É possível dizer que existe um material atemporal na arquitetura, em termos estéticos? Seguramente, a madeira e o concreto são fortes candidatos. Não apenas porque são entendidos como representantes da solidez, volume e massa das construções, mas porque oferecem grande variedade plástica nos projetos. O concreto, diferentemente da madeira, possui mais maleabilidade. Ainda que a madeira já ofereça soluções mais moldáveis através de sistemas CLT, por exemplo, o concreto é obtido a partir de uma mistura entre líquido, pó e um agregado, ou seja, uma pasta, que pode ser vertida numa forma, espalhada sobre uma superfície, moldada em formatos diversos.
Helena Tourinho
Do churrasco à contemplação: casas brasileiras com lajes úteis
A tradição da arquitetura moderna atesta que a cobertura dos edifícios é passível de utilização, e área tão nobre quanto os ambientes internos. Afinal, o terraço jardim é um dos cinco pontos da nova arquitetura segundo Le Corbusier. Apesar de o terraço jardim ser um dos pontos “obrigatórios” da arquitetura moderna, a cobertura útil precede (e muito) o arquiteto porta-voz do Modernismo. Diferentes usos foram dados em diferentes épocas às coberturas planas: desde mirantes para estudos astronômicos ancestrais até áreas de cultivo mais contemporâneas, passando pela burocrática acomodação de instalações elétricas e sanitárias. A cobertura de um edifício oferece área livre e exposição direta ao céu, portanto, em situações citadinas adensadas, aproveitar-se desse espaço como área de lazer faz bastante sentido.
Entre função e estética: incorporando luz natural e ventilação nas fachadas
O conforto ambiental é um dos quesitos que contribui para o bom desempenho da arquitetura. Nos memoriais descritivos de projeto, frequentemente a incidência de iluminação e ventilação naturais são pontuadas como características vantajosas que agregam à estética e ao funcionamento do programa. De certa maneira, o conforto ambiental é parte da função do edifício, não está necessariamente ligada à atividade que ocorre no interior da construção, mas definitivamente tem parte no desenrolar dela.
A versatilidade do dry wall na arquitetura: vantagens e desvantagens
Em meio à imensa possibilidade de soluções construtivas, todas apresentam vantagens e desvantagens, ganhos e limitações. Seja por motivos econômicos, de prazos, disponibilidade material ou desempenho espacial, cada tipo de material responde de uma forma ao projeto e confere-lhe um determinado aspecto visual e ambiental. Em geral, uma construção necessita a combinação de mais de um tipo de sistema construtivo, o que possibilita que se compense alguma “deficiência” de um material pelo desempenho de outro. Os painéis de gesso acartonado, ou dry wall, estão neste limiar entre a rejeição e a preferência.
Nem toda cozinha precisa ser integrada: vantagens das cozinhas fechadas
Todo projeto tem como precedente um programa de necessidades. Em algumas tipologias, atividades específicas estão naturalmente atreladas a eles. Uma sala de reuniões em um escritório corporativo, um acervo num museu, dormitórios em uma residência. Essa última tipologia tem um programa de necessidades básico bastante definido: quartos, sala, banheiros, cozinha. O tamanho e a disposição desses elementos no espaço dependem de fatores diversos, mas não se faz uma casa sem algum deles.
O paradoxo da simetria e a graça na repetição de elementos arquitetônicos
O ir e vir de valores arquitetônicos ao longo dos séculos demonstra a prevalência de certos parâmetros em detrimento de outros em cada período histórico. Em termos de composição, uma das leituras mais básicas gira em torno de questões de simetria e equilíbrio. De fato, um projeto não precisa ser simétrico para dar a ideia de equilíbrio compositivo. Seus elementos não precisam estar repetidos lado a lado para que o todo passe uma ideia de completude, estabilidade e… simetria, paradoxalmente. Grande parte dos projetos contemporâneos se vale de um todo compositivo equilibrado sem repetir seus elementos, inclusive.
O arquiteto múltiplo: conhecendo a obra de Álvaro Siza Vieira
Quando se trata de arquitetura contemporânea portuguesa, frequentemente a primeira associação se faz pelo caminho da tradição. A relevância histórica do programa, a importância das tipologias para os nativos, os modos de construir. As correspondências não são infundadas, mas tampouco são restritivas, e o pequeno país tem um grande nome que prova isso: Álvaro Siza Vieira.
