E assim começamos o ano de 2021, logo depois de encerarmos um dos anos mais difíceis e desafiadores das últimas décadas. E agora? Quais são as nossas expectativas para o futuro próximo? Em recente pesquisa, a UN75 relata que a maioria das pessoas se mantém muito otimista em relação ao que está por vir: “em todo o mundo, a maioria dos entrevistados acredita que a nossa civilização estará muito melhor em 2045 do que hoje (49%), ao passo que 32% dos entrevistados acreditam que a nossa situação estará pior.”
Arquitetos e urbanistas estão trabalhando noite e dia para que esta previsão se concretize, utilizado novas estratégias e tecnologias para ajudar os países a se recuperarem depois da desastrosa crise sanitária e econômica do ano passado. Neste artigo, procuramos identificar as principais tendências que apontam para um futuro melhor, discutindo como os profissionais da industria da construção civil na China estão se apropriando destas possibilidades para o bem estar de todos nós.
Convivendo com as mudanças pós-pandemia
A Ronald Lu & Partners, em colaboração com a BEHAVE, acaba de apresentar um projeto de escritórios para o futuro, os quais foram concebidos para atender às novas demandas e necessidades pós-pandemia. Desta parceria surgiu o “Mindplace”, um conceito de escritório que irá “tornar o trabalho ainda mais eficiente, focando na sustentabilidade e a qualidade de vida dos funcionários”.
Indo muito além do simples espaço de trabalho, o projeto visa criar “um espaço holístico onde trabalho, lazer, criação e socialização acontecem juntos, estabelecendo espaços de vida e trabalho confortáveis, seguros e agradáveis de se viver”. A proposta desenvolvida em parceria entre a Ronald Lu & Partners e a BEHAVE foi concebida para trazer benefícios econômicos e de saúde a longo prazo.
São 7 estratégias delineadas na proposta, uma iniciativa que procura redefinir um novo estilo de trabalho no mundo pós-pandemia: circulações livres, varandas abertas, espaços de escritórios flexíveis, instalações sanitárias personalizadas, inclusão de uma maior biodiversidade interna e externamente, átrios animados com atividades culturais, e instalações que visam promover o bem estar físico e mental dos funcionários.
Convivendo com cidades modulares
A Lego China uniu forças com o escritório CAA Architects para criar uma proposta de cidade modular espacial. Projetada por Liu Haowi, a cidade é composta por uma espaçonave sobre a qual seria construído um centro urbano cercado por um campo gravitacional controlado por inteligência artificial. Intitulado Crystal Space City, o projeto é constituído por módulos e conta com um sistema próprio de geração de energia.
Espera-se que o projeto Crystal Space City atue como uma plataforma que possa ser transportada pelo espaço. Segundo a equipe de projeto, a Crystal Space City é "controlada por IA, suspensa na imensidão do universo". Longe da Terra, modular e capaz de produzir sua própria energia, o projeto visa abrir caminho para um habitat humano ideal no futuro.
Convivendo com a nanoescala
Hong Kong, como um dos casos mais extremos de unidades habitacionais super-compactas, resultado de uma área urbana super-densificada e do consequente aumento do valor do solo, tornou-se o lugar ideal para a experimentação de novas soluções habitacionais super-compactas.
O arquiteto Gary Chang, fundador do Edge Design Institute de Hong Kong, falou da seguinte forma em relação a habitações compactas, arquitetura de pequena escala, flexibilidade e o futuro de nossas cidades:
“Com cada função doméstica definida basicamente por seus limites verticais (isto é, uma parede que é, convencionalmente, estática), criei um sistema de paredes móveis que me permitiu transformar o espaço facilmente, brincando de esconde-esconde com os vários programas. Não acredito que uma casa se defina pelos cômodos que possui, mas pelas atividades que proporciona, desde escovar os dentes a ver um filme, tomar banho ou ler à janela.”
