Como o próprio prefixo indica, o pós-modernismo marca um desvio no curso da história, confirmando a disposição dos críticos em conceituar esse novo momento com base na negação do movimento anterior. O pós-modernismo surgiu na década de 1960 como uma antítese do movimento moderno. Ocupando-se de questionar a formalidade, a austeridade e a falta de variedade da arquitetura moderna, particularmente do estilo internacional de Le Corbusier e Mies van der Rohe, o pós-modernismo defende uma arquitetura repleta de signos e símbolos que, por sua vez, comunicam valores culturais. Diante da padronização, no pós-modernismo há uma exaltação das diferenças, combatendo a dita monotonia e fomentando a valorização dos diferentes contextos sociais nos quais estavam inseridas as obras.
O arquiteto e teórico estadunidense Robert Venturi assumiu um importante papel na história da disciplina sendo um dos primeiros autores a escrever sobre o pós-modernismo, liderando as críticas por meio do seu livro Complexidade e Contradição em Arquitetura (1966). Nele, Venturi apresenta um breve manifesto no qual indica que são pós-modernos “os objetos híbridos e contaminados, ambíguos, complexos, distorcidos, em vez de diretos, triviais ou articulados, igualmente tediosos e interessantes, tradicionais e inovadores, corretos e equivocados”. Venturi traçou ainda um paralelo interessante entre as diferentes características do movimento moderno e suas correspondências no pós-modernismo tais como: simplificação x complexidade; unicidade x tensão; unidade x vitalidade emaranhada. Em vez da rigidez formal e estética do modernismo, Venturi propõe a incorporação de elementos históricos, materiais incomuns, além de fragmentações e rupturas nas fachadas, tidas como elementos primários. Ou seja, o pós-modernismo representa uma nova forma de pensar os edifícios, tanto que quando questionado sobre a frase “menos é mais” de Mies Van der Rohe, Venturi rebate dizendo que “menos é um tédio”. Uma espécie de paródia que diz muito sobre este estilo.
Além de Robert Venturi, o pós-modernismo se fortaleceu também por meio das obras de Michael Graves, Charles Moore e Philip Johnson, nos Estados Unidos, assim como Aldo Rossi na Itália, entre outros, principalmente nas décadas de 1980 à 1990. O Edifício AT & T, de Johnson, por exemplo, concluído em 1984 em Nova York, ficou conhecido como sendo uma “declaração de independência ao modernismo”, composto por uma torre simétrica revestida de granito rosa e coroada por um enorme frontão. Apesar de Johnson ter ajudado a estabelecer a arquitetura modernista dos Estados Unidos, ele foi fascinado pelo novo, explorando um estilo que experimentava o classicismo decorativo e a reutilização dos elementos históricos, que hoje definimos como pós-modernismo.
A partir da década de 1990, houve uma divisão no movimento, surgindo inúmeras outras tendências como a arquitetura high tech, desconstrutivismo, neoclassicismo, entre outros. Entretanto, vale ressaltar que definir com precisão o que é a arquitetura pós-moderna, enquadrando e classificando uma série determinada de atributos, vai contra o próprio ideário pluralista do movimento que recusava o universalismo, defendendo a multiplicidade de discursos. Por isso, hoje em dia, ele é usado como um termo genérico que designa uma série de novas propostas arquitetônicas cujo objetivo principal é estabelecer uma crítica à arquitetura moderna.
Nesse sentido, assim como apresentado neste artigo anteriormente publicado, o pós-modernismo tornou-se, antes de mais nada, uma atitude subversiva: um movimento de vanguarda que defende o valor do inesperado contra a ditadura do senso do comum. Deste ponto de vista, ser pós-moderno não significa fazer parte de uma época ou se referir a um estilo específico; é o espírito de questionar as circunstâncias insatisfatórias de hoje, sem recusar a presença do passado ou a compreensão das novas condições e tecnologias culturais do presente.