Integrar a água no paisagismo de modos ímpares e sustentáveis tornou-se uma abordagem cada vez mais relevante nos projetos contemporâneos. A utilização adequada desse recurso natural agrega valor estético aos espaços verdes e também pode promover respostas ecologicamente positivas para a obra. Em busca de diferentes perspectivas e soluções inovadoras, apresentamos projetos que apresentam diferentes abordagens que integram a água e a paisagem.
Elementos de movimento, reflexo e sons, que contribuem para a experiência sensorial, muitas vezes relacionada com a tranquilidade, nos espaços exteriores são alguns dos benefícios oriundos de fontes, lagos e espelhos d'água. Além de constituir e trazer diferentes ritmos e surpresas no espaço, estes componentes podem ser importantes ferramentas, que quando aliadas à diferentes sistemas, podem brindar a retenção e recuperação das águas. Afinal, o reuso deste recurso, aliado à seleção adequada de plantas e à integração de elementos aquáticos, não apenas reduz a pegada hídrica, mas também contribui para a conservação dos recursos naturais e a preservação da biodiversidade.
Abaixo, selecionamos alguns projetos que adotam diferentes partidos que a água possibilita para solucionar questões estéticas e sustentáveis no paisagismo e na arquitetura.
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Usos inovadores da água na arquiteturaÁgua como impermeabilização e diálogo com o entorno
No Pavilhão Guayacan, a equipe do escritório Ambrosi I Etchegaray buscou evidenciar a presença do sol, da água e do ar. A laje do pavilhão utiliza a água como meio para a impermeabilização, pois ela satura o concreto, que ao permanecer constantemente preenchido pela água, diminui as variações de temperatura na peça estrutural, e gera um espelho d’água, onde podem ser acrescidas camadas de jardins, que possibilitam um maior diálogo entre a arquitetura e a paisagem circundante.
Aprimorar o espaço público e a qualidade da água
No Parque Rachel de Queiroz, um dos desafios colocados para os arquitetos do Architectus S/S estava em melhorar a qualidade da água do Riacho Cachoeirinha. Para isso, eles criaram um sistema de amortecimento de cheias foi empregado a técnica das wetlands. Após estudos hidrológicos, foram propostas nove lagoas interconectadas que realizam um processo de filtragem natural das águas do Riacho e de galerias pluviais, através de decantação e fitorremediação. Esse processo é realizado por microorganismos que ficam fixados tanto na superfície do solo, quanto nas raízes das plantas aquáticas das lagoas.
Coleta e reciclagem da água pluvial
Em uma das entradas do Pátio da Estação Zwolle, o PosadMaxwan criou uma parede de água ao longo das escadas que mostra como a água da chuva coletada da praça está sendo armazenada. A água que cai pela parede é coletada e armazenada em um sistema hídrico circular que pode ser usado para a irrigação do jardim inclinado durante períodos de seca.
Inspiração na natureza para rega e lazer
Inspirado nas brumas das montanhas, Atelier Let's + JR Architects trabalharam com fornecedores locais no desenvolvimento das instalações de aspersores de água que atendessem a dois propósitos – fornecer água suficiente para as plantas e criar um cenário com névoa no Parque Nanhua Glimmer. Assim, foi o uso hídrico ganhou uma dupla função: ao mesmo tempo que irriga as plantas, agrega um tom lúdico e refrescante aos usuários do parque.
A riqueza botânica através da água
Para aproveitar visualmente ao máximo os recursos naturais pré-existentes do terreno, Hanazaki Paisagismo adota diferentes corpos de água no Hotel Carmel Taíba. Através da piscina, espelhos d'água, pequenas cascatas e bicas que possuem formas orgânicas e ortogonais, o projeto paisagístico se apropria de plantas aquáticas flutuantes. Em um conjunto de mais de setenta espécies, as escolhas vegetais proporcionam uma experiência de riqueza botânica sobre as águas.
A água como elemento conector através da diversão e estética
Um elemento clássico que pode transformar completamente o ambiente ao seu redor, a piscina proporciona não apenas um espaço de lazer, mas também cria uma sensação de frescor e conexão com a natureza, especialmente quando integrada ao paisagismo. Um bom exemplo está no desenho de linhas curvas realizado pelo studio mk27 para a Casa na Areia, que ajuda a reforçar o diálogo existente entre a arquitetura, o paisagismo e a praia.
Captação e conversão de energias renováveis
No Parque Urbano Shenzhen Shenwan, os arquitetos do AUBE CONCEPTION equiparam as áreas verdes com um sistema de coleta, filtragem e armazenamento da água da chuva, a qual pode ser reutilizada para a própria manutenção do Parque. O vasto sistema de captação serve principalmente para alimentar a rede de irrigação das áreas gramadas do parque. Assim, o parque opera também como uma espécie de esponja urbana, absorvendo e minimizando o impacto das águas pluviais no sistema de drenagem da cidade. Além disso, foram instalados sistemas de produção de energia eólica limpa e renovável. Se beneficiando dos ventos constantes, um pequeno moinho de vento permite direcionar a energia da brisa do mar para bombear a água da chuva das cisternas para uma espécie de aqueduto que culmina em forma de uma cascata em meio ao espelho d'água do parque.
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