Se os últimos anos foram uma ocasião perfeita para refletir e debater sobre bem-estar, digitalização e democratização no projeto arquitetônico, este ano de 2023 foi uma tremenda oportunidade para aprofundar e comentar outras das questões mais urgentes: a crise climática e o ambiente natural entraram definitivamente na agenda global de arquitetura e construção, juntamente com a circularidade, a eficiência energética e a descarbonização. É hora de falar sobre isso para construir de forma consciente.
Analisando o futuro da madeira, da água e da iluminação, em cada um dos tópicos relacionados que o ArchDaily desenvolveu mês a mês, fizemos uma pergunta aberta para que vocês - nossos queridos leitores - pudessem participar ativamente com a contribuição de suas experiências e conhecimentos. Depois de ler e compilar um grande número de mensagens recebidas, tanto de profissionais da construção civil quanto de estudantes e entusiastas da arquitetura, chegou a hora de apresentar um resumo das principais posições. Muito obrigado por suas opiniões e aguardamos seus comentários para 2024!
Economia circular: por uma adaptação eficiente para todos os agentes da cidade
Se a economia circular está cada vez mais presente nos debates sobre arquitetura e planejamento urbano, isso se deve a um motivo: a população mundial que vive em cidades aumentará para 68% até 2050. O desafio ambiental será significativo à medida que a demanda por recursos naturais, como materiais ou energia, aumentar, e parece que a circularidade oferece algumas oportunidades para reduzir esse impacto.
Como podemos avançar em direção a esse modelo mais sustentável em nossas cidades? Fizemos essa pergunta aos nossos leitores e foi uma surpresa encontrar coincidências e visões sobre políticas e programas que realmente incentivam o consumo responsável e a colaboração entre diferentes setores. Desde a indiferença existente no meio acadêmico até a necessidade de promover uma conexão produtiva entre os diferentes atores da cidade, você pode conhecer algumas opiniões sobre adaptação e união eficiente aqui.
Luz e arquitetura: a iluminação do futuro é um desafio que envolve todos os seres vivos
Do fogo nas cavernas à iluminação pública nas cidades, a iluminação evoluiu de forma constante junto com os avanços tecnológicos e, nos últimos anos, começou a mudar de forma ainda mais significativa devido à crescente conscientização sobre seu impacto no meio ambiente e na saúde das pessoas. Hoje em dia, não é exótico encontrar um LED de comutação automática em espaços de trabalho e residências para melhorar a eficiência energética, bem como o bem-estar e o conforto. Ao mesmo tempo, em praças e ruas, eles estão cada vez mais integrados com sensores e configuração de software para melhorar a segurança e a mobilidade.
Mas, para aproveitar ao máximo essas oportunidades, precisamos pensar na iluminação como parte de uma visão holística e trabalhar juntos para criar soluções melhores. Qual será o futuro da iluminação? Consultamos nossos leitores, que responderam sobre a importância de ir um passo além do que é atual sem acrescentar mais - e também reduzir - a poluição luminosa. Ao mesmo tempo, eles levantaram a questão da iluminação que pode ser mais amigável para todos os seres vivos (sim, incluindo animais e plantas). Leia os principais pontos de vista aqui.
Habitação contemporânea: como realmente é e como podemos fazê-la melhor
A habitação não é apenas o lugar onde vivemos. Ela é um reflexo de nossa sociedade, nossa cultura e nossas aspirações. É um espaço que influencia nossa qualidade de vida, nossa saúde e nosso bem-estar. E em um mundo que está mudando em uma velocidade sem precedentes, onde as tecnologias estão avançando a passos largos, onde a população está crescendo e os recursos são escassos, é essencial refletir sobre como vivemos em nossas casas e como podemos melhorá-las.
Aqui, as opiniões concordam que a habitação contemporânea diz muito - tanto sobre adaptabilidade, inovação e diversidade quanto sobre especulação imobiliária, falta de políticas públicas adequadas e desigualdade econômica. De moradias contemporâneas que darão suporte ao trabalho futuro a moradias contemporâneas que estão em estado de paralisia, você pode saber mais aqui.
Água e arquitetura: um debate sobre a pegada hídrica e a água da chuva como novo material
Os dados globais sobre o uso da água não são animadores e o processo de construção tem uma grande participação no consumo. Era hora de pensar em como reduzir esse impacto. A necessidade de projetar edifícios que não precisem de água nos proporcionou uma oportunidade única de explorar alternativas inovadoras e sustentáveis que minimizam ou até eliminam o uso de água na construção.
