A arquitetura sustentável começa com projetos para ciclos de vida mais longos e reutilização. Procurando criar futuros mais inclusivos e viáveis, os arquitetos estão explorando a reutilização adaptativa como uma das melhores estratégias para enfrentar a crise climática e promover a justiça social. Reutilizar mantém viva a cultura de uma região, fazendo a ponte entre o antigo e o novo à medida que os projetos ultrapassam os limites do design circular e adaptável.
Em suma, a reutilização de materiais de construção envolve a economia de uma alta porcentagem de energia incorporada. Encontrar novos usos para edifícios antigos reduz significativamente o consumo de energia associado à demolição de uma estrutura e à construção de uma nova para substituí-la. Isso é especialmente verdadeiro porque grande parte das emissões de carbono de um edifício vem de seus materiais, desde a fabricação à montagem. Com base em uma abordagem de sustentabilidade e bem-estar, alguns profissionais estão repensando o desempenho da construção por meio de emissão mínima de carbono e impacto social positivo, bem como sustentabilidade e inovação em design.
Um ótimo exemplo de uma prática que busca redefinir a relação da arquitetura com o carbono e a sustentabilidade é a CO Adaptive Architecture. Como eles mesmos explicaram, há uma busca por maneiras criativas de reutilizar materiais existentes para servir a propósitos novos e não convencionais e desviá-los dos aterros sanitários. Além disso, priorizar a reforma e reintegrar o material antigo original em vez da substituição minimiza o carbono adicional que, de outra forma, seria gasto no uso de materiais novos. O uso de materiais totalmente reciclados ou com conteúdo reciclado minimiza o uso de materiais novos e reduz o carbono incorporado. Materiais como vidro, plástico, tijolo e pedra podem ser reciclados em novos elementos, dando-lhes uma segunda vida útil.
Embora existam muitos exemplos maravilhosos do trabalho da CO Adaptive, um que se destaca é o Timber Adaptive Reuse Theatre. Originalmente um local industrial que abrigava uma fundição de metal no bairro de Gowanus, no Brooklyn, este edifício em forma de "A" foi transformado em um novo espaço de desenvolvimento para artistas. O projeto exemplifica o pensamento do desenho de baixo carbono de três maneiras principais. Em primeiro lugar, ele envolve partes da construção existente por meio da reutilização adaptativa para dar suporte a um uso inovador, reduzindo simultaneamente o desperdício de demolição e se relacionando com a história do local. Em segundo lugar, ele reaproveita materiais de construção removidos para criar características arquitetônicas, enquanto minimiza o uso de materiais novos. Finalmente, as inserções estruturais alavancam alternativas de baixo carbono para práticas de construção padrão, introduzindo madeira de fornecedores sustentáveis na América do Norte.
A reutilização adaptativa também pode promover a justiça social. Isso é especialmente verdadeiro na reutilização de edifícios que se tornam parte integrante do tecido social de um bairro. Na Escola Bancroft do BNIM, o projeto envolveu a reconstrução da histórica Escola Bancroft no bairro de Manheim Park em Kansas City, Missouri. Foi concebido como um projeto crítico para a transformação saudável do bairro, com o objetivo de fornecer um catalisador econômico para o corredor Troost e todo o distrito por meio da revitalização da infraestrutura e habitação, com criação de um novo corredor viário para estimular o desenvolvimento econômico e a geração de empregos, bem como programas de educação e apoio à comunidade.
Para Coal Drop Yards, o Heatherwick Studio reinventou dois edifícios ferroviários históricos da década de 1850 como um novo distrito comercial, abrindo o complexo ao público pela primeira vez. Os elementos vitorianos alongados foram construídos para receber carvão do norte da Inglaterra e distribui-lo em Londres por barcos e carroças. Mas, com o passar dos anos, as ornamentadas estruturas de ferro fundido e tijolo se tornaram parcialmente abandonadas. O desafio era transformar os prédios dilapidados e o terreno longo e angular em um animado distrito comercial onde o público pudesse se reunir e circular. O desenho resultante é parte de um esforço maior da King's Cross que incluiu tudo, desde a promoção da eficiência energética ao incentivo ao transporte verde. A estrutura se tornou um dos grandes empreendimentos sustentáveis no Reino Unido.
Não muito longe de King's Cross, o projeto da Gensler's Portland House em Londres é um grande esforço de reutilização que transforma uma torre de escritórios brutalista de 1963 localizada perto do Palácio de Buckingham. Explorando quanto carbono poderia ser economizado, optando por uma estratégia de reutilização adaptativa, uma análise revelou que a reforma do edifício renderia 54% menos toneladas de CO2 por metro quadrado em comparação com sua demolição e substituição. Essa análise levou a uma visão sustentável de projeto que inclui sistemas de energia limpa e planejamento para um ciclo de vida prolongado.
De acordo com a EPA, leva cerca de 65 anos para um novo edifício com eficiência energética economizar a quantidade de energia perdida na demolição de um existente. Se os arquitetos pretendem projetar futuros mais justos, inclusivos e sustentáveis, eles devem considerar o potencial da reutilização adaptativa. Como uma abordagem estratégica, tem o potencial de redefinir como vivemos, trabalhamos e nos reunimos. Por sua vez, abre novas possibilidades formais e espaciais para o desenho de nossa arquitetura e de nossas cidades.
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