A cidade compacta diz respeito ao modelo urbano associado a uma ocupação mais densificada com a consequente sobreposição de usos (residências, comércios e serviços) e o favorecimento do deslocamento de pedestres, ciclistas e usuários do transporte público. Amsterdã e Copenhague são exemplos conhecidos de tal modelo.
Oposto da cidade dispersa, a compacta possui algumas características marcantes, além da alta densidade e dos empreendimentos de uso misto, como: desenvolvimento urbano contínuo e contido, demarcado por limites legíveis; elevada acessibilidade local e regional; diferentes centralidades; redes menores de infraestrutura (água, luz, saneamento); maior controle em relação à fiscalização governamental, entre outros.
Devido ao fato de favorecer a utilização de diferentes modais por meio de deslocamentos mais curtos, diminuir o gasto com infraestruturas e incentivar a interação da comunidade as cidades compactas têm sido entendidas como modelos urbanos mais sustentáveis. Neste molde, a mesma rede de água ou energia elétrica que abastece 20 casas, por exemplo, pode abranger muito mais. Esse pensamento também serve para outros serviços públicos como hospitais, escolas etc. Além disso, seu desenvolvimento contínuo e compacto evita o surgimento de interstícios urbanos como lotes vagos ou terrenos baldios.
O DOTS (Desenvolvimento Urbano Orientado ao Transporte Sustentável), por exemplo, é um modelo que defende o planejamento de bairros compactos com alta densidade e diversidade de usos como uma estratégia de atuação que integra o desenho urbano e o planejamento de transportes, podendo ser concretizada por meio de políticas públicas ou de projetos urbanísticos.
Entretanto, segundo o estudioso Michael Neuman, é nessa correlação entre a forma urbana e a regulamentação que surge o paradoxo das cidades compactas. Diretrizes e regras de planejamento rígidas são fundamentais para que se estabeleça uma cidade nesse molde, contudo, o seu excesso pode se tornar prejudicial, já que, com um padrão rigoroso a ser seguido, não há margem para experimentações orgânicas típicas de um desenvolvimento urbano saudável.
De qualquer forma, apesar de trazer à tona algumas contradições, o modelo de cidade compacta tem sido muito difundido nos últimos anos em meio ao contexto de crise ambiental. Ou seja, uma cidade compacta e alinhada com as diretrizes de sustentabilidade pode contribuir para uma melhor qualidade de vida com comércios e serviços próximos às residências, favorecendo o uso de transportes alternativos e a interação da comunidade no resgate da vida urbana.