Texto Original por Constanza Martínez Gaete. Tradução Archdaily Brasil.
No dia 27 de março, foi realizado na Índia o tradicional Festival Holi, uma festa hindu que se realiza a cada ano nas ruas do país, para receber a primavera. Como a celebração tem suas raízes no hinduísmo, é considerada uma mostra do triunfo do bem sobre o mal, representado na guerra que havia sido travada por um rei com um deus desta religião. No Nepal, onde vivem comunidades hindus, também é celebrada, mas nos últimos anos o festival tem sido imitado inclusive em celebrações ocidentais, como em Manhattan, onde recebe o nome de NYC Bhangra.
O programa do festival inclui várias atividades que participam pessoas de todas as idades. Anualmente, o evento que reúne um maior número de pessoas e que mais chama a atenção é o Festival de Cores que se realiza no segundo dia de Holi e que consiste em lançar balões d’água, pétalas e pó de cores – denominados gulal – entre as pessoas que estão nas ruas, enquanto se desejam um “Feliz Holi”.
Os pós coloridos eram preparados inicialmente com ervas medicinais, mas com o tempo foram sendo incluídos materiais sintéticos para que o pó durasse mais tempo no corpo dos participantes e também para experimentar novas tonalidades. Ainda sim, as cores utilizadas não são escolhidas aleatoriamente, e sim devem transmitir alegria e desejos positivos. Assim, foram mantendo certas cores como tradicionais dentro da celebração, como o amarelo, que evoca piedade, o laranja que representa otimismo, o azul que simboliza a calma, o vermelho que é usado para o amor e a pureza, e o verde para a vitalidade. Entre as novas cores a que mais se destaca é o rosa.
Mas nem todas as pessoas celebram da mesma forma. Por exemplo, as mulheres de Barsana, no norte da Índia, iniciam o festival com Lathmaar Holi, que consiste em golpear, simbolicamente, os homens com pedaços de pau de madeira enquanto eles cantam sentados e rodeados por um grupo de mulheres que dançam formando um círculo ao redor. Em troca, as pessoas idosas do país optam por lançar os pós coloridos, mas secos.
Esta última forma de celebração foi impulsionada pelas autoridades do estado de Maharashtra, que tem como capital a cidade de Bombaim, para incentivar a economia de água, já que a região sofre com uma das piores secas desde 1972.
Todas as pessoas que aceitam receber águas e os pós coloridos estão dispostas a ter uma vida alegre, segundo as crenças locais que existem sobre o Festival Holi.
Nesta versão do festival foi incluído pela primeira vez um grupo de 800 viúvas de Vrindavan, localidade que acolhe um total aproximado de 15.000 mulheres que compartilham essa situação e que, portanto, foram abandonadas por suas famílias. O hinduísmo proíbe as viúvas de participarem em celebrações deste tipo, de modo que a exceção foi possível graças às gestões da ONG Sulabh International. Seu diretor, Bindeshwar Pathak, disse ao jornal The Times of India que “as viúvas querem ser normais. Elas também têm aspirações que querem cumprir”.
Apesar de que existam inumeráveis crenças em torno da origem da celebração, a versão mais aceita e a mais poplar é que o Rei Jirania Kashipú pensava que era um deus e quis matar seu filho Prajlad, porque ele adorava o deus Visnú. Ainda sim, após várias tentativas sem sucesso, , pediu à sua filha Hólika, supostamente imune ao fogo, que entrasse numa fogueira junto com ele. A lenda conta que Hólika morreu queimada, enquanto seu irmão Prajlad foi salvo pelo deus Visnú.
Com o passar dos anos, foi estabelecido que o primeiro dia do Festival Holi se inicia com uma fogueira que representa onde morreu Hólika, e no segundo dia, chamado Dhulhendi, se celebra o triunfo do bem sobre o mal, com a alegria nas ruas, das pessoas jogando pós coloridos.