Mais de um milhão e meio de pessoas no Chile pertencem a um dos nove povos originários reconhecidos pelo Estado pela Lei 19.253: Aymara, Quechua, Atacameño, Colla, Diaguita, Rapa Nui, Mapuche, Kawéskar e Yagán. Apesar de representarem 9,1% da população nacional, não são reconhecidos a nível constitucional, e sua cultura (inclusive sua existência) é desconhecida pela grande maioria dos chilenos.
Alinhada à Lei 19.253, que exige "respeitar, proteger e promover o desenvolvimento dos indígenas, suas culturas, famílias e comunidades, adotando as medidas adequadas para tais fins", a Direção de Arquitetura do Ministério de Obras Públicas (MOP) do Chile publicou, em 2003, o primeiro guia de desenho arquitetônico para os povos originários Mapuche e Aymara, os mais populosos do país.
Os primeiros manuais oficiais foram resultado de um amplo estudo de três anos para incorporar suas características culturais distintivas, padrões de assentamento e os espaços paradigmáticos que abrigaram suas crenças e valores "de maneira harmônica nos projetos de edificação pública", segundo explica a instituição.
Treze anos mais tarde, a gestão estatal pública fez sua primeira atualização, buscando transformar esses manuais em referências para arquitetos que projetassem espaços públicos "culturalmente pertinentes" nos territórios onde há presença dos povos Mapuche e Aymara.
Nessa ocasião, a edição geral ocorreu por conta de Boreal Consultores e dos arquitetos Rodrigo Aguilar, Raúl Arancibia e Fernando Jiménez. Esses manuais "respondem às diversas perguntas que demanda a gestão e o desenho de uma edificação pública culturalmente pertinente", explicam os autores. "Como veículo que carrega implícito o diálogo de direitos entre a administração do Estado e a cidadania, quando se trata de abordar as aspirações de uma sociedade que se reconhece múltipla e diversa", completam.
Esses manuais foram divididos em três capítulos junto a um glossário de termos nas línguas mapudungún e aymara, além de um apêndice normativo sobre os direitos dos povos originários. Os autores explicam:
Capítulo I: Análise cultural
Este capítulo é focado em proporcionar os antecedentes culturais mais relevantes dos povos mapuche e aymara que persistem até os dias de hoje no modo de habitar o território. Nesse sentido, há uma tentativa de aproximação entre o leitor e o acervo etnográfico, fazendo um percurso pelas características distintivas das culturas mapuche e aymara, seus padrões de assentamento e os espaços paradigmáticos que abrigaram suas crenças e valores, ao mesmo tempo que uma abordagem sobre as mudanças históricas que produzem novas interações comunitárias e inter-culturais.
Capítulo II: Arquiteturas culturalmente pertinentes
Na segunda parte, revisa-se uma série de casos de estudo de arquiteturas contemporâneas (manual mapuche), e assentamentos nas regiões de Arica, Parinacota e Tarapacá (manual aymara), com o objetivo de indagar as evidências e características arquitetônicas subjacentes nelas, identificando padrões simbólicos, culturais, formais e materiais possivelmente transformáveis em bases de desenho.
Capítulo III: Orientações de desenho arquitetônico
Começa com uma série de considerações, premissas e princípios que servem como base das recomendações para o desenho arquitetônico de edificações públicas nos territórios com presença mapuche e aymara. Tais recomendações se referem, por um lado, ao processo de desenho de edificações públicas necessárias em contextos inter-culturais de cidades chilenas, e, por outro, ao desenho arquitetônico propriamente dito, ambos os processos sensíveis à visão de mundo, crenças e necessidades sociais dos povos mapuche e aymara.
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Créditos
Guia de desenho arquitetônico mapuche
Edição Geral: Boreal Consultores
Arquitetos: Rodrigo Aguilar, Raúl Arancibia
Antropólogo: Juan Skewes
Tradutor: Javier Quidel
Assessoria Inter-cultural: Christian Collipal
Coordenadora de pesquisa: Liliana Cannobbio
Assistentes de pesquisa: Jorge Muñoz, Joaquín Gallardo
Edição de textos: Paulina Matta
Projeto gráfico e ilustrações: José Neira, Ricardo Cuevas, Paula Navarrete
Fotografia: Claudio Albarrán, Raúl Arancibia
Desenho técnico: Francisca Ulloa
Chefe da Divisão de Edificações Públicas: Eliseo Huencho
Contrapartida técnica: Fabiola Cortés
Edição e regulamento. Unidade de Assuntos Indígenas DGOP: Gonzalo Lagos
Coordenação Editorial Ministério de Obras Públicas: Alicia Alarcón, Felipe Hosiasson, Matías Sánchez, Mauricio Sánchez, Oriana Solís
Guía de diseño arquitectónico aymara
Edição Geral: Boreal Consultores
Arquitetos: Rodrigo Aguilar, Fernando Jiménez, Raúl Arancibia
Antropólogo: Marietta Ortega
Tradutor: Celedonio Marón
Assessoria Inter-cultural: Leslie Véliz
Coordenadora de pesquisa: Liliana Cannobbio
Assistentes de pesquisa: Jorge Muñoz
Edição de textos: Paulina Matta
Projeto gráfico e ilustrações: José Neira, Ricardo Cuevas, Paula Navarrete
Fotografia: Juan Carlos Soto, Fernando Jiménez
Desenho técnico: Francisca Ulloa
Chefe da Divisão de Edificações Públicas: Eliseo Huencho
Contrapartida técnica: Fabiola Cortés
Edição e regulamento. Unidade de Assuntos Indígenas DGOP: Gonzalo Lagos
Coordenação Editorial Ministério de Obras Públicas: Alicia Alarcón, Felipe Hosiasson, Matías Sánchez, Mauricio Sánchez, Oriana Solís