A palavra "rede" tradicionalmente remete à um entrelaçamento de fios. Na concepção contemporânea, entretanto, adquire um significado relacionado à conexão, colaboração e integração, seja de ideias, de pessoas ou de processos. Não por acaso, essas são justamente as diretrizes fundamentais do Rede Arquitetos, ateliê colaborativo de arquitetura fundado em 2011 na cidade de Fortaleza, Ceará, pelos arquitetos Bruno Perdigão, Epifanio Almeida, Igor Ribeiro e Bruno Braga. Atualmente, a equipe é liderada por Braga, Luiz Cattony e João Torquato e tem como princípio o trabalho coletivo, acreditando no encontro, e não na sobreposição de ideias, como estratégia para alcançar as melhores soluções.
Criados em uma geração que tem como principal referência o trabalho individual dos chamados starchitects, os arquitetos da Rede procuram caminhar no sentido oposto, entendendo a arquitetura como uma criação compartilhada e nutrida por diversas mãos. Um trabalho colaborativo que ultrapassa as barreiras do escritório e também encontra voz na população para qual os projetos são desenhados, resultando em uma arquitetura compromissada com os seus usuários, valorizando o respeito, a igualdade e a diversidade.
Alinhada à essa visão, a equipe considera como grande inspiração o trabalho do escritório chileno Elemental, principalmente por seu entendimento da arquitetura como um produto coletivo que perpassa diferentes etapas do projeto. Uma influência muito significativa tendo em vista também a busca do escritório por uma arquitetura latino-americana, inquietação que gerou, inclusive, o Fórum Jovens Arquitetos Latino-Americanos organizado pelo Rede Arquitetos no ano de 2011, em Fortaleza, contando com diferentes escritórios nacionais e internacionais que tinham como ponto em comum as recentes trajetórias. Nesse sentido, percebe-se na obra do Rede a preocupação em mesclar seus valores arquitetônicos em um contexto latino-americano que envolve aspectos econômicos, políticos, culturais e ambientais muito particulares.
No que diz respeito ao processo de criação, a equipe acredita que, apesar da arquitetura surgir de uma demanda prática, nem sempre a pergunta que define e guia o projeto nasce dessa questão funcional. O desafio é, portanto, compreender quais argumentos subjetivos estão nas entrelinhas de cada projeto.
Na prática, é possível perceber essas intenções e conceitos materializados em arquiteturas minimalistas, contemporâneas e flexíveis tendo como um dos principais exemplos as Casas e Edifício Misto MBV2, projeto de habitação coletiva que coleciona prêmios, entre eles a Menção Honrosa COR no 8º Prêmio de Arquitetura Instituto Tomie Ohtake AkzoNobel obtida em 2022. Para os arquitetos, o espaço só tem significado quando apropriado, por isso, a qualificação dos projetos com o máximo de generosidade e flexibilidade é uma busca constante, entendendo o papel da arquitetura como um suporte capaz de se adaptar às mudanças decorrentes da ação do tempo.
Além da atuação tradicional, os sócios compartilham o interesse comum por outras áreas como música, literatura, cinema e fotografia, resultando em uma pluralidade de referências que expandem o campo da arquitetura e se manifestam em pesquisas, atividades docentes, publicações, eventos e workshops.
Conheça a seguir alguns projetos selecionados do Rede Arquitetos.