Em termos de desenvolvimento urbano, a escolha entre demolição e reutilização adaptativa tem implicações de longo alcance. Dos debates em torno da importância cultural e histórica da estrutura, ao impacto ambiental do processo de demolição e reconstrução em comparação com o custo de preservação e adaptação, a questão das demolições tem levado a comunidade arquitetônica a se unir e pedir por estratégias mais responsáveis na esperança de redescobrir o valor das estruturas existentes. Este artigo reúne algumas histórias de edifícios ameaçados de demolição e os processos que levaram ao seu resgate.
Estádio San Siro em Milão, Itália
O icônico Estádio Giuseppe Meazza, conhecido como San Siro, em Milão, foi poupado da demolição pela Comissão Regional de Patrimônio Cultural da Lombardia, citando sua importância cultural. O estádio, sede do AC Milan e Inter Milan, estava previsto para ser substituído pela "A Catedral," um novo estádio projetado pela Populous. A estrutura, construída em 1926, passou por uma série de modificações e expansões, fazendo com que a imagem da arquibancada superior sustentada por torres em espiral fosse recuperada e se tornasse uma característica reconhecida como “interesse cultural”.
Artigo Relacionado
Demolido e reconstruído: a identidade das réplicas na arquiteturaO Instituto de Higiene e Microbiologia de Berlim, Alemanha
Concluído em 1974, o Instituto de Higiene e Microbiologia, projetado por Hermann Fehling e Daniel Gogel, fazia originalmente parte da Universidade Livre de Berlim. Após enfrentar a ameaça de demolição, uma campanha de resgate foi iniciada na tentativa de salvar o prédio juntamente com sua estrutura brutalista vizinha, o Mäusebunker. A campanha foi bem-sucedida, pois sua empresa proprietária, Charité, anunciou planos de manter e preservar o prédio. Em janeiro de 2021, ele foi listado como um monumento histórico, garantindo sua proteção, de acordo com o SOSBrutalism.
Mäusebunker em Berlim, Alemanha
Os antigos laboratórios de animais da Charité, conhecidos como edifício Mäusebunker, foram classificados como monumento, protegendo-os dos planos de demolição de longa data. A estrutura brutalista, anteriormente utilizada como laboratório de testes em animais, está desativada desde 2009. Liderado por Christoph Rauhut, o Escritório de Monumentos Estaduais iniciou um procedimento modelo para determinar possíveis usos futuros. Concluiu-se que os laboratórios poderiam ser restaurados para fins valiosos em Berlim.
Loja M&S na Oxford Street, Londres, Reino Unido
A tentativa da Marks and Spencer de demolir e reconstruir sua loja principal na Oxford Street, no West End de Londres, foi negada após uma campanha apontar a pegada de carbono do projeto. O Secretário de Estado Michael Gove rejeitou o plano, de acordo com o The Guardian, forçando a empresa a rever suas opções a favor de reutilização e conversão da estrutura.
Sede da Shell em Aberdeen, Escócia
Embora nenhuma decisão tenha sido anunciada, arquitetos, acadêmicos e ativistas climáticos estão pedindo à Shell que não efetue a demolição de sua sede modernista em Aberdeen, Escócia. O prédio de cinco andares serviu como sede principal da empresa por mais de 50 anos. Após anunciar planos de demolição em vez de reutilização da estrutura, uma carta aberta pede que a empresa reconsidere a decisão, citando preocupações com as emissões de carbono associadas à destruição e substituição da estrutura de concreto.
Apesar da crescente consciência do valor intrínseco em manter e preservar edifícios modernos, planos de demolição ainda ameaçam várias estruturas, incluindo o famoso Ginásio Nacional Kagawa de Kenzo Tange no Japão e o Instituto Indiano de Administração de Ahmedabad (IIMA) de Louis Kahn. Embora os planos iniciais de demolição tenham sido cancelados em 2021 após protestos globais, a administração da instituição anunciou uma reversão da decisão, citando graves danos estruturais.