À medida que reconhecem a crescente importância da inovação no cenário empresarial de hoje, os escritórios de arquitetura estão passando por uma transformação. Empresas de diversas indústrias também começaram a valorizar o impacto do design na resolução de desafios, graças ao sucesso de startups focadas neste âmbito, como o Airbnb. Tradicionalmente confinados ao desenho de estruturas físicas, os escritórios de arquitetura estão ampliando seu escopo e abraçando a pesquisa e a inovação como elementos integrais de seu processo de projeto. Com a criação de divisões de pesquisa e inovação, esses escritórios não apenas aprimoram suas próprias práticas, mas também oferecem sua expertise para lidar com as necessidades em constante evolução de nossa era — desde avanços humanos e tecnológicos até inovação estratégica.
Design Thinking e Architectural Thinking
O movimento do design thinking remonta à década de 1960, quando vários esforços foram feitos para relacionar o design com princípios científicos. Na década de 1980, Bryan Lawson, professor da Escola de Arquitetura da Universidade de Sheffield, realizou experimentos comparando as abordagens de resolução de problemas entre cientistas e arquitetos. No estudo, ele apresentou aos grupos um problema ambíguo envolvendo a organização de blocos coloridos com base em um conjunto de regras. Os cientistas adotaram uma mentalidade focada no problema, enquanto os arquitetos optaram por uma abordagem focada na solução, prototipando uma infinidade de resoluções. Essas observações levaram Lawson a concluir que cientistas e arquitetos possuíam processos distintos de resolução de problemas, enfatizando a natureza única e visionária do "pensamento de design".
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A ascensão do design thinking e sua relação com a arquiteturaPeter Rowe, ex-diretor de programas de desenho urbano em Harvard, também fez contribuições significativas para o discurso com seu livro, Design Thinking. Sua escrita explora a lente única através da qual os arquitetos abordam suas tarefas - caracterizada pela curiosidade e investigação. Rowe destaca o processo de projeto como a principal maneira pela qual arquitetos e urbanistas dão vida a ideias para edifícios e espaços públicos. Como resultado, o processo de projeto arquitetônico está intimamente ligado a conceitos relacionados ao design thinking. Atualmente, muitos escritórios de arquitetura começaram a atuar no espaço da inovação e gestão do desenho, dando origem a novos departamentos e empresas auxiliares. Essas iniciativas marcam uma mudança transformadora no processo de projeto arquitetônico, abraçando perspectivas multidisciplinares para atender às demandas de um mundo em constante mudança.
O Surgimento de Setores Auxiliares
Em 1999, o OMA pioneiramente adotou uma abordagem visionária para a prática arquitetônica, estabelecendo a AMO, uma entidade complementar que expande o escopo da produção arquitetônica para abranger questões culturais, identidade e organização. A AMO foi concebida como uma parceira estratégica para o OMA, oferecendo insights e contribuições para empreendimentos virtuais junto com o processo de projeto arquitetônico. Ao pesquisar tópicos como identidade, tecnologia em lojas e produção de conteúdo na moda, a AMO desempenhou um papel fundamental na concepção dos espaços épicos da Prada em Nova York e Los Angeles. Atuando como uma empresa irmã, a AMO concede à OMA a liberdade de explorar a produção e a pesquisa arquitetônica independentemente de comissões tradicionais e construção física. Nas palavras de Rem Koolhaas, “livre da obrigação de construir, [a arquitetura] pode se tornar uma forma de pensar sobre qualquer coisa - uma disciplina que representa relacionamentos, proporções, conexões, efeitos, o diagrama de tudo. A AMO nos permite libertar o pensamento arquitetônico da prática arquitetônica."
A 3XN também adotou uma abordagem dinâmica ao integrar seu braço de pesquisa de design GXN em suas operações. A GXN é dedicada a liderar a sustentabilidade na indústria da construção por meio de pesquisa comportamental, design de experiência do usuário e pensamento circular. Seu trabalho epitomiza uma combinação de inovação holística e design específico para o contexto. Como um think tank verde, a GXN conduz pesquisas para alimentar o processo de projeto na 3XN, além de fornecer serviços de consultoria. A equipe também trabalha em projetos de pesquisa financiados externamente com universidades, startups de tecnologia e outros parceiros. Ao estabelecer a GXN como uma unidade de inovação separada, a 3XN transcende o quadro convencional de projetos arquitetônicos, permitindo-lhes explorar ideias, testar tecnologias e, finalmente, escalá-las para implementação em seus projetos construídos. Essa sinergia entre pesquisa e prática capacita a 3XN a criar uma arquitetura mais emocionante e informada, enriquecendo seu processo de desenho e permitindo experimentação no âmbito de projetos imobiliários avessos a riscos.