Convivendo com a fusão entre tecnologia e natureza
O MVRDV divulgou as primeiras imagens do "Sky Valley" de Chengdu, projeto para o concurso da Cidade de Ciência e Tecnologia no sudoeste da China. A proposta vencedora apresenta “uma cidade habitável na paisagem da comunidade rural Linpan”, fundindo tecnologia e natureza, urbano e rural, modernidade e tradição. A preservação dos vales agrícolas e a incorporação desta atividade operam como os principais componentes do novo desenho da topografia natural da paisagem de Linpan.
O MVRDV imagina o Chengdu Sky Valley como um lugar acolhedor capaz de conectar pessoas e construir comunidades. Ao reproduzir a própria topografia em sua arquitetura, os arquitetos dramatizam a paisagem existente, criando uma cidade que parece fundir-se naturalmente com a natureza que a cerca.
Convivendo com a inteligência artificial
O BIG acaba de revelar o mais um mega-empreendimento na China, o AI CITY, a futura sede do provedor de serviços inteligentes Terminus Group. Concebido como o mais moderno campus de inovação tecnológica da China, a estrutura concebida pelo BIG promoverá o desenvolvimento de novas tecnologias em “inteligência artificial, robótica e big data”. A ser construído em Chongqing—conhecida como “a cidade da montanha” no sudoeste da China—, o projeto encontra-se inserido na área de desenvolvimento industrial de alta tecnologia da cidade.
Como um dos principais desenvolvedores de novas tecnologias, o Terminus Group decidiu construir sua nova sede como um campus integrado de última geração. A ser executado em etapas, a primeira fase do projeto consistirá no Cloud Valley, “concebido como uma cidade onde as pessoas, a tecnologia e a natureza coexistem em perfeita harmonia”. De fato, a proposta do BIG foi pensada para favorecer o desenvolvimento de todas as formas de vida: humana, vegetal, animal e até artificial.
Convivendo com estruturas fabricadas digitalmente
O Pavilhão Chinês na Bienal de Arquitetura de Veneza 2018, com o tema “Construindo um Campo para o Futuro”, explorava o uso de novas tecnologias para promover melhorias nas áreas rurais chinesas. Chamado de “Cloud Village”, o pavilhão chinês daquele ano foi completamente fabricado através de processos digitais. Assumindo formas elegantes e orgânicas, o pavilhão procurava criar uma série de espaços abertos e semi-abertos conectados sob uma mesma cobertura. Esta estrutura procurava transmitir o caráter lúdico e a abstração da vida cotidiana no interior do país, onde os limites entre os domínios público e privado nem sempre são tão evidentes.
Convivendo com novas políticas de mobilidade urbana
Ronald Lu & Partners, especialistas em mobilidade urbana e políticas de transporte público na China, já desenvolveram mais de 60 projetos de mobilidade em todo o país. Neste momento, o escritório está focado na implementada do projeto Shunde ICC Country Garden Sanlonghui, uma proposta de projeto Transit Oriented Development de última geração, um projeto de uso misto que pretende promover “uma relação harmoniosa entre as pessoas e o meio ambiente”.
Estabelecendo bairros agradáveis e caminháveis, reduzindo os congestionamentos e promovendo o transporte público, a proposta para o Shunde ICC Country Garden Sanlonghui proporcionará um efeito positivo também em relação a qualidade do ar, minimizando a poluição e o consumo de energia.
Implantado na periferia da cidade de Guangzhou junto à Baía de Sanlong, o projeto de mais de meio milhão de metros quadrados será equipado com uma gama completa de diferentes programas urbanos, incluindo 2 linhas de metrô, 1 terminal de ônibus, 8 edifícios residenciais, 2 torres de uso misto, 1 galeria comercial, 1 edifício de escritórios, 1 jardim de infância e outras instalações comunitárias.
Este artigo é parte do Tópico do ArchDaily: O Futuro das Cidades. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos mensais do ArchDaily. Como sempre, estamos abertos às contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato conosco aqui.