Com renderizações cada vez melhores se tornando onipresentes, alunos e arquitetos sentem a pressão de dominar um conjunto adicional de habilidades para transmitir suas ideias. Até que ponto as renderizações ajudam ou atrapalham um portfólio ou um projeto? Qual a importância dessas imagens no processo de projeto? As renderizações informam sobre um determinado conjunto de habilidades além das relacionadas aos softwares? Este artigo explora diferentes perspectivas sobre o papel das renderizações na profissão.
Renderizações que chamam a atenção parecem estar em toda parte, de mídia arquitetônica a outdoors, incentivando fortemente os arquitetos a procurarem emular esse tipo de visualização em seu trabalho. No entanto, a renderização é uma ferramenta que pode servir a vários propósitos, desde contar histórias a uma comunicação estratégica de habilidades e intenções, até a exploração diária de opções de projeto. Como as ferramentas digitais estão em constante evolução, a arquitetura precisa experimentar as técnicas em uma ampla gama de processos de projeto, a fim de descobrir onde estão as oportunidades criativas mais importantes.
Representação Artística como um Negócio
No mundo hiperespecializado de hoje e com o design se tornando cada vez mais complexo, o arquiteto raramente pode ser um pau para toda obra. De consultores de sustentabilidade a gestores BIM, a profissão conta com o conhecimento de atores especializados em uma área específica do processo de projeto, sendo os arquitetos os criadores e curadores da visão geral. Portanto, é importante ter em mente que muitos escritórios recorrem a artistas 3D experientes para mostrar seus projetos da maneira mais favorável, especialmente quando se trata de renderizações para concursos e projetos de alto risco. Esses profissionais dedicaram inúmeras horas para dominar não apenas o software, mas também a composição, as atmosferas e o ambiente. Isso não quer dizer que não se deva trabalhar no sentido de desenvolver novas habilidades ou que os arquitetos não possam produzir renderizações requintadas, mas que há muito mais do que configurações de luz e mapeamento de materiais.
Renderização com Linguagem
Como o fundador do Luxigon, Eric de Broche des Combes, disse em uma entrevista ao Archdaily, "da mesma forma que o desenho à mão, o processo de fazer uma imagem é intelectual, não técnico". Assim como qualquer outra forma de representação arquitetônica, as renderizações são um meio de transmitir ideias e conceitos. A tradição das escolas de Belas Artes nutriu a qualidade artística do desenho arquitetônico, enquanto as universidades de hoje organizam palestras e workshops ensinando os alunos a criar imagens que melhor explicam seus projetos.
Dentro das estratégias para chamar atenção, os projetos acabam competindo entre si por meio de imagens. Quanto melhor a visualização, maiores são as chances do projeto ser notado e ganhar atenção. Isso é verdadeiro tanto para a academia quanto para a prática, pois é mais difícil manter um olhar crítico diante de ambientes realistas e atraentes. Nas palavras de des Combes novamente: "acreditar no que você vê leva a uma forma de aceitação que remove grande parte do pensamento crítico." Nesse sentido, as renderizações podem mudar a percepção sobre um projeto, independentemente de suas qualidades de desenho, e os arquitetos precisam estar atentos a este viés inconsciente.
O que as Renderizações Dizem Sobre seu Autor
Para recém-formados, onde na maioria dos casos não há nenhuma experiência anterior significativa que pese em um processo de seleção de trabalho em perspectiva, os portfólios são de extrema importância. Além disso, como é do conhecimento geral que os trabalhos são revisados em um tempo muito curto, é essencial mostrar o potencial do projeto em um piscar de olhos, por meio de imagens ousadas. Como resultado, alguns artistas de renderização organizam análises de portfólio em seus canais do Youtube, fornecendo contribuições valiosas para estudantes e jovens arquitetos.
Surpreendentemente, na maioria dos casos, a crítica não está centrada nos aspectos técnicos das renderizações, mas nas qualidades que são intrínsecas a qualquer técnica de visualização. Composição, cor e ambiente equilibrados são universais, assim como a narração de histórias. Os arquitetos precisam ser estratégicos sobre como as renderizações expressam o processo geral de projeto, evitando imagens inconsequentes. Mais importante ainda, as renderizações revelam inadvertidamente a um observador experiente a capacidade do arquiteto de selecionar informações e apresentar a essência de um conceito. Além disso, oferecem pistas sobre o conhecimento da teoria da composição e da cor.
Renderizações na Prática Diária
É no trabalho diário de um arquiteto que as renderizações como representações precisas entram em jogo. De estudos de sombra precisos a várias iterações de detalhes arquitetônicos, as renderizações podem servir mais do que propósitos de marketing, informando a equipe de projeto sobre os vários aspectos do objeto arquitetônico. As renderizações podem, portanto, ser usadas não apenas como um meio de comunicação com as partes interessadas, mas como uma ferramenta para avaliar as opções de projeto. Como desenhos em processo, esse tipo de imagem ajuda a acelerar a tomada de decisão graças à capacidade de simular a materialidade e a iluminação reais. Testar como um detalhe de fachada seria visto de diferentes ângulos, descobrir esquemas de cores e padrões em diferentes escalas do projeto ajuda os arquitetos a tomar decisões mais bem informadas e facilitar a comunicação com o cliente. Além disso, com a renderização em tempo real cada vez mais comum, os arquitetos terão à sua disposição uma representação cada vez mais fiel de seus projetos.
Este artigo é parte do Tópico do ArchDaily: Rendering. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos mensais. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.