A primeira vila olímpica da história foi construída para os Jogos Olímpicos de Verão de 1924 em Paris. Antes disso, os atletas se hospedavam em hotéis, albergues, escolas, quartéis e até mesmo nos barcos em que viajavam para as cidades-sede. Pierre de Coubertin, co-fundador do Comitê Olímpico Internacional (COI), foi o idealizador da vila inaugural ao perceber que seria economicamente mais viável abrigar atletas em estruturas novas e temporárias do que em hotéis, enquanto as vilas poderiam incutir também um senso de comunidade entre os competidores internacionais.
A ideia de construir estruturas permanentes, as quais pudessem receber outros usos posteriormente, só surgiu em 1952, nas Olímpiadas de Helsinque. A partir de então, outras cidades-sede adotaram amplamente essa estratégia. As vilas passaram a refletir a ideologia política, os valores sociais e as preferências arquitetônicas de seus anfitriões, abordando mais recentemente preocupações universais como sustentabilidade, regeneração urbana e legado, este último significando benefícios de longo prazo desfrutados pelos habitantes de uma cidade-sede após o término dos Jogos. As novas construções são, portanto, amplamente bem-vindas para revitalizar áreas carentes, por exemplo, fornecendo moradia social, novas oportunidades de emprego e melhorias em infraestrutura e conexões de transporte. Para tal, os projetos são orientados pelo desafio de servirem a diferentes propósitos em duas fases distintas e isso se dá por meio de inúmeras estratégias.
Cem anos depois da primeira vila olímpica, Paris apresentou alojamentos focados no uso posterior. O master plan, por Dominique Perrault, tem como objetivo tornar a Vila dos Atletas um distrito exemplar até 2025 e um novo bairro sustentável até 2050. Hoje, oferece acomodações para atletas durante os Jogos. No futuro, foi projetada para servir como um desenvolvimento urbano de longo prazo acessível a todos e conectado à área metropolitana maior, impulsionando transformações urbanas significativas. As estratégias projetuais variam de células que podem ser convertidas de forma rápida e econômica para uso residencial, como na Vila dos Atletas Ilot Quinconces, ou estruturas de pórticos, a qual permitirá que elementos não estruturais sejam facilmente substituídos, como na Vila Olímpica do DREAM, que também é marcada por um jardim central fornecendo iluminação natural para os estacionamentos, cujas alturas generosas de pé-direito os tornam ideais para uma conversão futura.
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Legado Olímpico: reuso, adaptação e design para cidadesNesse contexto, confira a seguir 10 projetos de vilas construídas para receber os atletas e suas estratégias de adaptação, contemplando desde os mais recentes projetos de Paris 2024 até outros exemplos originários de competições esportivas em todo o mundo.
Vila Olímpica / DREAM
Vila Olímpica - Îlot Quinconces Lote 1 Setor D1 / Brenac & Gonzalez & Associés
Olympic Village Housing / chaixetmorel.
Villa Panamericana Santiago 2023 / Mobil Arquitectos + Francisco Izquierdo
The Athlete's Village - Îlot Quinconces Plot 8 Sector D1 / Brenac & Gonzalez & Associés
Athletes Village Lot E2B / CoBe Architecture & Paysage
Moradia para a Vila Olímpica, edifícios UG4-P2 e UG4-P3 / Martín Szydlowski + Edgardo Barone + Mariana Baulán
Hangzhou Asian Games Technical Officials Village / goa
Vila dos Atletas - Îlot Quinconces Lote 5 Setor D1 / Brenac & Gonzalez & Associés
Viviendas para la Villa Olímpica Buenos Aires / Alonso&Crippa + Ariel Jinchuk + Lucas Grande + Pedro Yañez
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