Muitos de nós já vivemos, ou estamos vivendo atualmente, em algum tipo de moradia comunitária compartilhada. Seja por uma necessidade, durante a faculdade e os primeiros anos depois de formado, ou por uma escolha, em uma comunidade de amigos ou aposentados, compartilhar o espaço da vida cotidiana está se tornando cada dia mais comum, a ponto de se transformar em um mercado muito explorado e porque não, lucrativo. As empresas especializadas em co-living, incluindo a WeLive, a Common, e a Ollie, têm explorado as vantagens da chamada economia compartilhada, oferecendo soluções de moradia acessíveis, e promovendo a diversidade sociais em determinados contextos. Enquanto continuamos a lutar contra o avanço da disseminação da pandemia da COVID-19, procurando nos adaptar as novas regras de distanciamento social, as pessoas que vivem em casas e apartamentos compartilhados passaram a explorar diferentes possibilidades impulsionadas por este estilo de vida, descobrindo novas formas de viver em comunidade, ao mesmo tempo que, procuram minimizar os riscos de contágio. De fato, o que se percebe é que estas comunidades podem estar ainda melhor preparadas para lidar com uma pandemia ao mesmo tempo que proporcionam uma sensação de normalidade, algo tão distante daquelas pessoas que, antes mesmo do início da pandemia, já viviam em uma espécie de isolamento domiciliar.
Quando uma crise sanitária mundial vem ao encontro do colapso dos sistemas econômicos do planeta, certamente, isso nos faz levantar algumas questões sobre como estamos vivendo, quão isolados nós estamos e se viver em cidades realmente faz sentido. Enquanto as relações sociais presenciais estão se tornando ainda mais escassas, resumindo-se as nossas esporádicas visitas ao mercado, as comunidades co-living estão mostrando os distintos benefícios do compartilhamento dos espaços domiciliares. Impulsionadas pelo surto de COVID-19, estas comunidades estão se transformando em um microcosmos, ou pequenas comunidades que de fato, oferecem mais vantagens que desvantagens.
É evidente que, as medidas de isolamento social atingiram em cheio o setor imobiliário. Embora a Ollie tenha registrado um aumento significativo nos aluguéis de curto prazo (30-90 dias), principalmente para estudantes que tiveram que abandonar às pressas os dormitórios e moradias universitárias, os locatários de longo prazo têm recebido solicitações recorrentes sobre desconto nos aluguéis, faturando um 30% à menos desde que o isolamento social entrou em vigor. A ideia de viver em um apartamento ou casa compartilhada com outras pessoas, em tempos de incerteza e desconfiança, está perdendo força. Em uma tentativa de combater a perda de liquidez, algumas empresas do ramo, como a Common, passaram a oferecer contratos de aluguel flexíveis, sem cheque-calção ou fiador além de grandes descontos para profissionais de saúde.
Para aqueles que atualmente vivem em ambientes compartilhados, as principais preocupações estão voltadas a própria saúde dos moradores, e de como manter um ambiente limpo e seguro. Muitas empresas têm optado por intensificar as rotinas de limpeza em todos os espaços comuns, principalmente as superfícies das áreas compartilhadas, como bancadas, pias e as maçanetas das portas. Elas também estão solicitando aos moradores que utilizem máscaras quando estiverem fora de seus quartos ou ambientes isolados. Um condomínio de apartamentos compartilhados em Hong Kong chegou até a recomendar que os moradores utilizassem palitos de dente para pressionar os botões do elevador, enquanto um empreendimento em Los Angeles sugeriu que aos moradores colocassem alarmes em seus telefones para lembrá-los de lavar as mãos a cada duas horas. No caso de um dos moradores ser diagnosticado com COVID-19, muitas comunidades disponibilizaram unidades vazias e afastadas para funcionar como área de isolamento, onde os pacientes poderiam se tratar e recuperar sem oferecer riscos para os demais moradores. E, enquanto a maioria de nós precisa enfrentar diariamente as filas e aglomerações para comprar alimentos e produtos básicos de higiene, algumas comunidades instalaram uma espécie de rodízio entre os moradores para que não precisem sair de casa todos os dias. Um condomínio na Califórnia, o Starcity, para facilitar a vida dos moradores, fez um estoque de suprimentos básicos para uso comum, como toalhas de papel e álcool gel.
Mas e quanto aos espaços sociais e até mesmo os eventos programados nas comunidades de co-living? Alguns condomínios optaram por manter os espaços compartilhados abertos, como salas de estar e leitura, lavanderias e academias de ginástica. Por outro lado, uma rigorosa programação de limpeza assim como e estabelecendo de diretrizes rígidas, permite que os moradores possam manter um nível mínimo de interação com as outras pessoas. A Up(st)art relata que os inquilinos de seus apartamentos estão apoiando uns aos outros de novas maneiras e, ao invés de realizar seus jantares semanais coletivos, estão mantendo o hábito mas comendo cada um em seu quarto. Verificou-e ainda que a maioria dos moradores está aproveitando o tempo livre para estudar e dedicar-se a outros hobbies através de cursos on-line, procurando engajar os outros inquilinos a fazer o mesmo. Desta forma diversos grupos foram criados para compartilhar informações e ideias.
Ainda que os moradores seguem bastante ocupados com os seus afazeres, eles estão aproveitando esta oportunidade para desacelerar e criar novos laços com a sua comunidade próxima, explorando novas formas de interação e fortalecendo o sentido de comunidade. Se as condições atuais de isolamento forem mantidas ao longo dos próximos meses, como prevêem os especialistas, o co-living parece ser uma ótima opção para manter algum senso de normalidade. Embora estes inquilinos tenham que lidar com o desafio de viver em um ambiente compartilhado durante uma pandemia global, de certa forma eles estão agradecidos por, pelo menos, não estarem sozinhos.
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