Arquitetura e crise climática: 6 técnicas construtivas para abrigos emergenciais

Segundo dados do CRED (Centre for Research on the Epidemiology of Disasters e do UNISDR (UN Office for Disaster Risk Reduction), em relatório divulgado em 2016, o número de desastres relativos ao clima duplicou nos últimos quarenta anos. A necessidade de abrigos temporários para desabrigados é, além de um reflexo das crise climática que atinge o planeta, também uma das consequências do crescimento desordenado das cidades que leva uma parcela significativa da população mundial a viver em condições vulneráveis aos desastres.

Levando em conta o crescimento da demanda por abrigos emergenciais nas últimas décadas, é possível encontrar hoje uma variedade de soluções para estruturas temporárias adaptadas tanto ao tipo de desastre (enchentes, incêndios acentuados pelas secas, deslizamentos etc.) sofrido em determinada localidade, quanto ao tempo necessário para abrigar a população atingida (fase emergencial ou transitória, durante o período de reconstrução etc.).

As alternativas para garantir as necessidades básicas de forma emergencial, ou seja, pelo mínimo de tempo possível até que a situação no local atingido se normalize, dependem diretamente da situação do lugar e da rapidez em que o abrigo deve ser instalado. Assim, essas estruturas são geralmente fabricadas com materiais leves, industrializados, facilmente transportáveis, e técnicas que possibilitem uma montagem rápida e simplificada. Selecionamos, entre soluções apresentadas como ideias, protótipos ou projetos já executados, algumas técnicas que podem ser utilizadas para abrigos emergenciais. Veja a seguir:

Sistema de encaixes

Tentative / Designnobis

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Vista do interior. Cortesia de Designnobis
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Organização compacta. Cortesia de Designnobis

As vantagens de construções que utilizam a técnica de encaixes são a rapidez e praticidade da montagem, a limpeza e economia de materiais. Essa solução pode ser transportada como flat-pack (componentes embalados e transportados em envoltórias planas), o que possibilita economia de espaço e maior quantidade de abrigos transportados por vez.

Estruturas retráteis

Just a Minute / Barberio Colella ARC

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Cortesia de Barberio Colella ARC
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Cortesia de Barberio Colella ARC

A técnica permite diferentes possibilidades de materiais na estrutura, desde que sejam leves e que os elementos possam ser fixados uns aos outros de forma a expandir e retrair o volume, como uma espécie de dobradura.

Pavilhões infláveis

SheltAir / Gregory Quinn

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© Jirka Jansch
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Estrutura SheltAir

A técnica, que utiliza o ar como elemento estruturante, pode ser executada tanto como um sistema que compreende uma membrana elástica preenchida por ar formando um grande vão, como por almofadas cheias de ar que envolvem o abrigo. Seja como for, os pavilhões infláveis permitem um resultado rápido, econômico e facilmente implantável.

Estruturas flutuantes

Fold & Float / SO?

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Corte Fold & Float / SO?. Foto © SO?
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Corte Fold & Float. © SO?

Em caso de enchentes ou escassez de área para implementação dos abrigos temporários, estruturas flutuantes podem ser soluções simples e adequadas, subvertendo a ideia da necessidade de uma localização pré-definida para alojamento de desabrigados após uma catástrofe natural. 

Membranas têxteis

Weaving A Home / Abeer Seikaly

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Weaving A Home / Abeer Seikaly. Cortesia de Abeer Seikaly
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Cortesia de Abeer Seikaly

Tecidos próprios para construção de abrigos possuem tratamento impermeabilizante e são vantajosos por serem vedações muito leves. A flexibilidade de membranas têxteis pode ser atrelada a elementos rígidos para dar forma ao abrigo e permitir diferentes conformações, além da expansão e contração para montagem e desmontagem.

Vedações em borracha

Protótipo de abrigo emergencial para o Nepal / Shigeru Ban Architects

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© VAN, cortesia de Shigeru Ban Architects
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© VAN, cortesia de Shigeru Ban Architects

Tijolos de borracha reciclada, ao contrário dos tijolos comuns, proporcionam montagem rápida para ocupação imediata. Abrigos construídos com essa técnica podem ser utilizados ainda em outras fases pós-emergenciais, devido à alta rigidez do material comparado a outros mais comuns na implantação de abrigos temporários, como tecidos impermeáveis.

Nota do Editor: Este artigo foi publicado originalmente em 10 de fevereiro de 2020.

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Sobre este autor
Cita: Susanna Moreira. "Arquitetura e crise climática: 6 técnicas construtivas para abrigos emergenciais" 28 Dez 2020. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/931816/arquitetura-e-crise-climatica-6-tecnicas-construtivas-para-abrigos-emergenciais> ISSN 0719-8906

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