Em qualquer processo de planejamento, existe uma série de documentos — entre materiais gráficos e textuais — que irão estabelecer um direcionamento para algo que irá se concretizar no futuro. No planejamento urbano, o master plan se configura como um dos instrumentos mais frequentes nesse sentido.
O master plan é uma ferramenta de planejamento físico-espacial de uma cidade ou de parte dela — como um bairro, uma vizinhança, ou até mesmo de um complexo arquitetônico de grande escala. Segundo o dicionário de Cambridge, o master plan é definido como “um conjunto organizado de decisões tomadas por uma pessoa ou um grupo de pessoas sobre como fazer algo no futuro”.
Quando aplicado a um projeto de escala urbana, o conceito assume definições menos genéricas e costuma incluir alguns parâmetros específicos em termos do que é tratado nas recomendações e propostas. A etapa propositiva, desenvolvida após estudos e análises direcionados ao contexto em questão, é apresentada de acordo com as necessidades de uma população em diferentes escalas.
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Dessa forma, os master plans são apresentados como diretrizes para, por exemplo, distribuição de usos do solo, limite de gabaritos e recuos, desenho das vias (caminháveis e/ou destinadas ao tráfego de veículos), sistemas de transporte, disposição de áreas públicas e distribuição de áreas verdes.
Por meio de todas essas escalas de ação, os master plans podem atuar como modelos de regeneração urbana. No projeto do MVRDV para o centro de Caen, na Normandia (França), o master plan buscou integrar os elementos históricos e ambientais preexistentes à intervenção a partir de uma rede de ruas secundárias e espaços públicos compartilhados. La Grande Mosaïque, como é chamado o projeto, “busca conter os efeitos de desindustrialização da região” a partir da intervenção em uma área de 600 hectares no centro da comuna francesa.
Já no projeto de Snøhetta para o Centro de Pesquisa e Engenharia da Ford em Michigan, Estados Unidos, o master plan foi utilizado para estabelecer as principais intervenções no complexo de pesquisa. A abordagem do master plan do projeto, que busca destacar o centro de pesquisa como o "epicentro global da Ford", foi definida a partir de três ações principais: “consolidar as populações da Ford, integrar equipes de habilidades para otimizar adjacências críticas, e criar oportunidades de interação e compartilhamento".
Nesse sentido, os master plans podem ser compreendidos como uma espécie de documentação flexível, com variações em termos de conteúdo a depender da sua finalidade. Outro aspecto que também caracteriza o master plan enquanto ferramenta de planejamento físico-espacial é a possibilidade de estabelecer ações prioritárias na sua implementação, a partir, por exemplo, da subdivisão em fases. Assim, um master plan pode assumir diferentes papéis – de forma simultânea ou não –, como o de modelar tridimensionalmente o ambiente, definir espaços públicos e privados, determinar diferentes usos e envolver a comunidade local.
Enquanto uma ferramenta utilizada para auxiliar nas fases iniciais de um processo de planejamento, os master plans são responsáveis por lançar as diretrizes a serem seguidas no desenvolvimento do projeto. Ainda que sua dinamicidade permita alterações no curso do projeto, não deve-se ignorar a importância de um master plan bem fundamentado, que terá impactos significativos no desenvolvimento da área de intervenção.