Como fazer renders que vendam seu projeto

© PiXate Creative

"The Rendering View," é uma nova coluna mensal do ArchDaily escrita pelo fundador da PiXate Creative, Jonn Kutyla, focada em conselhos, sugestões e discussões mais amplas sobre renderizações arquitetônicas.

Como arquiteto, você já passou incontáveis horas desenhando, modificando e aperfeiçoando o que acredita ser o melhor layout possível para um edifício. Os numerosos projetos que imaginou, desenhou e no final se tornaram um edifício finalizado, lhe deram a capacidade de visualizá-lo com uma incrível precisão. Infelizmente, seus clientes frequentemente não conseguem visualizar um espaço antes de sua construção.

A renderização 3D procura resolver este problema, representando com precisão como será um edifício em uma qualidade fotorrealista, muito antes dele existir: mas há uma grande diferença entre mostrar seu edifício e vender o conceito do edifício. Mostrar seu edifício é exatamente o que o nome implica: geralmente a câmera é afastada e a atenção se volta para o edifício como um todo. Quando a intenção é vender o conceito de um edifício, deve se focar em um pequeno aspecto deste que se mostre muito interessante.

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Neste momento você provavelmente está pensando: "Todo o edifício é interessante, passei muito tempo o desenhando". Seu pensamento está certo. Mas lembre-se que, quando se busca vender o conceito, os detalhes são cruciais. Como artistas de representação 3D, devemos pensar em nós mesmos como fotógrafos. Não competimos, na verdade, com os fotógrafos de arquitetura, já que buscamos representar o que não existe. Entretanto, buscamos o mesmo, enquadrar o edifício de tal modo que o espectador possa se conectar emocionalmente com a imagem. Para que um espectador conecte-se com uma imagem, é necessário contar uma estória com suas representações como os fotógrafos contam estórias através das suas fotografias.

Enquanto os renders podem ajudar a nos conectarmos com as emoções de nossos clientes, a criação destas representações está relacionada com a arte e se baseia na ciência. Escolher o ponto de vista adequado pode fazer uma grande diferença na qualidade da fotografia de arquitetura e o mesmo é válido para os renders. Como artistas digitais, devemos analisar os fotógrafos e estudar suas técnicas para melhorar nosso trabalho. Pesquisando, deparei-me com Heather Conley Photography e fiquei bastante impressionado com a ampla variedade de conteúdo DIY (Do-It-Yourself) vs. seção PRO no seu site. A seguir será mostrado um grande exemplo do seu trabalho que ressalta a diferença entre uma fotografia que conta uma estória e outra que não.

Cortesia de Heather Conley Photography

A esquerda se vê uma imagem monótona que não ajuda a imaginar o uso do espaço. A direita se vê algumas pessoas caminhando juntas e a possibilidade do que poderiam estar fazendo é quase interminável. Mais ainda, conta-se uma estória sobre a estação, com a qual o espectador pode se relacionar e se imaginar dentro. O ponto de vista para a fotografia está centrado no modo geral de transporte e é composto por um forte elemento principal linear ao longo do vagão de trem até os viajantes. Além disso, também se nota uma diferença significativa na iluminação das imagens. Que estória conta o telão de anúncios da Amtrak marcado pelo reflexo da lente causado pelo aumento da abertura? Não está dizendo nada. Sem uma estória, a conexão com o espectador se perde e, com ela, a capacidade de evocar emoções fortes é consideravelmente reduzida.

Como a fotografia, a escolha de um ponto de vista adequado para uma representação arquitetônica é crucial. Permite que o espectador se imagine dentro de um espaço, o que lhe permite completar os detalhes da sua estória. Aqui estão alguns conselhos para ajudar-lhe a escolher o ponto de vista para seus renders e assim fazer com que suas representações conectem o espectador com o espaço.

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Posicionar a câmera

Quando um espectador vê seu render ele deveria sentir como se estive em pé na frente do edifício. Colocando a câmera a uma altura de mais ou menos 1,70m proporcionará uma perspectiva precisa para uma pessoa de estatura média. Além de selecionar uma altura adequada, você deve evitar inclinar a câmera para a esquerda ou direita. Se necessita mostrar um detalhe em uma altura superior ou inferior, no lugar de inclinar a câmera para cima ou para baixo, utilize um deslocamento na lente para permitir manter as linhas verticais retas. Em MODO isso se chama film offset.

