As caixas d’água são elementos vitais em qualquer edificação por seu papel relacionado à saúde, segurança e conforto dos usuários. Sua principal função é garantir o abastecimento independentemente de qualquer interrupção temporária no abastecimento, o que a torna cada vez mais imprescindível nesse período de crise hídrica.
Por utilizar, de maneira geral, a força da gravidade para obter a pressão d’água necessária, a caixa d’água é situada no ponto mais alto da edificação, com seu tamanho e volume dimensionados de acordo com o número de usuários do imóvel. Além disso, o acesso deve ser facilitado para eventuais limpezas e manutenções. Tais características, essenciais para o seu funcionamento adequado, muitas vezes se tornam um grande desafio no momento de incluí-las no projeto.
A primeira opção, quase sempre, é ocultá-la da melhor maneira possível, camuflando-a no projeto como um todo. Mas além dessa estratégia, também existem outras abordagens que relacionam o desenho da edificação com este equipamento tão necessário, muitas vezes assumindo-o como elemento peculiar na composição.
Se o intuito é incorporá-la no projeto global, algumas estratégias são recorrentes no momento do desenho, como a utilização do mesmo material do restante do projeto, entendendo-a como parte de um todo e não como o objeto separado. A estratégia parece simples, mas dependendo da composição formal, pode representar um elemento importante no desenho, como é o caso da Casa Malva na qual a caixa d’água é assumida como um grande bloco de tijolos vazados remetendo ao restante da edificação, mas apresentando um padrão diferente ocasionado pela não obrigatoriedade de vedar completamente o local.
A Casa HC também traz uma estratégia interessante nesse quesito, já que, o envoltório da caixa d’água, além de ser projetado com o mesmo material do restante da casa, concreto aparente, possui uma pequena elevação que o desprende da laje trazendo leveza e individualidade ao volume.
Além das estratégias apresentadas anteriormente, para os projetos que optam por assumir este elemento como uma parte importante no funcionamento da edificação, as caixas d’água de inox têm surgido como uma possibilidade interessante. Sua estética industrial combinada com a superfície polida e reluzente a torna uma peça única no projeto, como um elemento externo assentado sobre a edificação. Essa estratégia permite diferenciar a caixa d’água do restante do volume da casa, assumindo que um não precisa interferir no outro, ou seja, não há necessidade de criar estratégias de projeto específicas que a incorporem no desenho, libertando o projeto dessa condicionante.
Apesar de mais onerosa em termos de custo, as caixas de inox possuem uma maior durabilidade, são mais higiênicas e conservam a água fresca por mais tempo. Como exemplo, destacam-se a Casa Villas com duas caixas metálicas posicionadas sobre o volume de concreto logo na fachada frontal, assim como a Casa Pepiguari do Brasil Arquitetura que cria uma linguagem industrial com as caixas de inox e a aparelhagem de refrigeração aparente. Além dessas, poderiam ser citadas também a conhecida Casa da Vila Matilde e o Projeto Marilia.
A Casa Reserva, por sua vez, mescla as caixas d’água em inox com uma película semitransparente metálica criando uma forma cilíndrica simbólica junto com um efeito interessante de translucidez. Este projeto mostra que a ideia de assumi-las como um elemento independente também pode ser feita por meio de um envoltório com material ou forma contrastantes em relação ao resto da edificação.
Além disso, abordando outra escala, vale ressaltar as caixas d’água que se tornam monumentos importantes para cidade, como marcos na paisagem urbana, singulares e memoráveis. Entre alguns exemplos poderíamos destacar a Caixa D’água de Olinda, Pernambuco, como um exemplo histórico, além dos contemporâneos Ghlin-Baudour, na Bélgica, este Depósito de Água, em Portugal ou a estrutura de painéis côncavos em concreto do grupo White Arkitekter na Suécia, demostrando a força estética que esse elemento pode assumir.