Arquitetura Congelada: De mostras na neve à festivais de gelo multicoloridos

O inverno, em alguns países, é o momento perfeito para construir estruturas com gelo. É uma época e uma técnica que, juntas, oferecem a possibilidade de uma arquitetura branca pura. Com o céu nublado, o cenário se tornou impressionante: a arquitetura branca, a paisagem e o céu se dissolvem em uma unidade difusa sem um horizonte visível. O céu claro cria um contraste sutil de branco quente e frio, com reflexo do sol no céu azul. No entanto, o próprio gelo tem efeitos marcantes, como a aparência da sua superfície que varia de um cristal transparente para um branco opacao. Para as longas noites, a iluminação atinge um brilho mágico adicional e prolonga o tempo de luz dos dias curtos.

Em todo o mundo, mostras de neve, hotéis de gelo e festivais de gelo têm atraído inúmeros visitantes, com impressionantes esculturas e estruturas, além de inpumeras soluções de iluminação. Além disso, a água congelada apresenta uma excelente solução sustentável, onde a fabricação e o descarte não causa danos ao meio ambiente. Leia mais para ver projetos interessante com arquitetos e artistas da Finlândia para a China.

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Oblong Voidspace - Jene Highstein & Steven Holl. The Snow Show, Lapônia, 2003 e 2004. Imagem Cortesia de Fung Collaboratives, Créditos da Foto: Menne Stenros

O Snow Show na Lapônia, na Finlândia em 2003 e 2004, foi a primeira exposição deste tipo, curada por uma colaboração internacional entre conhecidos artistas e arquitetos. Lance Fung convidou arquitetos como Zaha Hadid, Morphosis, Diller + Scofidio,Asymptote e Tadao Ando para este projeto, em parceria com artistas internacionais. Trinta estruturas feitas de gelo e neve revelaram várias possibilidades conceituais e de arquitetura para as artes visuais e escultóricas. As equipes transformaram seu elemento de construção incomum em uma experiência de luz fria - variando de transparente para efeitos opacos e coloridos, e até brilhantes.

OBSCURE HORIZONS - Lawrence Weiner & Enrique Norten. The Snow Show, Lapônia, 2003 e 2004. Imagem Cortesia de Fung Collaboratives, Créditos da Foto Jeff DeBany

Jene Highstein e Steven Holl criaram um observatório do céu, o chamado "Oblong Voidspace", com 500 metros cúbicos de gelo. Uma escada de gelo levava até o cubo, que se abria para o céu - lembrando a comunidade artística de James Turrell, o contemplativo Spaces Sky. Durante o dia, este cubo parecia mágico e translúcido, com o sol no fundo, era possível observar figuras se movendo dentro. Mas em períodos sem sol, a estrutura ficava opaca.

Em contraste, a equipe de Lawrence Weiner e Enrique Norten brincou com fileiras de paredes duplas para o seu projeto "Horizontes Obscuros". Água colorida formava blocos azulados e esverdeados, resultando em menos transparência, mas transmitindo uma imagem multicolorida para os habituais tons de branco.

Ice Time Tunnel - Tatsuo Miyajima & Tadao Ando. The Snow Show, Lapônia, 2003 e 2004. Imagem Cortesia de Fung Collaboratives, Créditos da foto: Jeff DeBany

Outro projeto notável foi o "Túnel do Tempo Gelo" de Tatsuo Miyajima e Tadao Ando, que incluiu um elemento sequencial com minúsculos pontos de luz vermelha que se moviam, representando o curso da vida, como paredes de mídia pixeladas.

Art Suite 2016. Sob a Pele do Ártico por Rob Harding & Timsam Harding. Imagem © Icehotel, Asaf Kliger. www.icehotel.com

Embora a exposição finlandesa Snow Show tenha sido a primeira grande exposição internacional, arquitetura congelada tem atraído um interesse pelos turistas em vários outros locais. Hotéis de gelo, por exemplo, têm surgido e convertido a construção do iglu tradicional em destinos de luxo para uma experiência única. Espaços com paredes, tetos e até móveis feitos de gelo têm aparecido nos Países Nórdicos, na Suíça, no Canadá e no Japão. O Icehotel, em Jukkasjärvi, na Suécia, tem provavelmente a mais longa tradição, foi fundado em 1989. Os artistas trabalharam nele com uma grande variedade de superfícies congeladas: gelo polido para criar efeitos de espelho, neve para acabamentos brilhantes finos ou superfícies de gelo onde a luz é refratada de forma difusa. Além disso, a iluminação é frequentemente elétrica, integrada discretamente, contribuindo para o efeito azulado e frio que sublinha a atmosfera congelada.

Icehotel 25 por Anja Kilian, Sebastian Andreas Scheller, Wolfgang-A. Lüchow. Imagem © Icehotel, Paulina Holmgren. www.icehotel.com

Harbin, a oitava cidade mais populosa da China, acolhe o mais importante e maior festival de gelo do mundo. Devido à sua localização setentrional, na Sibéria, e com uma temperatura média anual de 4 graus, e média em janeiro de -18 graus, a cidade um cenário perfeito para tal evento. Em contraste com a área da "Ilha do Sol", onde esculturas de neve e gelo são apresentadas, o "Mundo de Gelo e Neve" apresenta numerosas estruturas de gelo que formam uma cidade congelada. O gelo é levado diretamente do rio nas proximidades, e com a ajuda de serras, as esculturas são elaboradas. As esculturas são inspiradas na arquitetura tradicional asiática a edifícios emblemáticos da Europa e da África, como o Coliseu, a Acrópole ou a Esfinge.

Harbin Ice e Snow World 2013. Imagem © usuário Wikimedia Dayou_X usuário licenciado CC BY-SA 2.0

Após o por do sol, a neve e o gelo desaparecem e uma iluminação colorida anima a arquitetura congelada. O gelo branco oferece uma tela perfeita para iluminação colorida vibrante, e as construções são iluminadas principalmente de dentro para fora, criando um efeito brilhante do gelo. Inúmeros luminárias lineares estabelecem um padrão gráfico rigoroso na arquitetura. As cores introduzem um componente dinâmico e concedem à cidade congelada uma vivacidade intensa para o festival. Assim, o mundo de gelo artificial transforma-se em um estágio imaginativo para afastar os sentimentos negativos de uma temporada fria em um local quase inabitável.

Light matters, uma coluna mensal sobre luz e espaço, é escrita por Thomas Schielke. Thomas mora na Alemanha e é fascinado por iluminação arquitetural. Ele publicou numerosos artigos e é co-autor dos livros "Light Perspectives" e "Superlux". Para mais informações confira www.arclighting.de ou siga-o em @arcspaces.

Sobre este autor
Cita: Thomas Schielke. "Arquitetura Congelada: De mostras na neve à festivais de gelo multicoloridos" [Frozen Architecture: From Glistening Snow Shows to Multi-Colored Ice Festivals] 28 Mar 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Martins, Maria Julia) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/784355/arquitetura-congelada-de-mostras-na-neve-a-festivais-de-gelo-multicoloridos> ISSN 0719-8906

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