De exibições aristocráticas aos eco parques: o presente e o futuro dos zoológicos

Ao redor do mundo, os zoológicos atraem centenas de milhões de visitantes a cada ano. Para algumas cidades, eles são grandes atrações turísticas e centros econômicos que geram dólares dos contribuintes e criam empregos a longo prazo para milhares de pessoas. Mas além destas estatísticas, muitos criticam o papel que os zoológicos desempenham em nossa sociedade e a maneira como os projetamos, de modo a criar um ambiente mais positivo e natural para os animais.

Embora os próprios zoológicos tenham sido historicamente julgados com questões em torno da ética de sua existência absoluta, há uma maneira de repensar a maneira como os inserimos dentro de um contexto urbano? Atualmente, espera-se que um projeto bem-sucedido de um zoológico equilibre a linha entre a criação de um ambiente que seja habitável para os animais e, ao mesmo tempo, seja capaz de se adaptar às mudanças que redefinimos continuamente, o que significa manter um animal em “cativeiro”. O projeto do zoológico também precisa considerar como criar uma zona segura para os visitantes serem educados de perto, ao ver esses animais em seus pseudo-habitats.

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Zoológico de Londres, em 1812. Imagem via Zoo Shares

Os primeiros zoológicos surgem a partir da necessidade dos ricos aristocratas abrigarem seus animais exóticos e colocá-los em exposição para os transeuntes — sem saber muito sobre como cuidar deles e como eram seus habitats naturais. O Tiergatden Schönbrunn de Viena é o zoológico "moderno" mais antigo do mundo. Inicialmente como um zoológico real em meados do século XVIII, se tornou um exemplo da curiosidade das pessoas sobre o mundo natural e como interagir com ele. Após o fim da Revolução Francesa em 1799, Paris abriu suas próprias instalações para animais e os zoológicos foram vistos como um lugar para experiências científicas, onde os pesquisadores podiam observar os animais na tentativa de aprender mais sobre eles. Embora esse senso de descoberta educacional ainda permaneça, os cientistas e grande parte do público perceberam que talvez haja uma maneira melhor de entender os animais sem contê-los de forma prejudicial.

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Proposta Zootopia / Bjarke Ingels Group. Imagem © Bjarke Ingels Group

Há quase cinco anos, Buenos Aires, Argentina, anunciou que fecharia seu zoológico que funcionava há quase 150 anos. Após enfrentar a pressão do público e de querer encontrar uma maneira melhor de cuidar de seus quase 2.500 animais, o zoológico decidiu criar um eco parque de 18 hectares (44 acres) onde os visitantes pudessem vivenciar seus animais em um ambiente mais natural. Até o Bjarke Ingles Group revelou sua proposta para uma experiência zoológica menos confinada em 2014. O escritório projetou um masterplan, um que coloca os animais dentro de seus respectivos ecossistemas e permite o deslocamento dos visitantes através de diversas formas em três circuitos — um para cada um dos três temas continentais da América, África e Ásia. Na Ásia, os visitantes navegariam de um lugar para outro, na África, eles poderiam andar de bicicleta, e na América, os visitantes voariam. O objetivo geral era criar um ambiente que perturbe minimamente os animais, criando um habitat menos estressante onde o público possa desfrutar vê-los de perto.

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Elephant House / Foster + Partners. Imagem cortesia de Nigel Young image via Foster + Partners

Estas mudanças dramáticas na transformação da tipologia zoológica são tentativas de "unzoo" o zoológico, e torná-lo mais sobre um animal em seu habitat natural, e menos sobre ser uma conveniência para os visitantes que podem andar em um parque confinado. O próprio zoológico é uma espécie de evento teatral e observacional subversivo, mas ao torná-lo um ecossistema existente, ele não destaca mais a capacidade de um visitante pressionar o nariz contra o vidro e esperar ver vários gorilas, ou apenas do outro lado ver leopardos em suas áreas confinadas. Em vez disso, estes "unzoos" fornecem uma maneira de retratar com mais precisão a realidade da vida selvagem, transformando-se mais em uma ferramenta didática de como os animais interagem, como as plantas e a natureza desempenham um papel crítico, e os impactos reais que as mudanças climáticas têm sobre a natureza, longe do isolamento de um recinto zoológico.

Este exercício de repensar como projetamos os zoológicos é importante para considerar como repensamos todos os aspectos da sociedade à medida que nossos objetivos e ideias mudam continuamente. Os zoológicos que conhecemos hoje podem não ser os zoológicos que imaginamos para nosso futuro, o que abre espaço para que os arquitetos e urbanistas inventem o que é mais importante para os animais e para as pessoas.

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Sobre este autor
Cita: Overstreet, Kaley. "De exibições aristocráticas aos eco parques: o presente e o futuro dos zoológicos" [From Aristocratic Displays to Eco-parks: The Current Questions and Future Design of Zoos] 23 Jan 2022. ArchDaily Brasil. (Trad. Bisineli, Rafaella) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/974590/de-exibicoes-aristocraticas-aos-eco-parques-o-presente-e-o-futuro-dos-zoologicos> ISSN 0719-8906

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