movimento unido em torno da ideia de que o ambiente físico pode ter impacto direto no oferecimento de vidas mais prósperas e felizes aos habitantes, o Novo Urbanismo surgiu enquanto conceito nos Estados Unidos na década de 1990 e se consolidou por meio dos Congressos do Novo Urbanismo (CNU), realizados anualmente desde 1993.
Em 1996, três anos após o I Congresso do Novo Urbanismo, é lançada a Carta do Novo Urbanismo com o objetivo de estabelecer os ideais e princípios norteadores do movimento e, dessa forma, explorar as possibilidades do desenvolvimento das cidades norte-americanas.
Pense na cidade onde você mora. Quanto tempo você leva para chegar ao supermercado a pé? A sua escola ou trabalho é perto o suficiente para ir caminhando? Que tal um parque público, um consultório médico, uma creche ou qualquer outro lugar que você visita diariamente? Enquanto algumas cidades já entenderam a importância de se viver perto de todas essas necessidades, outras estão reformulando suas estratégias de planejamento urbano e projetando seus bairros para serem mais amigáveis aos pedestres, com o conceito de “cidades de 15 minutos”.
Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, divulgou planos de construir uma cidade linear de 160 quilômetros de extensão chamada The Line. Anunciando o projeto em um vídeo, a cidade seria composta por uma série de comunidades caminháveis livres de carros e avenidas, com capacidade para um milhão de pessoas. O projeto seria organizado de modo a disponibilizar todos os comércios e serviços essenciais dentro de um raio de cinco minutos a pé a partir das habitações.