O que há de comum entre dança e arquitetura? Ainda que pareça evidente que estas duas disciplinas andam lado a lado, é difícil explicar como as vivências que experimentamos nos espaços arquitetônicos pela "dança do comum" são guardadas em nossa memória corporal e esta memória não divide as experiências por disciplinas, o que resulta em algo integrado e único. Isso foi experimentado por diversos autores em diferentes décadas e cada vez mais é evidente a inquietude de nossos corpos em explorar de diversas maneiras as edificações que formam as cidades.
Mesmo assim, não deixa de ser surpreendente o resultado da pesquisa dança-arquitetura realizada em diversas ocasiões por trabalhos que exploram as cidades através de suas danças. No entanto, é importante dizer que não se trata de uma atividade meramente contemplativa, pelo contrário, a forma como nos movemos pelas cidades nos fala de uma cultura específica em diversas situações urbanas. Nas palavras da filósofa Marina Garcés: O corpo já não é aquilo que nos amarra ao lugar, mas é a condição para todo lugar. É o ponto zero de todas as espacialidades que podemos experienciar e, ao mesmo tempo, de todos os vínculos que nos constróem, material e psiquicamente.
Derivada destas experiências que buscam saber como e por que nos movemos pelo mundo, surge a dança vertical, uma modalidade relativamente nova que se baseia em diversas disciplinas, como a dança aérea. BANDALOOP é um coletivo reconhecido como o pioneiro da área e homenageia a natureza, a comunidade e o espírito humano através de uma dança em perspectiva criada por meio de exercícios que tecem de forma dinâmica a corporalidade e a arquitetura, a coreografia e a tecnologia de escalada, para deixar de lado a pista de dança. Fundada por Amelia Rudolph, BANDALOOP reinterpreta a dança, ativa os espaços públicos e inspira espanto e imaginação do público em apresentações no mundo todo. A companhia treina bailarinos e jovens residentes e já se apresentou para milhões de pessoas em mais de 22 países na Europa, África, Oriente Médio, Américas e Ásia, assim como em filmes e meios digitais.
Sem dúvidas, BANDALOOP é um coletivo que rompe as fronteiras entre dança e arquitetura como estamos acostumados a vê-las. Olhar para seu trabalho como arquiteto ou como bailarino nos faz questionar sobre o quão interessante pode ser experimentar o mundo a partir de outras perspectivas que podem nos dar quem sabe até a sensação de voar.