Em seu livro "O Brutalismo em arquitetura, ética ou estética?", Reyner Banham estabelece o que, segundo ele, foi um dos momentos-chave na definição da raiz semântica do termo Brutalismo "há um fato arquitetônico indiscutível: a obra de concreto de Le Corbusier: a Unidade de Habitação de Marselha. E se há uma fórmula verbal simples que tornou o conceito de Brutalismo admissível em muitas línguas do mundo ocidental, é que o próprio Le Corbusier descreveu este trabalho como "Béton brut" (concreto bruto). O termo e o edifício, portanto, surgem juntos". Em seu livro, Banham marca a construção da Unite d' Habitation como um marco histórico e enfatiza com especial destaque sua condição material. A partir daí, o concreto armado aparente é definido como o material preferido para este tipo de arquitetura. Embora exista também uma certa indefinição teórica quanto aos limites e ao alcance do termo "brutalista", existem certas constantes sobre seus parâmetros estéticos que nos permitem estabelecer uma linha de análise relativamente concreta. Nestes termos, os edifícios pertencentes ao brutalismo são caracterizados por sua verdade construtiva - mostrando e evidenciando o material que compõe a arquitetura, assim como sua lógica construtiva e estrutural - a geometria de suas formas e a rugosidade das superfícies.
Como muitas outras tipologias arquitetônicas, os edifícios educacionais - embora seguindo certos padrões políticos, econômicos e culturais - também foram influenciados pelos sucessivos estilos arquitetônicos que caracterizaram cada período da história. Nestes termos, priorizando certos aspectos relacionados à monumentalidade, universidades, escolas, institutos e liceus em várias partes do mundo utilizaram as ferramentas da arquitetura brutalista para definir sua estética e enfatizar seu caráter institucional. Em muitos casos, o concreto armado aparece como o material de escolha nas obras e tanto a textura gerada pelas fôrmas rugosas de madeira quanto as imperfeições do concreto começam gradualmente a ser intencionalmente expostas.
Complementando os artigos Brutalismo na Habitação Coletiva da Europa e O brutalismo na arquitetura religiosa, o fotógrafo Stefano Perego trabalhou na documentação de obras arquitetônicas com programas educacionais - universidades, escolas primárias e secundárias, institutos educacionais, liceus e bibliotecas universitárias - que fazem parte do legado arquitetônico brutalista da Europa. Aqui estão onze obras construídas em várias regiões da Europa - Alemanha, Bélgica, Itália, França, Holanda e Suíça - projetadas por arquitetos como Gerd Hänska, Rolf Gutbrod, Enrico Castiglioni, Hermann Fehling, Daniel Gogel, Christoph Parade, Brigitte Parade, Walter Schrempf, Georges Adilon, Guido Canella, Michele Achilli, Daniele Brigidini, Johannes Van den Broek, e outros:
Alemanha
Escola Secundária (Auditório Hückelhoven), Christoph Parade e Brigitte Parade
- Ano: 1963-1974
- Localização: Hückelhoven, Alemanha
Biblioteca Universitária de Colônia, Rolf Gutbrod
- Ano: 1964-1968
- Localização: Colônia, Alemanha
Instituto de Higiene e Microbiologia da Universidade Livre de Berlim, Hermann Fehling e Daniel Gogel
- Ano: 1966-1974
- Localização: Berlim, Alemanha
Instituto de Pesquisa de Medicina Experimental, Gerd Hänska
- Ano: 1969-1972
- Localização: Berlim, Alemanha
Refeitório estudantil da Universidade de Sarre, Walter Schrempf e Otto Herbert Hajek
- Ano: 1966-1970
- Localização: Saarbrücken, Alemanha
França
Liceu Sainte-Marie Lyon, Georges Adilon
- Ano: 1976
- Localização: La Verpillière, França
Itália
Instituto Técnico Industrial "Silvano Fedi" (Escola secundária)
- Ano: 1970
- Localização: Pistoya, Itália
Escola Primátia, Guido Canella, Michele Achilli e Daniele Brigidini
- Ano: 1972-1981
- Localização: Pieve Emanuele, Itália
Instituição Escolar Regina Maria Adelaide de Aosta
- Ano: 1976
- Localização: Aosta, Itália
Liceu Científico Estatal Arturo Tosi, Enrico Castiglioni
- Ano: 1980-1985
- Localização: Busto Arsizio, Itália
Países baixos
Sala da Universidade Técnica de Delft, Johannes Van den Broek e Jaap Bakema
- Ano: 1966
- Localização: Delft, Países baixos
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Stefano Perego (1984) é um fotógrafo de arquitetura baseado em Milão, Itália. Ele frequentemente colabora com escritórios de arquitetura e artistas e é co-autor do livro SOVIET ASIA (Arquitetura Moderna Soviética na Ásia Central). Seu forte interesse no período arquitetônico da segunda metade do século XX levou seu trabalho a se concentrar especialmente no registro de obras do modernismo, brutalismo e pós-modernismo.