Barco navega pela floresta amazônica entre Macapá e Belém, no Brasil. As florestas geridas pelas comunidades indígenas do Brasil sequestram grandes quantidades de carbono, desempenhando um papel crítico na contenção das mudanças climáticas. Foto: otorongo/Shutterstock
No mundo todo, florestas desempenham um papel fundamental combatendo ou contribuindo para conter as mudanças climáticas. Florestas em pé e saudáveis sequestram mais carbono da atmosfera do que emitem e funcionam como um sumidouro de carbono; por outro lado, áreas florestais degradadas e desmatadas liberam na atmosfera o carbono que armazenavam e se tornam uma fonte de carbono.
https://www.archdaily.com.br/br/995153/florestas-em-terras-indigenas-estao-entre-os-ultimos-sumidouros-de-carbono-da-amazoniaPeter Veit, David Gibbs e Katie Reytar
Samira Perez, uma antiga moradora da cidade de Barranquilla, na Colômbia, costumava gastar tempo e dinheiro com táxis para levar seus filhos aos shoppings locais depois da escola e aos finais de semana. Lá, eles passavam o tempo admirando vitrines de lojas sofisticadas, assistindo a shows e fazendo refeições nos restaurantes.
A presença do shopping na vida da família de Perez é comum em cidades latino-americanas que têm passado por um rápido processo de urbanização, no qual, diante da ausência de alternativas acessíveis ao ar livre, os shoppings costumam oferecer espaços de convivência seguros e limpos. Em Barranquilla, onde os shoppings são onipresentes, uma pesquisa de percepção realizada em 2009 mostrou que 90% dos moradores estavam insatisfeitos com as áreas verdes e públicas da cidade.
Uma moradora de Vitória pode não pensar nas florestas da Bacia do Jucu ao servir um copo de água. Os uruguaios provavelmente não pensam na Floresta Amazônica quando veem a chuva cair sobre os parques da cidade. E os habitantes de Adis Abeba possivelmente não estão pensando na Bacia do Congo quando comem injera, um alimento típico na Etiópia feito a partir do grão de teff.
Ainda assim, as florestas próximas e distantes afetam o dia a dia dessas pessoas mais do que elas estão cientes.
https://www.archdaily.com.br/br/995039/como-florestas-beneficiam-as-pessoas-que-vivem-nas-cidadesSarah Wilson, John-Rob Pool, Mack Phillips e Sadof Alexander
A COP27, realizada em Sharm el-Sheikh, no Egito, terminou com um avanço histórico para ajudar os países vulneráveis a lidar com as perdas e danos decorrentes das mudanças climáticas. Por outro lado, as negociações também decepcionaram muitos atores ao não incluir nenhuma nova medida significativa para reduzir as emissões, o que é essencial para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C. Já em relação à adaptação, apesar de alguns aspectos positivos, os avanços também ficaram aquém do esperado.
https://www.archdaily.com.br/br/994570/cop27-principais-resultados-e-perspectivas-para-2023Natalia Alayza, Preety Bhandari, David Burns, Nathan Cogswell, Kiyomi de Zoysa, Mario Finch, Taryn Fransen, Maria Lemos Gonzalez , Nisha Krishnan, Paige Langer, Gaia Larsen, Jamal Srouji, Nate Warszawski e David Waskow
As cidades nunca estiveram tão engajadas na ação climática. Na Conferência do Clima da ONU de 2021 (COP26), mais de 1.100 cidades representando um quarto das emissões globais de CO2 se juntaram à iniciativa Cities Race to Zero (em português, Cidades na Corrida pelo Zero). Ao fazer isso, esses municípios se comprometeram com ações ambiciosas, inclusivas e equitativas para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C. Em novembro deste ano, na COP27, essas cidades apresentaram seus avanços e informaram como planejam cumprir seus compromissos.
https://www.archdaily.com.br/br/992401/3-elementos-essenciais-para-a-acao-climatica-integrada-nas-cidadesMichael Doust, Nathalie Badaoui e Leo Horn-Phathanothai
Mudanças sistêmicas. Transformação. Transição profunda. Essas expressões são usadas com tanta frequência que correm o risco de se tornarem palavras da moda, tendo seu real significado ofuscado.
Ainda assim, para conter o aumento da temperatura do planeta, conservar a natureza e construir uma economia mais justa capaz de beneficiar a todos, nós de fato precisaremos de uma mudança profunda em todos os aspectos de nossas economias – e a um ritmo e em uma escala nunca vistos até então.
