A arte sempre foi um meio pelo qual as pessoas podem se conectar com os espaços, e os movimentos artísticos têm servido como uma plataforma para explorar novas relações com a arquitetura. Ao incorporar a arte em edifícios e espaços internos, eles foram transformados, resultando em uma fusão que cria ambientes bonitos, inspiradores e espiritualmente edificantes. Ao longo da história, vários movimentos artísticos, como o Renascimento no século XVII, o Barroco no século XVIII e o Art Nouveau, Art Déco e Bauhaus no início do século XX, tiveram um impacto significativo na arquitetura. Os arquitetos se inspiraram nos ideais, conceitos, abordagens estilísticas e técnicas desses movimentos, usando-os para criar estruturas habitáveis em grande escala. Como a casa é uma expressão fundamental de um movimento arquitetônico e a moldura mais simples para exibir o ethos artístico de uma determinada época, estudar seus espaços internos fornece uma imagem detalhada da influência da arte na organização espacial, design de móveis, padrões de produtos e interação do usuário.
Art Nouveau, Art Déco e Bauhaus são movimentos artísticos que surgiram simultaneamente no final do século XIX e início do século XX como estruturas para a arquitetura responder à era industrial. Ao explorar suas relações com a arquitetura por meio de espaços internos domésticos, podemos fazer comparações e distinções sobre como cada movimento respondeu à busca por novas experiências espaciais.
Art Nouveau
1890 - 1920
O Art Nouveau e o Art Déco foram dois movimentos poderosos que dominaram os mundos da arte, design e arquitetura no início do século XX. Enquanto o Art Déco era mais geométrico e modernista, o Art Nouveau foi inspirado pela natureza, apresentando linhas sinuosas e formas orgânicas. Ele considerava a arte como um conjunto conceitual, buscando harmonia em cada elemento de uma estrutura, desde suas paredes e janelas até maçanetas, móveis e adornos decorativos.
Em espaços internos, o movimento apresentava curvas sutis e linhas fluidas, muitas vezes com peças de mobiliário desnecessariamente ornamentadas e decorações de superfície. Os móveis eram centrados em padrões espaciais, confeccionados com formas curvas audaciosas e adornados com um alto nível de detalhes, nos quais os motivos complexos eram prevalecentes. Esses motivos incluíam temas naturais como flores, folhas, vinhas, asas, árvores, abelhas, borboletas e uma variedade de espécies animais. Qualquer outro elemento espacial era projetado para complementar o móvel principal, e seus detalhes florais se estendiam a pisos, tetos, luminárias ou produtos como talheres em espaços de jantar.
A casa de Victor Horta, em Bruxelas, construída em 1898, é um exemplo primordial do Art Nouveau em espaços internos. As linhas assimétricas e ondulantes, colunas finas em crescimento e arcos nas portas, balaustradas com curvas intrincadas, padrões florais em papéis de parede e murais, criam uma sensação alegre para os usuários dentro do espaço. O uso do vidro colorido, controlando a luz das janelas, acentua ainda mais essa atmosfera que é complementada com abajures e arandelas de parede, criando uma sensação de celebração.
Art Déco
1910 - 1940
O Art Déco surgiu na década de 1920 como sucessor do Art Nouveau. Seu objetivo era abraçar os produtos da era industrial, contra os quais o Art Nouveau protestava. Ao enfatizar a decoração artística através de linhas e formas simples e limpas, e ornamentá-las com padrões geométricos estilizados, ele abraçava materiais industriais e a mecanização da era moderna. Começou nas indústrias da moda e da joalheria, influenciando posteriormente o design de móveis, espaços internos e a arquitetura.
Os interiores residenciais nesse movimento artístico frequentemente são definidos por padrões e motivos geométricos, tons audaciosos e paletas de materiais ricos. Desde pisos e paredes até portas e tetos, as superfícies foram projetadas com motivos geométricos que incluíam formas como trapézios, triângulos, ziguezagues, chevron e raios de sol. Os cômodos apresentavam uma colagem de materiais, incluindo laca, espelhos, madeira polida, latão, metal, terracota e uma notável combinação de cores, criando uma sensação de luxo. Há uma tensão entre a simplicidade estrutural dos espaços e os ornamentos decorativos da geometria que projetam personalidade para os espaços internos.
O novo palácio de Morvi, no oeste de Gujarat, Índia, mostra a essência do Art Déco. Construído em 1942, apresenta salas de estar e jantar enfileiradas e ricamente mobiliadas em torno dos pátios internos. Vários materiais, texturas, cores e padrões são entrelaçados entre os espaços, permitindo que peças de arte, como pinturas e esculturas, se misturem no cenário espacial. Ao contrário do Art Nouveau, que tratava cada elemento interno com habilidade artística, o Art Déco usa a geometria decorativa para complementar outras formas de arte.
Bauhaus
1919 - 1933
O movimento Bauhaus, que se originou de sua influente escola de arte no século XX, buscava reunir a criatividade artística e a fabricação da era industrial. Ao fazer isso, procurava projetar a arte da produção em massa. O movimento enfatizava a funcionalidade de linhas, geometria, produtos e espaços, rejeitando qualquer forma de ornamentação, ao contrário de seus predecessores, enquanto criava uma estética minimalista. Outras características definidoras incluem linhas limpas, cores primárias e racionalidade no design de interiores e na arquitetura.
Os espaços internos residenciais nesse movimento refletiam a composição de móveis projetados industrialmente dentro de volumes iluminados e limpos. A composição direciona os olhos para a forma como a cor e a textura das paredes, pisos e móveis se complementam. As paredes são pintadas com cores primárias simples, servindo como pano de fundo para outras formas de arte, como pinturas e esculturas.
Os espaços internos da Casa Rabe, projetada e construída por Adolf Rading em 1931 em Zwenkau, Alemanha, refletem o movimento Bauhaus. Suas salas de estar apresentam móveis populares do movimento, como a cadeira Cantilever de Marcel Breuer e a poltrona Knoll de Ludwig Mies van der Rohe, configurados dentro de uma brincadeira de paredes, pisos e tetos coloridos.
O movimento Art Nouveau protestou contra a produção em massa da era industrial, celebrando a habilidade artística. Em contraste, o movimento Bauhaus concentrou-se nessa arte da produção em massa. O Art Déco está no meio desses dois pontos no espectro artístico. Os interiores residenciais podem refletir diferentes maneiras pelas quais a arte pode ser uma interface para interagir com o espaço e como os ambientes domésticos podem ser um meio de expressão. O design de interiores pode incorporar a arte nos detalhes de seus elementos, como no Art Nouveau, pode complementar a arte com uma geometria estilizada, como no Art Déco, ou pode recuar e servir de pano de fundo para a arte, como no Bauhaus.