Cortesia de Jonn Kutyla

Outro ajuste que lhe ajudará nos seus renders é a distância focal. Utilizando uma lente de 28mm ou superior, a distorsão da perspectiva nas imagens é reduzida. A distorção da perspectiva é especialmente prejudicial para as representações, já que evita uma representação exata do espaço.

Pense como um fotógrafo

Para criar uma atrativa representação 3D também é necessário colocar-se na mente de um fotógrafo de arquitetura. Aqui existem três regras básicas que devem ser levadas em conta:

A regra dos terços: Esta regra é um dos fundamentos mais básicos da fotografia. O propósito é criar uma foto equilibrada. Para isso, os fotógrafos geralmente dividem a foto em 3 segmentos verticais e 3 segmentos horizontais, criando essencialmente uma quadrícula de 9x9 sobre qualquer foto. Além de criar um equilíbrio, colocar os pontos focais nas intersecções das linhas da malha se supõe também criar um foco. Quanto aos renders, você deve colocar as áreas que deseja que o espectador perceba na intersecção destas linhas imaginárias. 

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Proporção áurea: a proporção áurea certamente não é exclusiva da fotografia, ela possui um papel muito importante na criação de grandes imagens. A proporção áurea apareceu em toda a estória da arquitetura, matemática e inclusive na natureza. Como a regra dos terços, a proporção áurea é a criação do equilíbrio. Ela é um assunto muito interessante e complexo para discutir em detalhes aqui, reservar um tempo para aprender mais sobre ela poderá fazer uma grande diferença na qualidade das suas representações.

Linhas Guias: não seria magnífico se pudesse dizer as pessoas onde olhar exatamente na sua foto ou render? Bom, isso é possível e as linhas guias são a forma de fazê-lo. Elas começam geralmente no primeiro plano e nas bordas exteriores de uma imagem. O efeito destas linhas é guiar o olho do espectador até certos pontos na foto. Em um render arquitetônico, poderia ser incorporada uma linha guia que atrai o espectador até uma chaminé, que é uma grande maneira de ajudar para que ele se imagine utilizando o espaço.

Contando uma estória: lembre-se, a razão pela qual criamos renders é para ajudar os espectadores a conectar-se com um espaço que ainda não existe. Se venderá sua casa, organizará as coisas de tal maneira que ajudará aos potenciais compradores a imaginarem sua família utilizando o espaço, sentado ao redor de uma mesa, ou reunidos na ilha da cozinha. Se quiser vender um carro, destacará as características que satisfaçam as necessidades do potencial comprador, ajudando assim que ele se imagine como seria conduzi-lo. Exatamente este mesmo enfoque deve ser incorporado nos renders. Pense nos detalhes que aparecem no seu render e agregue detalhes que o deem vida.

Combinando estas regras básicas de fotografia com a narração lhe permitirá criar renders que dão vida para o espectador. Os mesmo sutis detalhes que fazem um mundo de diferença na fotografia também são muito importantes ao criar um render 3D. Apesar disso, você não deve limitar sua imaginação com essas regras, elas servem como um sólido ponto de partida para qualquer fotografia ou render.

Jonn Kutyla é fundador da PiXate Creative, uma companhia que se especializa na criação de convincentes imagens 3D. Sua coluna mensal para o ArchDaily "The Rendering View", apresenta conselhos, sugestões e discussões mais amplas sobre os renders arquitetônicos. Se está interessado em obter mais informações sobre a PiXate Creativa, visite o site www.pixatecreative.com ou através do LinkedIn.

Sobre este autor
Cita: Kutyla, Jonn. "Como fazer renders que vendam seu projeto" [How to Render Your Building to Sell it, Not Just Show it] 10 Set 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/773252/como-fazer-um-render-para-vender-seu-projeto-e-nao-somente-mostra-lo> ISSN 0719-8906

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