A economia compartilhada, um sistema econômico onde indivíduos dividem aluguéis e partilham seus bens pessoais —incluindo propriedades e veículos—, foi severamente afetada pela crise de COVID-19. Empresas que movimentam bilhões anualmente como o Uber, o Airbnb, redes de compartilhamento de bicicletas assim como uma enorme variedade de espaços de coworking têm sido obrigados a se ajustar e criar novas estratégias para garantir que seus clientes se sintam seguros, redefinindo a rota de seus negócios em um momento de tantas incertezas.
Sem saber ao certo o que o futuro nos reserva e como será enfim a tal da “nova normalidade”, é difícil prever quais serão as repercussões da atual crise sanitária no porvir da economia compartilhada. Embora a opinião pública pareça dividida, dados recentes estão nos mostrando que essas empresas estão voltando aos trilhos muito rapidamente e que as pessoas estão realmente recuperando a confiança e voltando a utilizar seus aplicativos para chamar um carro para ir ao trabalho ou para alugar uma casa por um final de semana. Ainda assim, depois de mais de cinco meses de medidas rígidas e regras de distanciamento social, as pessoas estão começando a dar sinais de fadiga, e as viagens à turismo — ainda que em um mesmo país — estão se tornando cada vez mais frequentes.
O Airbnb, fundado no auge da recessão de 2008, não apenas provocou uma revolução sem precedentes na indústria do turismo, mas também ajudou a impulsionar experiências locais e turbinar a economia de comunidades menores onde antes era impossível chegar. Em busca de experiências autênticas, muitos viajantes veem no Airbnb uma oportunidade única que lhes permite aproximar-se mais das comunidades que visitam e usufruir de outras relações com contexto específico que visitam. Embora esta tipologia de hospedagem não seja de fato algo novo, o Airbnb conseguiu abrir um próprio nicho de mercado, se tornando uma das empresas de turismo mais reconhecidas do mundo atualmente.
Em um relatório recentemente divulgado pelo Airbnb, no final de semana de 5 a 7 de junho, apenas três meses depois que a pandemia virou os Estados Unidos de pernas para o ar, o valor bruto recebido pelas reservas feitas no site voltou a crescer pela primeira vez no país desde fevereiro. No mesmo parecer o Airbnb também verificou que os seus clientes estão fazendo viagens mais curtas, procurando alternativas mais próximas de seu lugar de origem. O Airbnb também registrou um incremento nas reservas de cabanas e chalés mais isolados, e que os clientes estão preferindo reservar casas inteiras ao invés de quartos em residências compartilhadas. Eles também observaram que 29% das reservas foram feitas uma semana antes da viagem e geralmente em grupos maiores do que anteriormente — sugerindo que famílias que passaram a quarentena sob um mesmo teto também decidiram viajar juntas.
A indústria do turismo baseada no aluguel de casas de família não é o único negócio que está mostrando sinais de reação depois de adaptar-se às incertezas deste momento. O Uber, outro negócio multimilionário que revolucionou a forma como nos deslocamos pelas nossas cidades é outro importante gerador de receitas que está começando a se recuperar. Enquanto continuamos a encontrar prateleiras vazias nos supermercados, apoiando pequenos negócios e iniciativas locais cada vez mais ameaçadas de fechamento permanente, faz sentido que o Uber Eats tenha registrado um considerável aumento no número de pedidos ao longo dos últimos meses. O aplicativo também apresentou um aumento de 30% em novos clientes assim como um aumento no número de entregadores, muitas vezes compelidos a buscar uma forma alternativa de renda neste momento de crise.
Embora a maioria dos restaurantes tenha sido obrigado a fechar as suas portas, alguns de forma definitiva, a indústria da restauração está procurando novas formas de se conectar com os seus clientes — e o Uber Eats parece ser a principal aposta. Mesmo redes populares, que historicamente contam com a sua própria rede de entregas, se renderam ao Uber Eats. Este considerável crescimento nas receitas do Uber Ests está sendo visto por muitos como algo positivo em meio a tantas notícias ruins para o mundo dos negócios.
Ainda assim, há poucos motivos para acreditarmos que grandes empresas do ramo do turismo vão quebrar. Se existem negócios capazes de sobreviver a uma pandemia, são aqueles capazes de agir rapidamente e encontrar soluções em momentos de crise. A economia compartilhada não transformou o mundo da noite para o dia e portanto, ela pode ser uma de nossas melhores apostas para restaurar a normalidade que todos esperamos.