Visto como uma das grandes promessas para o futuro da construção civil, o concreto carbono mescla resistência, leveza e flexibilidade. Além disso, em uma época marcada por uma grave crise ambiental que põe em xeque os métodos construtivos da indústria civil, o concreto carbono surge como uma alternativa que se aproxima das diretrizes da sustentabilidade.
Na prática, trata-se de um concreto que utiliza malhas de carbono em vez de elementos de ferro, tornando-se quatro vezes mais resistente e mais leve do que o concreto armado usual, sinalizando uma economia material e financeira. Sua fabricação se dá por meio de um processo de decomposição térmica (pirólise) na qual fios ultrafinos de cristais de carbono são extraídos e utilizados para criar uma malha onde o concreto é alastrado antes de endurecer. Sua vantagem está, portanto, nas aproximadamente 50.000 fibras individuais – muito mais finas do que um fio de cabelo humano – processadas para formar uma estrutura de grade.
A Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, tem liderado as pesquisas sobre este novo material e afirmou recentemente que ele tem potencial para revolucionar a construção civil, principalmente grandes obras de infraestrutura como pontes e viadutos. Isso porque além de permitir vãos ainda maiores sem risco de colapso, o concreto carbono é capaz de gerar peças pré-fabricadas muito mais leves, dispensando grandes guindastes.
Porém, não se trata apenas de leveza e resistência estrutural, outras vantagens do concreto carbono envolvem o fato que, ao contrário do aço, a fibra de carbono não enferruja, garantindo uma vida útil muito maior em comparação com o concreto convencional. Com isso, as grossas camadas de concreto para proteger o aço da corrosão não serão mais necessárias, fazendo com que a essa diminuição contribua significativamente com a redução das emissões de CO2 na construção civil.
A primeira edificação construída em concreto carbono do mundo está sendo erguida no campus de Dresden. Com 220 metros quadrados, o volume foi batizado como “Cube” por ser uma obra teste do projeto de pesquisa “C³ – Composto de Concreto Carbono”. A malha inovadora será utilizada para construir a ousada e esbelta cobertura de concreto curvo da edificação. Segundo HENN, escritório de arquitetura responsável pelo projeto, o concreto carbono sugere uma arquitetura do futuro na qual o design ambientalmente consciente é combinado com a liberdade formal para repensar radicalmente os elementos arquitetônicos mais básicos.