Em meio à globalização da arquitetura, a arte de criar projetos adequados a contextos específicos está desaparecendo. Essa preocupação é especialmente significativa em países em crise, como a Ucrânia, onde a história do ambiente construído está sendo erodida pela guerra. Nessas condições, a contribuição de arquitetos locais com conhecimento das nuances culturais do país se torna imperativa. Liderando a reconstrução da Ucrânia está a prototype, uma prática que desafia convenções arquitetônicas para impulsionar o país em direção ao futuro.
Reconhecendo sua visão voltada para o futuro, o ArchDaily apresentou a prototype como parte das Novas Práticas 2023, uma pesquisa anual global. A perspectiva do escritório sobre o futuro da arquitetura está alinhada ao design responsável que aborda o impacto ambiental da construção e combina considerações contextuais e específicas para cada projeto. Suas realizações recentes incluem a livraria Readellion e a Casa da Juventude Ucraniana-Dinamarquesa, que exemplificam seus princípios de projeto como mobilidade, adaptabilidade, níveis dinâmicos e mudança de cenários.
Estabelecida em 2020, a prototype tem chamado atenção por seus processos e filosofias visionárias. Sua abordagem conceitual é baseada em experimentação e prospera na descoberta de contrapontos produtivos por meio de uma consideração meticulosa do contexto local. De residências a infraestruturas industriais, seu portfólio diversificado mostra um compromisso com detalhes, fabricação e personalização.
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Radical Rituals: Studio forty five degrees Searches for Local Space-Making Practices Across EuropeUm testemunho notável da sua abordagem orientada ao contexto é o Mobile Pavilion, um projeto criado para a iniciativa House of Europe na Ucrânia. A microracionalidade, conceito central da prototype, se manifesta como a humanização dos espaços públicos e sua capacidade de se adaptar as diversas paisagens da Ucrânia. A competição de projetos da House of Europe visava promover a integração cultural entre a União Europeia e a Ucrânia, incentivando a criação de um pavilhão portátil que viaja pelo país para eventos culturais. O projeto vencedor, dos arquitetos Ivan Protasov da prototype, Yana Buchatska, Dmytro Mikheyev, Taras Baran e Olha Kuchmagra, redefine com sucesso os espaços públicos em toda a Ucrânia. Desafiando a arquitetura convencional no país, o pavilhão azul modular se torna um vibrante centro cultural, atraindo cidadãos para participar de festivais, palestras e workshops.
A paisagem arquitetônica da Ucrânia apresenta uma dualidade de bairros compactos europeus e layouts amplamente espaçados influenciados pela União Soviética. A adaptabilidade do pavilhão é uma resposta a esses contextos contrastantes, projetado para operar como um sistema que se adapta à escala de vários espaços públicos. Pesquisas sobre limitações de projeto, como a área média de praças públicas e a altura das pontes no país, foram realizadas para se chegar ao desenho final. "Abordamos primeiro o briefing da competição pensando em criar uma paisagem artificial que funcione com seu contexto circundante", revela Protasov. O Mobile Pavilion agora se assemelha a um playground que pode ser configurado de acordo com os contextos em mudança, assumindo uma nova forma em cada cidade para oferecer aos usuários uma experiência diferente.
A modularidade foi essencial para o projeto, permitindo desmontagem e transporte sem esforço entre diferentes cidades. O sistema é uma combinação de quatro elementos estruturais - dois contêineres para reuniões e um hub de informações, coroados com dois auditórios ao ar livre que fluem perfeitamente para o local. Conforme o pavilhão percorre diferentes paisagens urbanas, ele se adapta a seis configurações diferentes, oferecendo workshops, exibições de filmes e concertos adaptados a cada cidade. Com uma área de 180 metros quadrados, o sistema arquitetônico não apenas cria um espaço público único, mas também evoca uma sensação de conectividade por meio de sua forma, layout multinível e orientação abrangente de 360 graus.
A filosofia do projeto também encontra expressão em seus materiais. Uma grade industrial FRP azul brilhante, envolta em vidro para isolamento acústico e térmico, cria uma fronteira visualmente permeável entre o interior e o exterior. Simbólica das relações entre a União Europeia e a Ucrânia, essa transparência reflete a vulnerabilidade e a conectividade que a prototype busca promover nas praças públicas da Ucrânia. O projeto não apenas visualiza a abertura, mas também transforma os espaços públicos em pontos de encontro convidativos. Além disso, tubos de metal azul formam móveis personalizados, estreitando ainda mais a lacuna entre desenho e função.
Incorporando a ética de experiências orientadas ao usuário, o pavilhão funciona como um "espaço incondicional" que convida à participação ativa, permitindo que os usuários definam a sua configuração espacial. A modularidade permite que os visitantes exerçam a liberdade de definir a configuração espacial do pavilhão, parecendo assim um projeto inacabado. A não convencionalidade do pavilhão chamou a atenção dos jovens e idosos, que começaram a dialogar com o sistema. "Os arquitetos estão sempre se esforçando para melhorar as coisas, no entanto, quando você coloca essa responsabilidade nas mãos dos usuários, o resultado são espaços democráticos e adaptáveis", compartilha Mikheyev.
Atuando em duas escalas, o Mobile Pavilion promove a integração cultural com a UE ao mesmo tempo em que descentraliza a cultura nas cidades ucranianas. No país, houve uma tendência de concentrar esforços no desenvolvimento cultural na capital e nas grandes metrópoles. O pavilhão traz uma mudança de paradigma, permitindo que fundos e programas penetrem nas cidades menores da Ucrânia. O projeto visa ser um espaço público interativo, permitindo que os usuários interajam com o sistema independentemente dos programas da House of Europe. Essa flexibilidade transforma o pavilhão em uma plataforma dinâmica para a interação comunitária.
A prototype vislumbra uma nova era para a Ucrânia, definida pelo design contextual responsável e pelo crescimento infraestrutural. "Depois da vitória, a Ucrânia se tornará um grande canteiro de obras no mundo, despertando interesse de arquitetos internacionais e locais", acredita Buchatska, "É importante que os arquitetos compreendam e respeitem profundamente as camadas históricas que definem a paisagem da Ucrânia". Esta nova era capacita os arquitetos locais a assumirem a propriedade de seus espaços, catalisando a recuperação por meio do ativismo e do design inovador. A trajetória da arquitetura ucraniana está pronta para florescer, com arquitetos locais impulsionando o progresso e a transformação.
O impacto da prototype transcende a inovação arquitetônica; ele se estende à transformação de espaços públicos, integração cultural e ressurgimento da Ucrânia no cenário global. Através do Mobile Pavilion e outros projetos inovadores, a prototype molda não apenas edifícios, mas também experiências, promovendo conexões entre pessoas, contextos e ideias.
Esse artigo é parte de uma série do ArchDaily intitulada AD Narratives, onde compartilhamos a história por trás de um projeto selecionado, mergulhando em suas particularidades. A cada mês, exploramos novas construções de todo o mundo, destacando suas histórias e como elas aconteceram. Nós também conversamos com arquitetos, construtores e com a comunidade que busca ressaltar sua experiência pessoal. Como sempre, no ArchDaily, nós apreciamos muito as sugestões de nossos leitores. Se você acha que deveríamos apresentar algum projeto, por favor, mande sua sugestão.
