O que ações desenvolvidas no Rio de Janeiro nos anos 1800, na Dinamarca nos anos 1850, na Costa Rica em 1970 ou na Etiópia nos anos 2000 têm em comum? Em todos esses casos, projetos pioneiros de restauração florestal permitiram recuperar milhares de hectares de florestas, protegendo animais, nascentes e retirando carbono da atmosfera.
https://www.archdaily.com.br/br/982971/wri-lanca-ferramenta-para-identificar-fatores-de-recuperacao-de-paisagensLuciana Alves e Julio Alves
O novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas destaca o enorme potencial da natureza para reduzir os riscos das mudanças climáticas e aumentar a resiliência. O contexto político tem se tornado propício para essa abordagem. Em 2021, por exemplo, 137 países se comprometeram, de forma coletiva, a acabar com a perda de florestas e a degradação de paisagens até 2030 como parte da Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra. Os signatários reafirmaram a importância de todas as florestas para a adaptação aos impactos das mudanças climáticas e para manter saudáveis os serviços ecossistêmicos. Promessas de financiamento se seguiram à declaração, incluindo US$ 19,2 bilhões para proteger e restaurar florestas em todo o mundo.
Danos causados a construções pelo furação Irma em Nanny Cay, na Ilha Virgem Britânica de Tortola. A ilha caribenha sofreu com danos e destruição generalizados decorrentes da passagem do Irma em 2017. Foto: Russell Watkins/DFID
O planeta já está 1,1°C mais quente devido a alterações climáticas induzidas pelos humanos, e milhões de pessoas já enfrentam consequências reais do aumento das temperaturas, da elevação do nível dos oceanos, de tempestades mais severas e de chuvas que escapam às previsões meteorológicas. Uma redução rápida das emissões é essencial para conter o aumento da temperatura e garantir um futuro mais seguro para todos. Também são essenciais investimentos capazes de proteger as comunidades dos impactos cada vez mais severos que continuarão piorando com o tempo.
https://www.archdaily.com.br/br/980598/o-que-sao-as-perdas-e-danos-das-mudancas-climaticasPreety Bhandari, Nathaniel Warszawski, Deirdre Cogan e Rhys Gerholdt
O novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) traça um cenário preocupante: as mudanças climáticas já afetam todas as partes do mundo, e impactos muito mais severos podem estar nos esperando se não reduzirmos as emissões de gases do efeito estufa pela metade ainda nesta década e não começarmos imediatamente a ampliar as medidas de adaptação.
https://www.archdaily.com.br/br/978091/impacto-das-mudancas-climaticas-6-descobertas-do-relatorio-do-ipcc-de-2022-sobre-adaptacaoKelly Levin, Sophie Boehm e Rebecca Carter
Ruas são espaços públicos estruturantes das cidades e locais de convergência por excelência. Do encontro das ruas temos os largos, as praças, os parques. Pelas ruas, tudo passa, e da qualidade das ruas dependem as pessoas para acessar oportunidades de emprego, educação, saúde e lazer. Mas basta olhar para as grandes cidades brasileiras para perceber a priorização que se dá aos veículos motorizados em detrimento dos outros modos. Em São Paulo, por exemplo, 41% das calçadas não têm a largura mínima exigida por lei.
https://www.archdaily.com.br/br/978914/ruas-completas-na-universidade-ajudam-a-pensar-e-projetar-a-cidade-na-escala-humanaAndressa Ribeiro, Adriana Sansão, Bruno Batista, Carolina Stolf, Fernando César Manosso, Rodrigo Rinaldi
Foto: Priscila Pacheco/WRI Brasil Cidades Sustentáveis
A pandemia de Covid-19 atingiu o transporte coletivo em cheio. Inicialmente, o número global de passageiros chegou a cair em até 80%, e no final de 2020 o transporte coletivo ainda circulava com em torno de apenas 20% da quantidade de passageiros do cenário pré-pandêmico. A preocupação é de que, caso o transporte coletivo não se recupere, as pessoas optem cada vez mais por veículos particulares.
https://www.archdaily.com.br/br/977320/3-maneiras-de-transformar-o-transporte-coletivo-com-foco-no-clima-saude-e-equidadeBen Welle, Rogier van den Berg e Claudia Adriazola-Steil
Preservar e restaurar matas ciliares tem múltiplos benefícios para adaptação e resiliência climática. Na foto, Rio Atibaia, em Campinas. Foto: Renan Pissolatti, WRI Brasil
O ano de 2022 vai colocar o Brasil na rota da transição econômica necessária para cumprir as metas climáticas e manter viável o objetivo de longo prazo de zerar as emissões líquidas até 2050? Ainda há uma janela de oportunidade para o mundo limitar o aquecimento a 1,5°C, mas a falta de ambição dos países até aqui tem tornado esse cenário cada vez mais custoso de alcançar. Cada ano que passa torna o cenário mais urgente e a ciência tem deixado claro que as decisões tomadas nesta década vão definir o equilíbrio climático do planeta.
