A campanha Kickstarter lançada pelo BIG para financiar o desenvolvimento do seu "gerados de anéis de vapor" alcançou sua meta de $15.000 em menos de uma semana. A partir do dia 5 de setembro, o total arrecadado da campanha encontrava-se logo abaixo de $ 27,000, restando ainda mais 6 dias.
O BIG lançou uma campanha Kickstarter, com o objetivo de financiar a pesquisa e a criação de um protótipo de um "gerador de anéis de vapor", desenhado para coroar seu projeto Waste-to-Energy, em Copenhague. A campanha foi anunciada no dia 21 de agosto e causou uma grande agitação na imprensa, mas aqui no ArchDaily fomos relutantes em publicar as notícias da campanha, já que, definitivamente nos levou a fazer uma série de perguntas sobre a invenção, a participação do público, o crowdfunding e o dinheiro na arquitetura.
Claro que o BIG está longe de ser o primeiro a tentar financiar um projeto arquitetônico através do crowdfund. Entretanto, os projetos anteriores centraram-se geralmente em propostas que jamais conseguiriam alcançar o orçamento estipulado, por mais que fossem benéficas ao público, por se tratarem de projetos irreais e sonhadores ou complexas estruturas que dependendo do ponto de vista podem ou não serem classificadas como crowdfunding. O BIG é o primeiro exemplo de um estúdio de arquitetura estabelecido que lança uma campanha Kickstarter para um projeto que já está em construção. Isto fez com que várias pessoas, incluindo os funcionários do ArchDaily, se perguntassem: "Por que este dinheiro não foi incluído no orçamento do projeto?"
Esta pergunta foi respondida por Ingels em um recente artigo do FastCo Design dando notícias sobre a campanha Kickstarter e explicando porque o BIG fundou um departamento especial dentro da empresa chamado BIG Ideas, para enfrentar os desafios do desenho do gerador de anéis de vapor. "Devido ao fato de que o projeto é propriedade pública, não é possível gastar dinheiro em arte, deste modo nós mesmo temos que financiar o gerador", explica Ingels.
Mas, essa é uma desculpa razoável para transferir a responsabilidade de financiar parte do desenho ao arquiteto? Por que as autoridades responsáveis pelo projeto não podem gastar dinheiro em arte, no caso de que a arte está desenhada para transmitir uma mensagem importante ao público?
Para analisá-lo de outra maneira, deve ser tão fácil etiquetar uma parte importante do conceito de desenho como "arte pública" e depois reter os fundos para levá-la à cabo? Este é um erro dos responsáveis por terem valorizado mais a engenharia do projeto ou é culpa do BIG por desenhar uma válvula isolada em do conceito de anéis de vapor fosse uma parte mais integrada no desenho geral?
Outras perguntas entorno da campanha questionam o interesse do BIG e relação aos seus "seguidores": deve-se esperar que as pessoas paguem por algo que por mais de quatro anos se assumia estar incluso no orçamento do projeto? Deveriam ser publicados os desenhos, aumentando as expectativas das pessoas, se não há um compromisso do cliente para financiá-lo? Deveria haver um maior grau de transparência desde o começo?
Uma razão bastante convincente para esta campanha Kickstarter, que oferece Ingels ao FastCo Design, é que "como arquitetos, estamos muito limitados pelos produtos da construção que podemos especificar, e como não havia nenhum fabricante de geradores de anéis de vapor nas páginas amarelas, tínhamos que pensar fora da caixa sobre como fazer com que o gerador fosse realizado". Em declaração a Wired, Ingels vai mais além, dizendo: "Frequentemente somos os últimos a entrar na brincadeira de imaginar o futuro das nossas cidades, já que temos sempre que esperar que alguém anuncie um concurso... Uma das inibições da profissão de arquiteto é que estamos limitados pela visão dos nosso clientes: "Talvez o Kickstarter seja um passo muito necessário para que os arquitetos recuperem seu status como criadores e inventores ocasionalmente.
Acima: O vídeo de um dos protótipos anteriores do BIG, um modelo escala 1/10 do gerador de anéis de vapor. Este Kickstarter está direcionado à produzir um maior ainda, um protótipo 1/3 para demostrar ainda mais o conceito e assim ajudar a arrecadar mais fundos para construir o gerador.
Mas isso gera tantas perguntas quanto as que resolve. Alguns já se perguntaram, quem será o proprietário dos direitos autorais da tecnologia resultante? A resposta, obviamente, é o BIG, já que seria quase impossível navegar entre as implicações legais para que cada patrocinador seja dono de uma parte dos direitos. Através do uso do Kickstarter, ao invés de aproximar-se dos investidores tracionais, o BIG está enganando o sistema e explorando aqueles que estão dispostos a ajudar e financiar este empreendimento comercial?
Por último, analisemos as recompensas que a campanha oferece: $250 lhe dará uma camiseta desenhada por Ingels; $500 lhe conseguirá uma cópia assinada a monografia Hot to Cold de BIG; e se quiser assistir a inauguração do projeto, lhe custará $10,000 (gastos de viagem não inclusos). Claramente, aquele que contribui para este fundo está fazendo a fim de ver o gerador de anéis de vapor construído, não pelas recompensas materiais. O que gera a seguinte pergunta: a arquitetura visionária foi realmente reduzida a uma obra de caridade?
Queremos saber o que você pensa. Qual é a sua opinião? Há um limite para o que deveria ser financiado coletivamente? Existem maneiras melhores do que o Kickstarter para financiar a arquitetura? Nos conte sua opinião nos cometários abaixo e apresentaremos as melhores respostas em um futuro artigo sobre o BIG, crowdfunding e financiamento na arquitetura.