Primeiramente, temos um desafio pendente: medir e realmente conhecer o consumo real de água de cada um dos projetos arquitetônicos e entender como podemos enfrentar esse problema de um ponto de vista construtivo e material. Leia mais aqui.
Processo de projeto: um bom projeto (nem) sempre depende de um software
Embora a disciplina esteja avançando há anos em novos campos, como inteligência artificial (IA), realidade virtual (RV), modelagem paramétrica (BIM) e outras ferramentas de ponta, ao mesmo tempo, sua implementação e sistematização nos processos de projeto cotidianos continuam lentas.
Exploramos juntos como as últimas inovações que estão transformando o desenvolvimento da profissão estão sendo aplicadas. O que é relevante é como filtramos - o que é e o que não é apropriado ao abordar um processo de projeto - e como atualizamos as tecnologias que usamos nesse processo. Você pode ler sobre esses dois pontos de vista aqui.
Cor na arquitetura: já existe uma justificativa técnica para sua escolha, a eficiência energética
As cores desempenharam um papel essencial na história da arquitetura moderna, desde a teoria da policromia de Le Corbusier até as concepções estéticas da Bauhaus. No entanto, estamos no início de uma era em que a interpretação e a implementação das cores na arquitetura estão passando por uma mudança com base em seu impacto no ambiente construído.
O futuro é hoje e devemos usar cores a partir de argumentos de sustentabilidade. Ouvimos um certo consenso sobre a importância de considerar a eficiência energética na escolha. Mas, além da eficiência energética, nunca devemos nos esquecer da saúde mental e física. Ao mesmo tempo, há uma questão pendente: explorar a dimensão virtual das cores. Confira em detalhes, aqui.
O futuro da madeira: se a madeira é o futuro da construção urbana, é necessário ampliar suas possibilidade tecnológicas
Atrium Ljungberg divulgou o Stockholm Wood City na Suécia, o maior projeto de construção urbana em madeira do mundo, e na Noruega, há apenas quatro anos atrás, o escritório Voll Arkitekter terminou a construção da Torre Mjøstårnet do Lago Mjøsa, um dos edifícios de madeira mais altos do mundo com 18 andares. No outro extremo do planeta, o projeto Tamango de Tallwood Architects é um exemplo dos desafios e oportunidades da construção em madeira no Chile, pois poderia ser o primeiro edifício de 12 andares com estrutura de madeira pré-fabricada da América Latina.
Em todo o mundo, vemos que a sustentabilidade e a inovação na construção estão em constante evolução, e as estruturas de madeira são apresentadas como uma opção promissora. Mas será que a madeira é a chave para um futuro urbano mais sustentável e habitável, ou há desafios que precisamos enfrentar antes de adotar essa tendência, e quais são as implicações para a arquitetura, as cidades, a economia e o meio ambiente? Encontramos consenso a favor do uso da madeira em relação à sua menor pegada de carbono, eficiência e estética; e contra sua resistência ao fogo e às pragas, durabilidade e impacto ambiental. Confira esses pontos de vista opostos aqui.
Descarbonizar a arquitetura: entrando em uma nova era de resfriamento e eficiência energética
O mundo acaba de vivenciar os meses mais quentes já registrados, e as perspectivas não são otimistas. O aumento das temperaturas está provocando uma demanda crescente por sistemas de refrigeração, colocando em risco a possibilidade de desencadear um ciclo vicioso de aumento no consumo de eletricidade e emissões de carbono. Em um cenário onde o planeta enfrenta uma crise climática e um rítimo de urbanização sem precedentes, a interseção entre a eficiência energética dos edifícios e as tecnologias de refrigeração nunca foi tão crucial.
"Os edifícios, tradicionalmente grandes consumidores de energia, agora enfrentam o desafio duplo de proporcionar ambientes internos confortáveis enquanto minimizam seu impacto ambiental", afirmou Clara Camarasa, Analista de Políticas de Eficiência Energética da Agência Internacional de Energia (IEA). "A crescente demanda por refrigeração resultou na ampla adoção de sistemas de ar condicionado com alto consumo de energia, contribuindo significativamente para os picos de demanda de eletricidade e as emissões de gases de efeito estufa. Encontrar um equilíbrio entre conforto interno e eficiência energética tornou-se uma missão urgente." Leia mais sobre o tema aqui.
Este artigo é parte dos Temas do ArchDaily: Resumo do Ano . Mensalmente, exploramos um tema em profundidade através de artigos, entrevistas, notícias e projetos de arquitetura. Convidamos você a conhecer mais sobre sobre os temas do ArchDaily. E, como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossas leitoras e leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.