https://www.archdaily.com.br/br/975722/5-fatos-e-tendencias-que-vao-marcar-a-agenda-ambiental-no-brasil-em-2022WRI Brasil
Neste momento sem precedentes que vivemos, é grande a incerteza sobre o futuro. A pandemia de Covid-19 não terminou, os efeitos das mudanças climáticas já são sentidos em todos os lugares e muitas pessoas pelo mundo seguem sofrendo com a desigualdade. E isso é apenas o que acontece no cenário geral, sem contar como essas questões afetam umas às outras. Em um mundo em constante transformação, com histórias que surgem e evoluem diariamente, quais terão o maior impacto nas pessoas e no planeta?
https://www.archdaily.com.br/br/975726/do-discurso-a-acao-6-temas-de-sustentabilidade-para-acompanhar-no-mundo-em-2022Sadof Alexander
Usar o carro é uma escolha individual que gera muitos prejuízos coletivos. Foto: Nelson Antoine/Shutterstock
Por décadas, carros têm sido associados a uma promessa de praticidade, autonomia e conforto. Do ponto de vista individual, pode até ser verdade. Mas a priorização do automóvel no desenho das cidades torna a mobilidade urbana ineficiente e fomenta a desigualdade ao privar grande parte da população do acesso a oportunidades. Usar o carro é uma escolha individual que gera muitos prejuízos coletivos. Cobrar pelos custos sociais dessa escolha é uma forma promissora de desestimulá-la e, ao mesmo tempo, gerar recursos para a mobilidade sustentável.
https://www.archdaily.com.br/br/976544/por-que-cobrar-pelo-uso-dos-carros-e-uma-solucao-justa-e-inteligente-para-a-mobilidade-sustentavelLuis Antonio Lindau, Cristina Albuquerque, Guillermo Petzhold e Fernando Corrêa
Sem solucionar os desafios das cidades, não resolveremos a crise climática. O papel central das cidades é inegável: elas contribuem com 75% das emissões de gases de efeito estufa relacionadas à energia. As escolhas das cidades influenciam e podem gerar mudanças em todos os sistemas que precisam ser descarbonizados e tornados resilientes, desde transporte até produção de alimentos e energia. Como mostrou o relatório de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, as cidades – com sua concentração de pessoas, atividade econômica e infraestrutura – estão entre as alavancas mais poderosas que temos para impulsionar a descarbonização e construir resiliência com rapidez suficiente para cumprir as metas do Acordo de Paris.
https://www.archdaily.com.br/br/974558/5-prioridades-para-as-cidades-apos-a-cop26Rogier van den Berg e Leo Horn-Phathanothai
Desde o começo da pandemia de Covid-19, a bicicleta se tornou uma alternativa ainda mais popular, resiliente e confiável para os deslocamentos cotidianos, e ciclovias temporárias (ou pop-up) são cada vez mais comuns em grandes cidades ao redor do mundo. Entre março e julho de 2020, 394 cidades, estados e paísesrealocaram espaços das ruas para que as pessoas pudessem caminhar e pedalar com mais facilidade, eficiência e segurança.
https://www.archdaily.com.br/br/972848/4-maneiras-de-desenhar-ruas-seguras-para-bicicletasNikita Luke e David Pérez-Barbosa
Surtos de doenças contagiosas podem exercer uma influência de longo prazo no desenho urbano – muitos moldaram de forma inegável a maneira como as cidades modernas são e operam. Parques, ruas largas e até mesmo os banheiros de nossas casas são um legado importante de surtos de cólera no passado. Hoje estão tão incorporados em nosso dia a dia que são considerados elementos básicos das cidades modernas. Ao longo de gerações, as cidades se recuperaram do choque inicial do contágio e reconstruíram a confiança das pessoas depois de períodos de incerteza.
https://www.archdaily.com.br/br/972093/as-cidades-podem-prosperar-em-tempos-de-crise-3-perguntas-para-as-cidades-em-2022Anne Maassen e Rogier van den Berg
Em Accra, capital de Gana, Owusu, a esposa e os quatro filhos dividem uma casa com outros cinco inquilinos e suas famílias no bairro de Tantra Hills. A casa possui um banheiro e energia elétrica, mas os custos de ambos são excessivamente altos. Como não é conectada à rede municipal de abastecimento de água, Owusu precisa comprar água de vendedores que cobram caro. A conta de luz, em torno de US$ 50 por mês, é mais alta do que o aluguel de US$ 33. Com uma renda mensal de US$ 175, Owusu vive com o medo de ser despejado caso haja aumento no preço do aluguel, da água ou da eletricidade.