Belo Horizonte-MG. Foto de ciqueira, via Visualhunt
Durante as discussões finais para a aprovação do Plano Diretor de Belo Horizonte, em 2019, a previsão de cobrança de Outorga Onerosa do Direito de Construir (OODC) gerou intenso debate e se mostrou o principal obstáculo político para a aprovação. Diversas instituições, incluindo a ONU-Habitat, se manifestaram a respeito. Afinal, o que é a OODC e quais os efeitos desse instrumento de planejamento no território?
https://www.archdaily.com.br/br/990965/o-que-e-a-outorga-onerosa-do-direito-de-construir-e-como-ela-ajuda-a-tornar-as-cidades-mais-justas-e-sustentaveisBruno Felin, Laura Azeredo, Luana Betti e Priscila Pacheco
Inundação do rio Indo, no Paquistão. As inundações intensas no Paquistão foram apenas um de muitos eventos climáticos extremos que afetaram comunidades ao redor do mundo em 2022. Foto: Asianet-Pakistan/Shutterstock
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas deste ano, a COP27, acontece em um cenário de diferentes crises globais.
Os efeitos múltiplos desencadeados pela Covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia fizeram os preços da energia alcançarem recordes de alta. Ao mesmo tempo, desastres climáticos sem precedentes causam abalos devastadores e generalizados. Níveis históricos de chuvas, calor, secas, incêndios e tempestades vêm atingindo praticamente todas as partes do mundo.
https://www.archdaily.com.br/br/991318/6-prioridades-globais-para-a-cop27Nathan Cogswell, David Waskow, Rebecca Carter, Jamal Srouji, Nate Warszawski, Preety Bhandari, Nisha Krishnan e Maria Lemos Gonzalez
Avenida Rio Branco, no coração do Bairro do Recife, se tornou exclusiva para pedestres em 2017. Foto: Adriana Preta/WRI Brasil
A mitigação das mudanças climáticas e a adaptação aos riscos gerados por eventos extremos mais frequentes demandam uma transformação rápida e radical das cidades de todo o mundo, uma vez que elas são responsáveis pela maior parte das emissões globais de gases de efeito estufa. Os impactos de um clima em transformação, no entanto, não são compartilhados de modo uniforme por todas as cidades, e quem sente os seus efeitos mais intensos são justamente as populações mais vulnerabilizadas. Para transformações urbanas de baixo carbono inclusivas e adaptadas aos diferentes contextos urbanos, é necessário aproximar a agenda global do clima à escala local – às pessoas que vivem e conhecem os seus territórios.
https://www.archdaily.com.br/br/989596/duas-cidades-brasileiras-buscam-abordagens-locais-inovadoras-para-a-crise-climaticaCamila Alberti, Ariadne Samios e Isadora Freire
O espaço ocupado pelas construções nas cidades tem crescido rapidamente. Em todo o mundo, a área ocupada pelo piso de edifícios pode dobrar até 2060. Construir e manter a infraestrutura urbana exige quantidades significativas de energia e recursos materiais. Dessa forma, a maneira como as cidades constroem – e com quais materiais – exerce um impacto sobre até que ponto as metas de sustentabilidade são atingíveis ou mesmo realistas. As cidades precisam se certificar de que estão usando materiais de baixo impacto para o planeta e que possam ser renovados. Esse cenário aponta uma oportunidade para a madeira.
https://www.archdaily.com.br/br/988501/como-as-cidades-podem-adquirir-madeira-de-origem-sustentavelWhitney Light, Scott Francisco e Sadof Alexander
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, apostou em seu plano de transformar Paris em uma “cidade de 15 minutos”. Foto de Pascal Weiland, via Unsplash
A história mostra que, quando atingidas por crises e desastres, as cidades em geral se recuperam e saem mais fortes e resilientes do que antes. O grande incêndio de Chicago ficou famoso por dar origem aos arranha-céus. Surtos de doenças contagiosas contribuíram para políticas de saúde pública e para as práticas modernas de saneamento. A devastação causada pela Segunda Guerra Mundial catalisou investimentos sem precedentes em habitação e infraestrutura.