Siza é o maior representante da arquitetura de Portugal, e motivos não faltam. Não apenas por ser o primeiro arquiteto português a receber um Pritzker (1992), ou pela premiação do Leão de Ouro na Bienal de Veneza (2012), ou pela extensa e prolífica carreira, mas sobretudo pela atitude ao mesmo tempo particular e universal em relação à arquitetura. A atuação em território nacional e internacional explicita uma característica que muito possivelmente é de sua índole: a de ser muitos em um único, à maneira de seu conterrâneo Fernando Pessoa.
O uso de madeira e vidro em 11 projetos de arquitetura contemporânea
Alguns materiais mudam a história da arquitetura a partir do momento que começam a ser empregados. Os primeiros materiais usados na construção certamente o fizeram: barro, pedra, madeira. A possibilidade de construir pode ser considerada a origem da disciplina. Com o desenvolvimento tecnológico, as técnicas também se apuraram e, no século XIX, a industrialização disseminou o uso de outros materiais, alterando e ampliando a possibilidade construtiva: ferro e vidro.
Ornamento e beleza: entendendo o estilo Rococó
Qualquer historiografia da arquitetura é implicada e incompleta por definição: implicada porque demonstra a interpretação e curadoria dos exemplares daquele que a escreve, e incompleta porque, nessa seleção, exemplos desviantes acabam ficando de fora da linha do tempo “oficial”. Todavia, a possibilidade de rastrear formas, sua aplicação e repetição ao longo de períodos históricos separados por séculos é sempre um bom indício de uma genealogia, uma linhagem que situa exemplares e amplia repertório.
Uma historiografia da arquitetura pode ligar elementos de séculos passados e movimentos entendidos como “superados” com formas e aplicações contemporâneas, criando um campo de relações das quais se pode tirar proveito conceitual e projetualmente. Ao se categorizar alguns estilos, ressaltam-se características marcantes que, postuladas nas fontes bibliográficas, por vezes se emparelham a casos atuais. É o que se pode dizer do rococó, por mais longínqua que a relação pareça.
Dissolver os contornos entre arte e arquitetura: conhecendo a obra de Diogo Aguiar Studio
As interseções entre arte e arquitetura são muitas: a fruição estética, a composição de elementos formais, a relação com o lugar, a abstração, entre outras inúmeras. As combinações possíveis entre aspectos desses dois campos do conhecimento faz com que cada escritório de arquitetura (ou artista) destaque-se em sua prática e linguagem. O Diogo Aguiar Studio é um dos escritórios de arquitetura que explora esses cruzamentos entre arte e arquitetura, e distende os contornos que separam um campo do outro.
Essa atuação entre arquitetura e arte informa e move cada projeto, resultando em um trabalho que não apenas busca atender as necessidades funcionais, mas também explora novas fronteiras no que diz respeito à pesquisa espacial. Destacam-se especialmente a pesquisa material e sensorial de espaços arquitetônicos e artísticos imersivos.
A arquitetura barroca no Brasil: adaptação e influências
Uma das primeiras impressões em relação à história da arquitetura é a aparente alternância entre estilos e linguagens. Sempre que prevalece uma vertente mais sóbria, a que se segue costuma retomar motivos mais ornamentais, e assim por diante. É preciso atentar-se que esse “fluxo” é uma mera impressão: a história é sempre mais complexa que os registros indicam, e a prevalência deste ou daquele estilo são interpretações dos historiadores, situados no futuro do período sobre o qual se debruçam. O Barroco é um desses estilos.
Qual a diferença entre a taipa de mão e a taipa de pilão?
O percurso histórico da construção conta, também, a história da humanidade. Os exemplares que perduraram no tempo dizem sobre seus contextos particulares, e os resquícios que sobreviveram às intempéries e deterioração narram o desenvolvimento tecnológico humano. Nos primórdios da construção, a operação comum (e a única possível) aos humanos era utilizar matéria-prima disponível do local onde estavam inseridos. Para muitos, isso significava construir com barro.