O artigo a seguir é escrito por Simon Henley da Henley Halebrown Rorrison (HHbR). Sua coluna London Calling olha para a realidade do dia-a-dia de Londres, sua cultura arquitetônica e seu papel como um centro global de arquitetura. Tradução Archdaily Brasil.
Como cidade, Londres é mais que nunca uma capital arquitetônica para a progagação e comsumo da cultura do design. Tem a maior concentração de escritórios de arquitetura do que qualquer cidade no mundo. Publicações, exibições, eventos e uma variedade de pop-ups, pavilhões e charretes (sem mencionar as populares pecha-kuchas) também atestam este fato. Escolas como a Architectural Association (AA) em London’s Bedford Square formaram as mentes de uma série de arquitetos internacionais do Star System.
Tem também o próprio skyline - recheado de talentos transplantados. A Torre Shard, de Renzo Piano, a mais recente e a mais alta, se eleva pro sobre as outras. A controversa torre Walkie-Talkie, do uruguaio Rafael Viñoly, que 'incha' ao passar do dia. As obras recentes de Herzog & de Meuron no Tate Modern. Jean Nouvel e seu Shopping Center na St Paul, e os vários edifícios corporativos de gigantes comerciais americanos de 1980 no Distrito de The City of London por SOM, KPF and HOK.
Refletindo neste estado de "cultura de arquitetura de ponta 'versus' alta cultura de comissionamento", não se pode deixar de ver um abismo curioso em Londres. Em alguns aspectos, somos ainda hoje muito parecido com os Vitorianos. Grandes inventores que deixaram para o resto do mundo o legado de tocar nossas invenções para frente.
Seria Londres verdadeiramente a capital mundial de arquitetura? Ou um posto comercial metropolitano, um exportador de idéias arquitetônicas? Leia mais de Simon Henley, a seguir...
Na verdade, nosso skyline representa uma pequena porção (embora muito visível) da atividade na nossa cidade. Há centenas de arquitetos talentosos que trabalham em projetos em escala mais modesta. Muitos deles silenciosamente, talvez sem receber os elogios, nem a atenção que merecem. (Nosso bairro de Shoreditch tenha talvez um número desproporcional de tais arquitetos em Londres)
No entanto, muitos destes escritórios de arquitetura estão formando a própria cultura que depende de Londres como um centro de pensamento arquitetônico e ensino; como os estúdios de Rem Koolhaas e Zaha Hadid fizeram no seu tempo. Embora ambos sejam arquitetos famosos hoje, até recentemente, não haviam conseguido construir em Londres ou até mesmo no Reino Unido.
De Koolhaas e Hadid (que lutou por anos para fazer sua marca no país depois de seu infeliz início com o mal concebido Concurso da Opera House de Welsh Cardiff Bay), uma nova geração surgiu, muito adepta para combinar o internacionalismo oferecido pela academia com as realidades de um mercado cada vez mais globalizado.
Por exemplo, David Adjaye lecionou em Harvard GSD, Penn e Princeton. Ele continua com seu escritório em Londres, apesar de ser quase exclusivamente um exportador, trabalhando agora na Rússia, Ásia e nos EUA, onde foi encarregado do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, em Washington DC, projeto que alcança a cifra de 500 milhões dólares.
Sergison da Sergison Bates encontrou seu paraíso acadêmico na Suíça, primeiro na ETH em Zurique e EPFL em Lausanne e agora na Accademia di Architettura em Mendrisio. Bates, como Sergison, lecionou na ETH e EPFL, e agora é professor de Urbanismo e Habitação na Technische Universität de Munique. E ambos, depois de trabalharem desde meados dos anos 1990 em Londres, em projetos de habitação predominantemente no Reino Unido, passaram, desde então, a trabalhar quase exclusivamente no exterior, na Bélgica, Portugal e Suíça. Seu mentor Tony Fretton lecionou no Instituto Berlage, ETH de Zurich, na Universidade de Delft e Harvard GSD e também constrói no exterior, na Bélgica, na Dinamarca e na Holanda.
Seria isto uma espécie de escoamento de potenciais? Grande parte disso é alimentado pelo oportunismo comercial e, sem dúvida, por um desejo genuíno de trabalhar em outro lugar, para projetar para os tipos de clientes que são mais difíceis de encontrar "em casa". David Chipperfield há muito tempo lamentou a dificuldade de atrair um tipo específico de trabalho na Inglaterra.
No entanto, se nos concentrarmos no final criativo deste contexto, começamos a ver as idiossincrasias e talvez muitas contradições em Londres se a definimos como um centro de arquitetura. Desta forma, Londres é um porto, com uma natureza efervescente e fugaz.
Londres importa e exporta, tanto no ensino e prática da arquitetura mais do que qualquer outra cidade. Ele também atua como um ponto de encontro para o Oriente e o Ocidente, para clientes, acadêmicos, críticos e profissionais similares. Muito do que é concebido em Londres é construído em qualquer outro lugar. Às vezes por arquitetos baseados na capital inglesa, às vezes não. Isso é o que faz de Londres, por todas as suas fraquezas, local ideal para o discurso, única no posicionamento de como a arquitetura é discutida em todo o mundo - e de como é uma cidade dinâmica e atraente para ser um arquiteto.
Simon Henley é professor, autor do bem recebido livro The Architecture of Parking, e co fundador do Studio Henley Halebrown Rorrison (HHbR), baseado em Londres. Sua coluna London Calling busca explorar a realidade do dia-a-dia de Londres, sua cultura arquitetônica e seu papel como um centro global de arquitetura; acima de tudo, irá explorar como Londres está influenciando projetos em todos os lugares, ao mesmo tempo em que sempre está sendo desafiada por forças internas.