O confinamento forçado, resultado da política de isolamento da pandemia global de COVID-19, fez com que todos passassem um bom tempo olhando pela janela. Às vezes, quando estamos exaustos com o trabalho e a vida cotidiana, desejamos apenas uma fuga rápida para oceanos e florestas, em algum lugar perto da natureza.
Como poucas pessoas desejam morar em uma cidade cheia de arranha-céus de concreto e vidro - uma selva de concreto, arquitetos e urbanistas descobriram maneiras de inserir os espaços verdes no tecido urbano, de forma a estimular as atividades físicas da vizinhança e reduzir a exposição das pessoas aos ruídos e a poluição. Também foi comprovado cientificamente que os espaços verdes podem trazer o relaxamento psicológico aos usuários com problemas mentais. A seguir, veremos várias práticas de projeto que buscam tornar nossos espaços de convivência mais verdes, em micro, meso e macro escala, respectivamente.
Micro Escala - O Espaço Interno
Projetado pelo People’s Architecture Office, o PP Garden é um banheiro público unissex, que oferece alívio inclusivo para os necessitados, além de servir como um espaço social improvável. Para animar o espaço, os arquitetos posicionaram na parede centenas de plantas diferentes, que foram selecionadas e são cuidadas pelos escritórios adjacentes, sendo reorganizadas livremente. Neste caso, a vegetação também pode configurar um tópico para uma nova conversa.
Já o escritório More Design Office, tem outra abordagem, que se concentra na circulação e incentiva as pessoas a fazerem um percurso linear com a revelação de diferentes flores. No projeto Absolute Flower Shop, cada espaço foi projetado para criar um envolvimento único com os arranjos de flores e com o observador. O projeto possui três setores: uma galeria de rua, uma paisagem artificial e um jardim secreto. No generoso jardim de 100 metros quadrados, uma árvore existente é utilizada como abrigo para um banco em forma de L, que envolve a árvore, configurando um tranquilo oásis no coração da cidade de Xangai.
O Bosque de Bambu projetado pelo V Studio apresenta uma escolha interessante de materiais e plantas. O terraço e o pátio foram repletos de bambus verdes, criando um aroma artístico, inserindo o edifício na paisagem fictícia de uma floresta de bambus. O programa interno do edifício é extremamente claro, o espaço privado e de serviço são vistos como “caixas” distintas, e o trecho gerado entre as “caixas” é destinado às atividades públicas.
A luz clara, as paredes brancas puras e os bambus-verdes são os elementos principais do espaço. Os pátios e claraboias rodeiam o edifício e não somente difundem o limite entre o interior e o exterior, mas também abarcam a iluminação natural desde todas as direções. Além disso, as mudanças de luz e sombra nos diferentes momentos do dia conferem uma rica expressão ao espaço. O branco puro combina todos os elementos e materiais no espaço interior e cria uma atmosfera espacial extremamente pura e abstrata.
Meso Escala - O Revestimento dos Edifícios
O escritório de arquitetura Stefano Boeri Architetti, com sede em Milão, tem vários projetos envolvendo florestas verticais, um protótipo de construção que se concentra não apenas no ser humano, mas também na relação entre o homem e outras espécies vivas.
A intervenção Nanjing Vertical Forest é a primeira projetada por Stefano Boeri Architetti na Ásia e está localizada no distrito de Nanjing Pukou. Às duas torres que compõem o complexo são caracterizadas pela alternância de varandas e contêineres com plantas cultivadas na Floresta Vertical de Milão. As fachadas abrigam 600 árvores de grande porte, 200 árvores de médio porte e mais de 2.500 arbustos e plantas rasteiras, que cobrirão uma área de 4.500 metros quadrados. O projeto foi pensado como uma verdadeira floresta vertical, que com o plantio de 27 espécies nativas ajudará a regenerar a biodiversidade local e reduzir as emissões de CO2 em cerca de 18 toneladas, produzindo até 16,5 toneladas de oxigênio por ano.
Outro projeto de Stefano Boeri Architetti, o Mountain Forest Hotel, está localizado no Vale dos Dez mil Picos, na província de Guizhou, na China. O projeto foi inspirado no ecossistema indígena do vale e nas qualidades morfológicas endêmicas, com uma topografia única que simula literalmente milhares de colinas rochosas totalmente cobertas por vegetação colonizando uma vasta planície verde.
A fachada principal do edifício abre-se para o vale com um sistema de loggias inclinadas contínuas, que se assemelham às encostas quase verticais do entorno. Em toda a extensão das galeiras existem pequenas floreiras que contêm uma vegetação variada composta por árvores e arbustos, de forma a garantir uma divisão igual de vegetação e luz natural para cada cômodo.
Macro Escala - Os Espaços Públicos
O MVRDV revelou seu projeto para um mercado atacadista de frutas e vegetais em Tainan, Taiwan. Definido por um telhado verde acessível, o mercado ao ar livre servirá tanto como um centro importante na cadeia de suprimentos de Taiwan quanto um destino para encontros, socialização e contemplação da paisagem circundante.
O local foi nomeado de “Mercado de Frutas e Vegetais Tainan Xinhua”, o projeto transforma um aspecto frequentemente prosaico da indústria de alimentos em uma experiência pública de alimentos e natureza. O volume compreende uma estrutura aberta simples com altas coberturas onduladas que permitem uma ventilação natural abundante, e um terraço verde acessível a partir da lateral leste, onde a cobertura desce até ao nível do solo.
Os terraços irão abrigar os diferentes produtos da região. O edifício, portanto, oferece uma plataforma elevada a partir da qual os visitantes podem apreciar a paisagem que caracteriza esta parte de Taiwan. Ao mesmo tempo, assume o aspecto de colinas verdes ondulantes, tornando-se assim uma continuação daquela paisagem.
Projetado pelo escritório de arquitetura japonês Nikken Sekkei, o Greenland Center de Xangai, consiste na ideia central de uma "Fazendo Urbana, onde a cidade encontra o campo". Um complexo verde urbano com um "paisagismo de rua" que destaca o espaço arquitetônico, acima de uma das estações de metrô mais populares de Xangai.
O "telhado" é dividido em diferentes escalas e conectado em várias alturas, onde terraços e plataformas ao ar livre são interligados por meio de volumes 3D, respondendo às funções arquitetônicas abaixo e às atividades adentro.
O complexo urbano utiliza o sistema de refrigeração da própria natureza para neutralizar o efeito de ilha de calor, refrescando o ambiente da cidade, bem como o ambiente social.
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