A fruição de um espaço depende de fatores múltiplos: área, iluminação, vista, temperatura, novidade. Em outras palavras, a emoção que se manifesta em uma pessoa dentro de um espaço é resultado de vários dos elementos próprios da arquitetura (intencionais ou não). Da parte do arquiteto, além do cliente ou da proposta, existe uma intenção formal, ou seja, estética, que seja digna do lado artístico da disciplina. O equilíbrio entre essas premissas são a base do pensamento arquitetônico em geral, mas o compromisso com ele é o que norteia a produção do spaceworkers, fundado por Carla Duarte, diretora financeira, Henrique Marques e Rui Dinis, diretores de criação do escritório.
O ateliê funciona desde 2007 na freguesia de Paredes, norte de Portugal. É um escritório jovem e promissor, mas que na realidade, já cumpriu várias das promessas que lhes foram atribuídas – o que não quer dizer que a cada novo projeto, essas promessas não se renovem. A linguagem arquitetônica do grupo é essencialmente contemporânea: minimalista e, até certo ponto, atualização das formas puras do Modernismo. Já a diretriz que organiza a prática é uma exploração ininterrupta de novas formas, padrões e modelos dessa arquitetura. O objetivo (e resultado) dessa busca é destacar a reciprocidade entre a dupla forma e emoção.
Entre projetos residenciais, comerciais e institucionais, a criação converte-se em formas bem posicionadas, sem negar o programa de necessidades ou o contexto pré-existente, como nos casos de intervenções museológicas. A postura assumida frente a cada projeto é aberta o suficiente para que os acabamentos se definam ao longo da construção ao mesmo tempo em que se firma uma assinatura e repertórios formais e materiais. Por exemplo, o uso predominante do concreto aparente não é uma “marca registrada”, mas uma solução construtiva cujo acabamento muitas vezes vêm a pedido dos clientes, que encantam-se com a forma do edifício durante a construção, e preferem deixá-lo exposto. Dessa forma, o spaceworkers consolida sua linguagem sem fechar-se para novas explorações materiais. As intervenções institucionais e construções museais são exemplo claro da assimilação formal e histórica portuguesa ao mesmo tempo em que se atualiza os signos tão conhecidos da população. Abóbadas, arcos e coberturas triangulares repetem-se, deslocam-se e simplificam-se, ora repetindo, ora evocando um contexto caro a Portugal.
Os volumes são o grande destaque da produção deste ateliê, e não poderia ser diferente: a maquete tem papel fundamental no processo criativo, já que apontam encaixes e soluções que o desenho não necessariamente contempla, nas palavras de seus diretores. Em suma, o spaceworkers compilam um portfólio atual e autoral, que permite explorações em outras esferas que não a arquitetônica, como os videos em parceria com a Building Pictures.
Vencedores dos prêmios Obra do Ano e Building of the Year do ArchDaily, duas vezes premiado pelo Iconic Awards, do German Design Council, o spaceworkers promete um longo percurso dentro do rol de bons exemplares da arquitetura contemporânea.