Serpentine Pavilion de SelgasCano e nossa seção de comentários

O fotógrafo Nikhilesh Haval, da nikreations, compartilhou conosco esse passeio virtual pelo Serpentine Pavilion deste ano. Conduzindo os visitantes através de uma série de panoramas em 360° capturados em um dia ensolarado, o tour enfatiza as cores vibrantes do pavilhão e dá uma indicação do arranjo complexo e dinâmico da pele dupla do projeto.

Para aqueles que não terão a oportunidade de visitar do pavilhão, o tour virtual de Haval é uma ótima maneira para experienciar o espaço psicodélico de SelgasCano, pois dá uma impressão razoável da sensação de realmente estar lá. Posso dizê-lo com alguma autoridade porque, desde a última vez que escrevi sobre o pavilhão, tive a chance de visitá-lo - e o encontrei completamente diferente do que eu poderia ter esperado, devido a uma visão formada principalmente pela nossa seção de comentários. Sendo assim, gostaria de falar diretamente com os nossos leitores sobre isso.

Para ser claro, eu não estou dizendo que o pavilhão de SelgasCano é perfeito. Comentários sobre a má qualidade de execução no encontro entre a película de ETFE e a estrutura talvez possam ter sido exagerados; você tem que realmente procurar as falhas, mas elas estão lá, principalmente nos cantos mais distantes da estrutura, próximos ao chão. O que não é exagero é que o espaço interior é quente - esta é uma falha funcional tão ruim quanto a do Pavilhão de Sou Fujimoto, que tinha muitas goteiras quando chovia.

Apesar destas falhas, o pavilhão é uma excelente resposta a um requerimento muito, muito simples: fazer um espaço agradável. A alegação de Oliver Wainwright de que a estrutura é um "paraíso de Instagrammers" é inteiramente correta: é divertido tirar fotos do pavilhão e compartilhá-las com os amigos. Enquanto estava lá, eu também estava encantado com a própria ETFE; em alguns lugares ela consegue ser de duas cores diferentes de uma só vez, reflexiva e translúcida, tudo ao mesmo tempo. Mas, sem dúvida, o destaque para mim foi uma menina de cerca de quatro anos correndo até seu amigo para lhe dizer sobre as "passagens secretas" e pedindo que seu amigo brincasse também. Esse é o tipo de diversão que o pavilhão de SelgasCano pode inspirar, se você estiver disposto a olhar para ele sem cinismo.

No entanto, independentemente disso, os comentários que recebemos em nossos artigos sobre o pavilhão foram surpreendentemente negativos - mais do que isso, eles eram muitas vezes cínicos, e muito poucos fizeram um esforço para explicar sua aversão ao projeto. Isso reflete um problema que nós temos enfrentado no site: o nível de envolvimento sério em nossa seção de comentários diminuiu em favor da agressão, cinismo e piadas sarcásticas.

Seções de comentários na internet têm sido um bom canal de discussão e o debate sobre a má qualidade da execução muitas vezes ocorre através delas. No entanto, no ano passado, em toda a Internet esta questão foi reclamada. Em alguns sites os comentários têm sido tão ruins que os editores retiraram do ar sua seção de comentários. The Verge, por exemplo, recentemente "deu um tempo" em sua seção de comentários por alguns meses, na esperança de que, após um "verão super frio" seus comentaristas se acalmassem um pouco.

Um dos primeiros editoriais on-line a cortar sua seção de comentários desta forma foi o Popular Science, em 2013. No seu caso, o problema era mais complexo: eles citaram um estudo que descobriu que no jornalismo científico, as pessoas que deixavam comentários em um artigo (mesmo que essas observações tinham pouco a ver com o tema em questão) poderiam mudar a maneira como outros leitores percebiam o trabalho científico a ser discutido. E a ciência é um campo objetivo - se os comentaristas podem afetar outros leitores, imagine o efeito que isso tem sobre a arena subjetiva da arquitetura.

Isto leva-me a um ponto-chave: o ecossistema da internet em que nós publicamos é muito desequilibrado. Se você "gosta" de algo, há um botão para isso, e nossos leitores o utilizam o tempo todo. Mas se você não gosta de alguma coisa, a única maneira de expressar-se é escrever em algum lugar, muitas vezes nos comentários. No caso do Pavilhão Serpentine, a maioria dos nossos artigos reuniu mais de 800 likes quando compartilhado no Facebook. Mas são as 10 pessoas comentando negativamente na seção de comentários que os outros irão se lembrar, e que vai mudar a sua maneira de pensar sobre a arquitetura.

Então, por favor, considere isso um lembrete: você é importante. E o que você diz em nossa seção de comentários é muito importante. Claro que você não tem que gostar de tudo - mas se você não gosta de alguma coisa, tente ser diplomático em sua abordagem. Se nós estamos rumando a uma melhor arquitetura, a seção de comentários deve ser uma câmara de debate e não um ringue de boxe.

Aproveite a visita virtual do Serpentine Pavilion 2015 de Nikhilesh Haval. Espero que isso ajude a ver as coisas através dos olhos de outra pessoa.

Sobre este autor
Cita: Stott, Rory. "Serpentine Pavilion de SelgasCano e nossa seção de comentários" [Selgascano's Serpentine and the ArchDaily Comments Section] 28 Ago 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/772332/serpentine-do-selgascano-e-a-secao-de-comentarios-do-archdaily> ISSN 0719-8906

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