Cidades e comunidades no mundo todo estão avançando para reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e prevenir os impactos mais perigosos das mudanças climáticas. Em geral, as estratégias focam na redução de emissões em setores como transportes, energia, habitação e resíduos. Mas existe outro setor que muitas comunidades têm subestimado em seus planos climáticos: árvores e florestas.
https://www.archdaily.com.br/br/986623/5-motivos-para-as-cidades-incluirem-as-arvores-nas-acoes-pelo-climaJohn-Rob Pool, David Gibbs, Sadof Alexander e Nancy Harris
Florestas para tratamento de água no Espírito Santo. Foto: Ademir Ribeiro/WRI Brasil
E se os formuladores de políticas, ao tomarem as decisões sobre como fazer investimentos públicos, não olhassem só para grandes obras de cimento e concreto, mas também prestassem atenção nas florestas?
Pensar na conservação, restauração e manejo da vegetação nativa – em outras palavras, em soluções baseadas na natureza – como alternativas de investimentos para melhorar a infraestrutura dos centros urbanos é uma abordagem inovadora que pode trazer grandes benefícios para a sociedade. Um exemplo disso está no setor de tratamento e abastecimento de água: as florestas podem desempenhar um papel tão importante nesse setor a ponto de ser considerada como uma infraestrutura natural.
https://www.archdaily.com.br/br/987534/florestas-para-agua-uma-solucao-baseada-na-natureza-para-enfrentar-crises-hidricasVitor Tornello, Lara Caccia, Mariana Oliveira e Bruno Calixto
Um futuro mais próspero, resiliente e inclusivo nas cidades brasileiras depende de uma retomada verde. Com investimentos urbanos sustentáveis, o Brasil pode conciliar a recuperação da economia brasileira no curto prazo com a transição gradual para uma trajetória de desenvolvimento de baixo carbono. Mas como financiar essa oportunidade?
A mudança do clima nas cidades brasileiras é um desafio de adaptação e equidade. Inundações, alagamentos, deslizamentos, secas e ondas de calor são cada vez mais frequentes e intensas. Quando atingem o meio urbano, geralmente afetam mais quem é mais pobre. Cidades precisam se adaptar com urgência, a começar pelas áreas e populações mais vulneráveis. Implementar soluções baseadas na natureza de forma sistêmica pode contribuir para a redução de desastres relacionados às mudanças do clima e ainda gerar múltiplos benefícios para a economia, o ambiente e as pessoas.
https://www.archdaily.com.br/br/983817/solucoes-baseadas-na-natureza-para-adaptacao-em-cidades-o-que-sao-e-por-que-implementa-lasHenrique Evers, Bruno Incau, Lara Caccia e Fernando Corrêa
A pandemia da Covid-19 levou muitas cidades a acelerar a implementação de ciclovias pop-up ou temporárias para facilitar viagens seguras durante os períodos mais críticos da crise sanitária. Muitas dessas ciclovias foram inovadoras em seus contextos – vide o caso de Buenos Aires, que implementou, pela primeira vez, ciclovias em grandes avenidas, oferecendo conexões mais diretas para quem pedala.
https://www.archdaily.com.br/br/983552/5-licoes-latino-americanas-para-a-implementacao-de-infraestruturas-para-a-bicicletaSonia Aguilar, Arie Gurts Novoa , Adriana Jakovcevic, Jessica Kisner Giraldo, Surya Salgado, Paula Santos e Juliana Vega
Logo que um bebê começa a se movimentar pela casa, a família adapta esse ambiente para garantir proteção e as melhores condições para o desenvolvimento do filho. Conforme a criança cresce, novas adequações são feitas, sempre tendo como objetivo tornar o lar um local acolhedor, seguro e estimulante. Na cidade, as ruas, praças e parques são uma extensão da casa. E, como na casa, esses espaços públicos devem acolher e proteger as crianças, estimular o seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, convidá-las a experimentar a cidade.
https://www.archdaily.com.br/br/982803/como-qualificar-espacos-publicos-para-a-infancia-experiencias-e-aprendizados-em-sao-pauloPaula Manoela dos Santos, Ariadne Samios, Larissa Oliveira e Fernando Corrêa
É preciso desacelerar o trânsito nas cidades brasileiras – e rápido. Esta é uma questão de saúde pública, já que sinistros de trânsito estão entre as principais causas de morte em todo o mundo. E uma questão de qualidade de vida e equidade, já que cidades que reduzem efetivamente as velocidades dos veículos tornam-se mais seguras, acolhedoras e vibrantes para todas as pessoas.
https://www.archdaily.com.br/br/982075/8-abordagens-e-tendencias-para-promover-transito-seguro-e-espacos-publicos-de-qualidadePaula Manoela dos Santos, Bruno Rizzon e Adriana Jakovcevic