Para que servem desenhos de arquitetura? Transmitir informações visuais sobre o projeto de edifícios. Isso é certo. Mas eles fazem muito mais do que isso. Podem ser idiomáticos e ideológicos, podem expressar a personalidade de quem os cria, e podem ser feitos através de qualquer meio - carvão, lápis, caneta ou programa de computador. Podem inspirar, provocar e radicalizar. Podem ser realistas ou fantasiosos. Ou, claro, podem instruir sobre como construir uma representação tridimensional daquilo que se vê no papel ou nas telas. Inteligência visível, eles também podem ser arte.
Dessa forma, lidar com uma competição aberta de desenhos arquitetônicos de todo o mundo, como o The Architectural Drawing Prize, só pode ser um exercício de julgamento aberto, mesmo quando estes foram classificados em três categorias técnicas: Desenho à mão livre, Digital e Híbrido. Como podemos comparar a intrigante análise digital de Chris Raven de Espaços Publicamente Acessíveis na Catedral de St. Paul com o quase perfeito corte transversal de Xinyuan Cao através da Renovação da Vila de Denggao, dois competidores elogiados na categoria de Desenhos Digitais?
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O 100 de Reza Aliabadi, uma grade de dez por dez com peças do Cubo de Rubik sobre o tema do cubo platônico de arquitetura, de alguma forma comparável ao desenho de uma rua portuguesa de Anna Budnikova? Ambos são desenhados à mão e requintadamente. Enquanto na seção Híbridos, a perspectiva colorida, divertida e agradavelmente complexa de Jerome Xin Hao, Momentum Mori vista através de A Peckham Hospice Care Home é totalmente diferente em intenção de Reconstruct with drawing de Mariapia di Lecce, uma forma de demonstrar como uma análise gráfica de um edifício italiano da época do renascimento pode ajudar na sua restauração.
Juntamente com a inteligência, essa variedade de desenhos arquitetônicos contemporâneos, por diferentes meios técnicos, também é uma demonstração de habilidade e um lembrete de como a fusão de imaginação e conhecimento continua a importar em um mundo no qual o projeto é auxiliado por computador e modelagem robótica (e cada vez mais, a sua própria construção também) o que parece estar tornando o desenho irrelevante. Desde o croqui feito em um café em um guardanapo de papel até a representação digital mais complexa, desenhos de carne e osso feitos por arquitetos continuarão a importar.
Além da habilidade e da arte, o desenho arquitetônico ajuda arquitetos e seus públicos - de clientes a visitantes do Museu Soane - a pensar de novas e até inesperadas maneiras. Os Espaços Publicamente Acessíveis, de Chris Raven, na Catedral de St Paul, leva os espectadores a um passeio por um edifício aparentemente familiar através de cortes e perspectivas desconhecidas, mostrando o funcionamento da catedral de Christopher Wren de maneiras que talvez não soubéssemos antes.
No contexto do Museu Soane, e dos 30.000 desenhos arquitetônicos sob seus cuidados, a maneira como eles nos ajudam a olhar de uma nova maneira o mundo arquitetônico é espelhada, por exemplo, no trabalho de Joseph Gandy, cujos hipnotizantes desenhos de John Soane imaginavam como os edifícios podem se sentir quando caírem em ruínas nos séculos vindouros. Aqui estavam desenhos de imensa habilidade e engenhosidade, virando o mundo da arquitetura de Soane de cabeça para baixo, mesmo quando eles comemoravam. Os treze desenhos elogiados e premiados apresentados no Museu Soane estão exatamente no lugar certo.
Os vencedores do Prêmio de Desenho Arquitetônico estão em exibição no Espaço Foyle, no Museu Sir John Soane, em Londres, até sábado, 14 de abril de 2018.
