A bioconstrução consiste no processo construtivo através de materiais e técnicas de baixo impacto ambiental, além da adequação da arquitetura às condições locais e tratamento de resíduos durante a ocupação do edifício. Portanto, construir com base nesses princípios não significa necessariamente utilizar materiais ditos sustentáveis, que frequentemente precisam ser transportados por longas distâncias ou passar por algum processo de pré-fabricação antes de serem empregados, mas utilizar materiais, técnicas e mão-de-obra locais, tendo como base estratégias vernaculares que levam em consideração estes fatores.
Para prover informações sobre a bioconstrução e incentivá-la como forma de tornar as comunidades mais independentes, o Ministério do Meio Ambiente disponibiliza uma cartilha online que pode ser acessada gratuitamente. Também com o intuito de ampliar o repertório acerca do tema e incentivar a sua prática, apresentamos algumas das técnicas mais utilizadas em terra, madeira, palha e bambu, considerando que as possibilidades de técnicas bioconstrutivas extrapolam os exemplos aqui citados e devem ser estudadas cuidadosamente a depender do contexto de implantação.
Adobe
Essa técnica bioconstrutiva utiliza tijolos compostos por areia, argila e palha secados naturalmente. O material para seu assentamento pode ser o mesmo dos próprios tijolos.
Superadobe
O superadobe utiliza sacos sobrepostos de ráfia preenchidos com terra umedecida comprimida, podendo ser usado para construir paredes autoportantes, capazes de suportar também a carga da cobertura.
Cob
Nesse caso, argila, areia e palha são utilizados como uma espécie de “massa” que irá moldar o edifício, não constituindo uma soma de elementos, mas sim uma unidade que uma vez seca, apresenta boa resistência.
Taipa de mão
Técnica muito utilizada na arquitetura vernacular brasileira, também chamada de pau-a-pique ou taipa de sebe. A taipa de mão é feita a partir de um sistema de grelhas formadas por galhos ou bambus preenchida por terra em um processo realizado à mão, como o próprio nome sugere.
Taipa de pilão
Assim como a taipa de mão, a taipa de pilão muito antiga e bastante utilizada na construção de igrejas no período colonial do Brasil. A técnica consiste em apiloar, ou seja, amassar com o auxílio de um pilão, a terra dentro de uma forma de madeira - a taipa.
Solocimento
Assim como o adobe, essa técnica construtiva se dá pelo conjunto de tijolos, com a diferença de utilizar em sua composição o cimento e não a palha. Os tijolos de solocimento também não são levados ao forno, passando pelo processo de cura em local sombreado e com cuidado para manter os tijolos úmidos durante esse processo.
Fardos de palha
As paredes feitas com essa técnica possibilitam um maior conforto ambiental no interior da edificação, já que os fardos de palha, fincados uns aos outros com a ajuda de varas de ferro ou bambu, conformam camadas de ar que funcionam como isolante térmico.
Coberturas em palha
Apesar de relativamente pouco duráveis, as coberturas em palha contribuem para a diminuição das temperaturas internas dos ambientes por meio das camadas de ar formadas pela sobreposição das fibras. O ângulo mínimo recomendado para execução de coberturas com esse material é de 30%
Estrutura em bambu
Usado para diversas finalidades, de andaimes a elementos estruturais de um edifício, como pilares ou vigas, o bambu é um material construtivo bastante versátil e apresenta boa resistência às forças de compressão e tração.
Cordwood
A técnica, utilizada para construção de paredes, consiste no posicionamento de tocos de troncos de árvores e preenchimento com argamassa. A dimensão dos troncos pode variar entre 20 a 50cm, a depender da espessura de parede desejada.
Publicado originalmente em 23 de dezembro de 2019.