Além disso, o bairro de Owusu não dispõe de acesso fácil ao transporte público. O ponto de ônibus mais próximo fica a cerca de um quilômetro, e normalmente ele espera até 30 minutos pelo ônibus. O trajeto até o trabalho, em um posto de gasolina, leva em torno de duas horas, sem trânsito. De segunda a sábado, ele sai de casa às 4h30 para não pegar a hora do rush.
https://www.archdaily.com.br/br/971315/7-grandes-transformacoes-para-solucionar-a-desigualdade-urbanaMaeve Weston e Robin King
Áreas verdes geram inúmeros benefícios e podem funcionar como parte da solução para infraestrutura básica como saneamento e drenagem. Foto: Alf Ribeiro/shutterstock
As cidades estão no centro da crise causada pela Covid-19, expondo mais uma vez problemas como a falta de acesso a moradia, transporte, infraestrutura e serviços de qualidade – especialmente entre as populações de menor renda. Os efeitos da emergência climática nos centros urbanos também estão bastante visíveis e cada vez mais frequentes, como deixou claro o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) a partir de novas evidências. O Brasil enfrenta hoje uma crise hídrica e energética, mas recentemente sofreu com chuvas torrenciais, inundações e deslizamentos de terra, alguns com vítimas fatais. No médio e longo prazo, as cidades costeiras serão afetadas pela elevação do nível do mar.
https://www.archdaily.com.br/br/970846/6-estrategias-para-destravar-o-potencial-verde-das-cidades-brasileirasHenrique Evers, Laura Azeredo, Bruno Felin e Luiza de Oliveira Schmidt
Quando parte das ruas é dedicada ao estacionamento, opta-se por dar uma destinação privada a um dos ativos mais valiosos da cidade. De ciclovias e faixas dedicadas para ônibus a calçadas mais espaçosas, parklets ou mesmo faixas de tráfego veicular misto, o cardápio de usos mais benéficos à coletividade é vasto. Mais do que nunca, é preciso repensar a mobilidade em nome de cidades mais prósperas e inclusivas. E a cobrança do estacionamento rotativo é um bom ponto de partida.
O transporte coletivo, a bicicleta e a caminhada são as opções mais sustentáveis na mobilidade urbana. Porém, enquanto sistemas de ônibus definham em meio à falta de recursos e à queda na demanda, e ciclistas e pedestres dispõem de infraestrutura precária em seus deslocamentos, cidades investem recursos vultosos na manutenção das vias – e ainda reservam parcela significativa para motoristas armazenarem um bem privado.
https://www.archdaily.com.br/br/968924/cobrar-mais-pelo-estacionamento-nas-ruas-pode-promover-equidade-no-transporteJúlia Hartmann Mozetic, Guillermo Petzhold, Francisco Pasqual, Virginia Tavares e Fernando Corrêa
Apesar da pandemia de Covid-19 ter adiado a COP26 até novembro de 2021, os negociadores da ONU ainda estavam trabalhando duro ainda em 2020. Depois de uma série de eventos virtuais em junho do ano passado, mais de três mil delegados de países concluíram os Diálogos sobre o Clima, um conjunto de 80 encontros virtuais em que os países revelaram, revisaram e discutiram questões pendentes nas negociações internacionais sobre o clima.
Desde o início, os países concordaram que os diálogos não incluiriam as negociações formais que normalmente ocorrem nas COPs e não levariam a quaisquer decisões oficiais. Em vez disso, os diálogos abordaram eventos que os países haviam determinado previamente que ocorressem em 2020 e outras trocas informais. Os diálogos serviram como uma plataforma para os países e atores não estatais fazerem um balanço do progresso geral da ação climática em 2020 e ofereceram um espaço informal para que os negociadores compreendessem melhor questões pendentes em sua preparação para retomar as negociações em 2021.
A transformação das cidades construídas para os carros em ambientes que priorizam o bem-estar e a mobilidade de todas as pessoas pode tornar os centros urbanos mais resilientes e inclusivos. Não é trivial mudar ideias e práticas tão arraigadas no planejamento das cidades. Mas um novo relatório do WRI Brasil, “Ruas Completas no Brasil – Promovendo uma mudança de paradigma”, mostra que a mudança foi semeada e já gera frutos.
A publicação documenta o resultado de quatro anos de atuação da Rede Nacional para Mobilidade de Baixo Carbono, iniciativa do WRI Brasil e da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) que reuniu 21 cidades brasileiras comprometidas com a mudança do paradigma no desenho das ruas e das cidades.
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A Greater London Authority buscou garantir que caminhada e bicicleta, além do transporte público, fossem opções viáveis para a população de Londres. Foto: WRI Ross Center for Sustainable Cities
Há meio século, uma névoa letal de fumaça e neblina, também conhecida como o Grande Nevoeiro de 1952, cobriu Londres e matou pelo menos 12 mil pessoas. Mais recentemente, em 2013, Ella Adoo-Kissi-Debrah morreu em decorrência da poluição do ar. “[Ella] foi a primeira pessoa no mundo a ter a poluição do ar apontada como a causa de sua morte”, diz Anjali Raman-Middleton, de 17 anos, cofundadora da organização Choked Up e amiga de Ella. Mas o ar tóxico de Londres, um problema de longa data associado a 9 mil mortes prematuras por ano, é mais do que uma questão ambiental e de saúde pública.
https://www.archdaily.com.br/br/966181/como-londres-usa-taxas-pelo-uso-das-vias-para-combater-a-poluicao-do-ar-e-a-desigualdadeMadeleine Galvin e Anne Maassen