A arquiteta, acadêmica e curadora ganesa-escocesa Lesley Lokko foi prestigiada com a Royal Gold Medal de 2024 pelo Royal Institute of British Architects (RIBA), tornando-se a primeira mulher africana a receber o prêmio. Lokko não é uma arquiteta praticante, mas como professora, escritora e curadora, ela lutou para ampliar o acesso à profissão e dar voz a pessoas que foram negligenciadas por muito tempo. Como curadora da Bienal de Arquitetura de Veneza de 2023, ela mudou o foco para a África e sua diáspora, explorando os complexos temas da decolonização e da descarbonização. Por todas as suas contribuições para a profissão, Lesley Lokko receberá formalmente a medalha em maio de 2024, das mãos de Muyiwa Oki, o primeiro presidente negro do RIBA.
Nascida em Dundee, as raízes de Lokko são uma mistura de herança ganense e judaica escocesa. Criada em Accra, ela inicialmente estudou hebraico e árabe em Oxford, antes de se mudar para os EUA, dedicando cinco anos aos estudos de sociologia, direito e, por fim, arquitetura. Ela se formou na Bartlett School of Architecture em 1992 antes de retornar a Gana em 2000. Além de suas atividades arquitetônicas, Lokko se aventurou na literatura enquanto buscava um PhD baseado na prática, marcado pela construção de sua casa de tijolos de barro, um testemunho de sua jornada multidisciplinar e seu compromisso com a criatividade e a academia.
A carreira de Lokko tem sido amplamente reconhecida por suas contribuições inestimáveis para a educação, diálogo e discussão arquitetônica, trazendo uma perspectiva do sul global na busca por modelar a inclusão e a equidade no campo. Sua carreira acadêmica continuou quando ela se tornou professora associada na University of Johannesburg em 2014, fundando a primeira escola de pós-graduação em arquitetura da África no ano seguinte. Ela também fundou o Architectural Futures Institute (AFI) em Accra, Gana, em 2021, para se tornar um "think tank pan-africano". Inicialmente concebido como uma escola de arquitetura credenciada, Lokko mudou de direção reconhecendo a necessidade de um novo modelo de educação. Neste ano, será lançado um estúdio nômade no Marrocos, focado na identidade e migração magrebina.
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"Cultural Identity is Central to Architecture": In Conversation with Lesley LokkoComo a primeira arquiteta descendente de africanos a ser curadora da Bienal de Arquitetura de Veneza, ela desafiou o evento internacional a se tornar uma plataforma para arquitetos e designers africanos emergentes e estabelecidos. Sob o tema "O Laboratório do Futuro", a exposição em seis partes focou em destacar o discurso de vozes anteriormente não ouvidas. Sob sua curadoria, o artista, designer, arquiteto e mestre construtor nigeriano Demas Nwoko se tornou a primeira pessoa negra a receber o prestigioso Leão de Ouro pelo conjunto da obra na Bienal Internacional de Veneza.
Uma defensora ferrenha da equidade e inclusão em todos os aspectos da vida. Sua abordagem progressista na educação em arquitetura oferece esperança para o futuro - uma profissão que acolhe pessoas de todos os estilos de vida, considera as necessidades de nosso ambiente e reconhece uma ampla gama de culturas e perspectivas. […] Ela continua sendo uma força revolucionária humilde, com sua ambição e otimismo deixando uma marca indelével no palco arquitetônico global. - Muyiwa Oki, Presidente do RIBA
Este é o segundo ano em que a Medalha de Ouro do RIBA não é concedida a um arquiteto praticante tradicional, em favor de profissionais inovadores que encontram novas formas de enfrentar alguns dos desafios mais urgentes de nosso tempo. No ano passado, o prestigioso prêmio reconheceu Yasmeen Lari, uma das vozes mais poderosas do Paquistão e do mundo através do impacto de seu trabalho humanitário. Antes disso, Balkrishna Doshi recebeu a honra em 2022 por seu planejamento urbano visionário e projetos de habitação social, misturando harmoniosamente o modernismo com o vernacular indiano. Em 2021, Sir David Adjaye recebeu o prêmio por suas intervenções inovadoras e globais.
