Design:ED Podcast mostra um olhar interno ao campo da arquitetura contado a partir da perspectiva de indivíduos que estão liderando a indústria. Semanalmente, os convidados em destaque compartilham os altos e baixos de suas jornadas profissionais, oferecendo uma rara oportunidade do público conhecer de perto o caminho percorrido pelos nomes mais aclamados da arquitetura mundial.
Neste episódio. Patrik Schumacher, diretor do escritório Zaha Hadid Architects, discute o futuro do projeto paramétrico, os primórdios da firma de Zaha e como a empresa está dando continuidade ao inestimável legado da arquiteta iraquiana.
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CITAÇÕES & TIMESTAMPS EM DESTAQUE
Design Paramétrico (6:20)
“Tudo é sobre arquitetura como comunicação. Ela vem quase de graça com essas ferramentas porque há uma ação-reação mais rigorosa ou lógica de causa e efeito que tornam as coisas naturais, e como um ambiente natural, esses ambientes artificiais são, então, eminentemente ordenados. Para nós, surgira criaturas perceptivas, mais legíveis...”.
Com o avanço da inteligência artificial, o arquiteto se tornará irrelevante? (7:38)
“Eu estava refletindo recentemente sobre isso. Quando se trata da introdução do CAD, mas também de ferramentas de modelagem 3D e de renderização, tivemos um enorme salto de produtividade. Como o BIM e assim por diante, mas mesmo para o desenho front-end que é uma tarefa central, houve enormes ganhos de produtividade... Poderíamos fazer a mesma comparação, literalmente, na introdução da computação em um terço as pessoas, no final não perdemos, mas sim, ganhamos pessoas e a disciplina não tem diminuído porque essa produtividade avança. Elas [as ferramentas] existem não para tornar arquitetos redundantes, elas possibilitaram um serviço e produto muito mais avançado...”.
Qual foi a primeira vez que interagiu com Zaha Hadid? (18:38)
“Montei um portfólio e me candidatei a um emprego e fui convidado para uma entrevista. Não por ela, ela não me entrevistou. Ela era realmente muito tímida quando se trata de novas pessoas. Então, eu fui entrevistado por seu ex-aluno, principal arquiteto no época, um cara chamado Michael Wolfson, e ele me contratou. O curioso era que eu estive nesta sala, com um grupo de outras quatro ou cinco pessoas, durante semanas, semanas e semanas e Zaha surgia quase sempre depois do almoço, e não disse sequer "olá" para mim naquelas semanas (rindo). Isso foi muito estranho, uma pessoa muito tímida, apenas...”.
Você pode falar sobre os processos de comissionamento de um projeto e o que diferencia Zaha Hadid Architects? (33:45)
"Eu, particularmente, gosto de competições, dessa forma há uma chance de justificar se algo é incomum. Há uma sensação intuitiva em muitos dos nossos projetos, mas também é muito importante ver as explicações por trás do pensamento. Não é apenas a pura busca pela beleza... Não socializamos muito com os clientes, mas preparamos uma apresentação marcante, e é aí que estão nossos pontos fortes, no desenho em si e também na visualização de torná-lo atraente. Ganhando com a beleza, eu sempre digo que beleza vence…”.
Você estava com Zaha em Miami em 2016 quando ela faleceu. O que passou pela sua cabeça e como a empresa se adaptou desde então? (36:25)
“Bom… foi um choque para todos. Ninguém esperava isso e Zaha era ... para mim, foi muito estranho e surreal porque eu conheci Zaha quando eu era estudante, e isso foi quase 30 anos depois, e nossas vidas estão intensamente muito ligadas. Nós estávamos trabalhando e nos comunicando literalmente todos os dias. Literalmente, sem exceção, eu não tenho certeza se já houve um único dia nestes 30 anos que nós não nos comunicamos ou conversamos… Mesmo se estivéssemos viajando, nós fizemos muitas viagens juntos também, apresentado palestras juntos, ensinando juntos, trabalhando juntos, construindo a empresa juntos, então foi muito, muito perturbador e estranho, e uma enorme perda. Mas, muitos outros se sentiram assim porque Zaha compunha uma incrível rede de amigos comprometidos com um senso de lealdade, compromisso e amizade, então, neste escritório, embora já fosse bastante grande, havia um sentimento de família ... Nós obviamente queríamos continuar esse legado”.
Qual o futuro da arquitetura? (44:20)
Precisamos atrair mais, digamos, tipos de pensadores intelectualmente ambiciosos, personagens com mentalidade científica que, de outra forma, escolheriam entrar na economia, na teoria política, na sociologia ou em várias ciências. Trazê-los para a arquitetura, porque eu acho que a disciplina está madura para absorver e dar um novo passo incorporando não apenas artistas intuitivos, mas também cientistas, o cientista da computação. Nós falamos sobre essa IA, a integração com a engenharia, sofisticação, mas também funcionalidade social, a sociologia do espaço, a complexidade dos processos sociais, organizações corporativas. O que você faria com um Campus Google em um ambiente urbano? Estas são questões difíceis em que precisamos de mentes brilhantes”.