As previsões para o futuro são alarmantes. Pelo menos é o que nos mostra o relatório do IPCC 2021, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (órgão da ONU) recentemente publicado. Segundo o documento, as mudanças climáticas causadas pelos seres humanos são irrefutáveis e irão se agravar nas próximas décadas se não houver esforços para modificar a situação, afirmando que o aquecimento de 1,5ºC a 2ºC será ultrapassado em um futuro muito próximo.
Segundo o Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, o relatório representa “um código vermelho para a humanidade” soando, principalmente, como uma sentença de morte para os combustíveis fósseis. Nesse sentido, as esperanças voltam-se para as energias renováveis, sobretudo solar e eólica, indicando um aumento dos investimentos para que a geração deste tipo de energia seja multiplicada no decorrer das próximas décadas.
Ao encontro desse futuro mais sustentável, grandes empreendimentos espalhados pelo mundo têm materializado o potencial da produção de energia solar em larga escala. Essas usinas termo solares de grande porte apresentam um sistema que difere do método tradicional que converte a luz solar diretamente em energia elétrica por meio dos painéis fotovoltaicos. Nelas, a energia térmica do sol é usada para aquecer o sal fundido usado para aquecer a água que, por sua vez, como vapor sob pressão, gira um gerador de energia elétrica. Uma das principais vantagens da estratégia é o fato de ela permite que a usina funcione mesmo no período noturno, ou seja, sem incidência de luz solar, visto que o sal fundido retém o calor solar melhor do que a água, esfria mais lentamente, funcionando como uma bateria térmica.
Localizadas em pontos estratégicos do globo terrestre, onde o sol predomina em 90% do ano, suas extensões podem atingir quilômetros quadrados, possibilitando o abastecimento de mais de 100 mil residências. E não apenas seus dados e tecnologia impressionam, essas usinas também criam fascinantes composições geométricas implementadas em meio a paisagens desérticas.
Conheça a seguir algumas delas e aprecie as suas impressionantes imagens aéreas.
Usina Noor, Ouarzazate, Marrocos
Localizada na cidade de Ouarzazate, cujo apelido significa "porta do deserto", essa usina, inaugurada em 2017, se beneficia dos 330 dias de sol por ano da região. Seus 7.400 espelhos heliostáticos se espalham por 1,4 km2 de deserto e estima-se que o complexopodechegar a reduzir as emissões de carbono em até 17,5 milhões de toneladas em 25 anos. No final de 2018, com a Noor, a matriz energética solar marroquina chegou a corresponder a 35% do total de energia produzida pelo país. Graças a tecnologia empregada, a usina continua produzindo energia por até mais de oito horas após o pôr do sol.
Gemasolar Solar Concentrator, Sevilha, Espanha
Essa usina opera desde 2011, contendo 2.650 espelhos heliostáticos, que concentram a energia térmica do sol para aquecer o sal fundido, espalhados em um campo de 185 hectares. Seu sistema é tão potente que consegue gerar energia mesmo após 15 horas sem a incidência de luz solar sendo capaz de produzir energia suficiente para cerca d 25 mil casas.
Ivanpah Solar Electric Generating System, Califórnia, EUA
Composta por três plantas, a Ivanpah ocupa uma área de 14 km2 e foi oficialmente inaugurada em 2014 como a maior usina termo solar do mundo. Seus 300 mil espelhos heliostáticos são gerenciados pela BrightSource Limitless e pela gigante Google, que tem investido grandes quantias em projetos sustentáveis. Sua capacidade máxima possibilita o abastecimento de mais de 140 mil residências.
The Crescent Dunes Solar Energy Project, Nevada, EUA
Essa usina de energia solar foi apontada como a primeira a armazenar mais de 10 horas de eletricidade, o suficiente para abastecer 75 mil casas. O início da sua operação, em 2015, apresentava 17.500 espelhos heliostáticos formando uma espiral de quase 3 quilômetros de largura. Infelizmente, a usina sofreu diversos problemas de projeto, construção e técnicos o que diminuiu muito a sua capacidade ao longo dos anos tanto que, atualmente, encontra-se momentaneamente desativada.