A equipe de Foresight da ARUP atua na interseção entre arquitetura, cidades, pesquisa de projeto e tecnologia, atuando como uma consultoria de gestão que auxilia organizações a visualizar e moldar o futuro. Aproveitando uma variedade de abordagens, ferramentas e habilidades interdisciplinares, eles realizam diversos projetos, desde a recriação da logística de correio e encomendas até a pesquisa sobre o design e a operação de distritos urbanos. Da mesma forma, a unidade de Estratégia da Gensler adota uma abordagem multidisciplinar, fornecendo aos clientes serviços abrangentes em pesquisa, análise, inovação e estratégia. Sua expertise se estende à cultura organizacional, espaço físico e intervenções digitais. As percepções das pesquisas da Gensler centradas no usuário não apenas alimentam sua prática de projeto, mas também promovem uma cultura deliberada de inovação.
O surgimento dessas novas instituições destaca uma mudança significativa na indústria da construção, tradicionalmente conservadora - que abraça a pesquisa de design, princípios centrados no ser humano, tecnologia, estratégia empresarial e metodologias de inovação. Ao priorizar a pesquisa e o desenvolvimento e adotar uma abordagem multidisciplinar, os escritórios de arquitetura estão começando a transcender os processos de projeto tradicionais em direção a um foco no impacto mensurável. Essa mudança permite que os escritórios se posicionem não apenas como entidades arquitetônicas, mas também como consultores de inovação e catalisadores de mudanças sociais. A indústria pode testemunhar um abandono significativo do passado, à medida que os escritórios de arquitetura assumem novos papéis na busca por inovação revolucionária.
Escritórios de Arquitetura como Gigantes da Inovação
Oferecer serviços de gestão e design thinking proporciona aos escritórios de arquitetura uma oportunidade de negócio promissora, no entanto, o estabelecimento de setores de inovação não se limita apenas a esta indústria. Consultorias de gestão como Boston Consulting Group e McKinsey & Company, bem como gigantes da tecnologia como Deloitte (Doblin) e Capgemini (frog), atualmente dominam o mercado, cada uma oferecendo suas próprias forças e práticas distintas. As empresas de arquitetura encontrarão seu lugar neste mercado em expansão e aproveitarão com sucesso a onda de expansão do design thinking? Além disso, esses braços de inovação podem efetivamente interromper os processos tradicionais de projeto de arquitetura e remodelar os resultados do projeto na indústria da construção?
Com o advento dos avanços tecnológicos e a evolução das necessidades da sociedade, os escritórios de arquitetura estão percebendo o imperativo da pesquisa e inovação para manter sua competitividade e relevância. Ao abraçar a criatividade e desenvolver novos processos de projetos, os escritórios de arquitetura têm o potencial de redefinir seu papel na sociedade, moldando o futuro das cidades e ampliando os limites do design. À medida que os contextos mudam rapidamente e os desafios globais urgentes exigem atenção, uma nova era nos processos de projeto arquitetônico se desenvolve. Esta era transformadora promete revolucionar não apenas a forma como os arquitetos praticam seu ofício, mas também como o mundo percebe suas contribuições inestimáveis para o ambiente construído.
Este artigo é parte dos Temas do ArchDaily: Processo Projetual, orgulhosamente apresentado pelo Codesign, o primeiro aplicativo para iPad desenvolvido especificamente para o estágio de desenvolvimento conceitual do processo arquitetônico.
Codesign transforma esboços em modelos de construção 3D em instantes, com a capacidade de iterar, explorar e entender os efeitos posteriores imediatamente. Os arquitetos podem explorar todas as possibilidades de um desenho e passar mais tempo fazendo o que mais gostam, projetando. (Codesign era anteriormente conhecido como Spaces)
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