Joaquim Manoel Guedes Sobrinho foi um arquiteto urbanista brasileiro formado em 1954 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) na terceira turma da instituição e foi um expoente da chamada “escola paulista”. Em sua atuação profissional destaca-se a sociedade com sua esposa, Liliana Marsicano, com quem estabeleceu uma duradoura parceria em uma série de projetos até 1974.
Trabalhou também com nomes importantes da arquitetura nacional, como Carlos Millan, Flávio Império, Hector Vigliecca, e Sérgio Ferro, além de ter recebido influência direta de seus professores Icaro de Castro Mello e Vilanova Artigas.
Além da atuação prática em projetos arquitetônicos, Guedes integrou, a partir dos anos 1960, uma série de equipes multidisciplinares vinculadas a programas governamentais, como a Comissão Nacional de Habitação, em 1961, articulada pelo Ministério do Trabalho na gestão de João Goulart, e Comissão do Habitat, vinculada à União Internacional dos Arquitetos (UIA), em 1963.
Foi, ainda, professor de projeto e tecnologia na mesma instituição onde se formou e fundador de um escritório de urbanismo, o Serviços Técnicos de Assistência aos Municípios (Stam), que elaborou, inclusive, uma proposta de plano Piloto para Brasília em 1957. Essas frentes de trabalho reforçam o caráter múltiplo da atuação do arquiteto em sua carreira.
Apesar do amplo campo de atuação de Guedes, uma de suas importantes contribuições para a cultura arquitetônica brasileira refere-se às casas que projetou. É do início de sua carreira que são algumas de suas principais casas, muitas delas projetadas em parceira com Liliana Marsicano, e estas se tornaram objeto de estudo da pesquisa de mestrado de Pablo Lühers Graça, orientada pelo também arquiteto Carlos Eduardo Dias Comas em 2007.
O trabalho, situado no âmbito do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, destaca na produção de Guedes o período entre 1957 e 1987, com foco na produção de projetos residenciais, sempre traçando um paralelo entre a análise das obras individualmente e sua relação com o conjunto construído de Guedes.
Tais analises buscam contextualizar a criação desses projetos em termos formais, compositivos, técnicos, construtivos, entre outros, além de aspectos da relação com os clientes, encomendas, motivações e o contexto histórico no qual se inserem. O texto da pesquisa é antecedido por um trecho de autoria do próprio Joaquim Guedes que explicita diretamente o teor de seu trabalho enquanto arquiteto e os preceitos que orientaram sua trajetória:
“Fazer cidade, hoje, significa assumir a nossa parte no desenho dos novos conteúdos da sociedade urbana, de suas soluções internas, das atividades que definirá para si mesma, compreendendo a partilha de recursos que destinará à consecução de seus objetivos, na definição das estruturas físicas necessárias, no dimensionamento e localização de seus locais de viver.
Assim, somos partícipes - há muito tempo - da construção da cidade nova, real e concreta, e por isso, brasileira. Brasileira não por idealismo ‘chauvinista’, ou persistências formais, mas por necessidade e realismo. Nossa missão é a de assumir o caráter coletivo e político da criação de uma nova estética que não poderá fundir-se em velhos conteúdos de refinamento tecnológico e formal. Ela deverá estar apoiada - com sensibilidade e rigor - na vida, atividades e movimentos das massas urbanas, nas revelações de seus pequenos interesses e acontecimentos cotidianos; pois os grandes interesses, provavelmente se farão ouvir com força.” Joaquim Guedes.
Acesse a pesquisa na íntegra aqui.
As casas de Joaquim Guedes : 1957-1978
Esta dissertação trata das casas (projetadas, construídas e publicadas), do arquiteto Joaquim Manoel Guedes Sobrinho, no período que compreende o início da carreia, em 1957, até 1978. Foram analisados, em ordem cronológica, 14 casas e 2 projetos habitacionais.