As moradias estudantis assumem muitas formas ao redor do mundo, porém, a tipologia mais comum é um alojamento fechado. Enquanto os futuros alunos escolhem as universidades com base no rigor acadêmico, programas esportivos, atividades extracurriculares e futuras oportunidades de carreira, eles agora querem saber como será viver dentro e fora do campus. Isso forçou os arquitetos a repensarem os projetos tradicionais de dormitórios buscando algo mais inovador que reflita melhor o que os alunos querem (e esperam) em suas residências universitárias.
A habitação dos estudantes no passado geralmente carecia de qualquer tipo de ênfase real no projeto. Pequenos quartos, banheiros compartilhados no final do corredor e beliches minúsculos são provavelmente as imagens que vêm à mente quando se pensa em dormitórios. Mas estes espaços, na época, foram projetados realmente para dormir e guardar alguns itens-chave, enquanto os espaços compartilhados eram destinados a reuniões sociais, refeitórios, instalações esportivas e bibliotecas. Os dormitórios foram construídos a um baixo custo, porque não custavam muito, e não precisavam conter muitas amenidades.
Mas hoje, há uma expectativa muito diferente para a moradia estudantil, à medida que exploramos as mudanças na maneira como as pessoas querem viver. Os novos dormitórios da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara viraram manchete, quando um projeto de novas habitações foi revelado. O projeto foi impulsionado por um rico doador que doou 200 milhões de dólares para a universidade. Este mega complexo causou uma reação tão severa que até mesmo o arquiteto contratado para o projeto se demitiu. O problema em questão era que a estrutura de 1,68 milhões seria o lar de quase 4.500 estudantes, dos quais apenas 6% teriam acesso direto às janelas. Ao preencher o interior com pequenos quartos, a intenção era trazer os estudantes para espaços sociais para relaxar e colaborar — ignorando o fato de que 94% dos estudantes não teriam acesso à luz e ao ar fresco.
Além deste polêmico projeto no sul da Califórnia, os futuros estudantes querem que sua moradia seja muito mais luxuosa para acomodar suas necessidades enquanto se mudam pela primeira vez. Os dormitórios estão se tornando ferramentas de marketing para atrair estudantes para as Universidades, pois visam projetar um estilo de vida divertido e enriquecedor. Além das comodidades exageradas, muitos estudantes querem banheiros privativos, amplos espaços de estudo e de armazenamento.
O futuro também pode conter dormitórios que sirvam mais como espaços polivalentes, onde as salas de aula estão nos pavimentos inferiores e a habitação está no topo. Assim, os estudantes moram onde eles possam jantar, fazer exercícios e relaxar, para criar micro-comunidades dentro destes edifícios que possam estabelecer suas próprias identidades no campus, e para se diferenciar dos demais, permitindo às universidades cobrarem a mais pelo que oferecem. A proposta toma emprestado o conceito de viver perto de onde você trabalha, ou, neste caso, viver perto de onde você estuda.
Os dormitórios ultrapassados que pensamos hoje são relíquias em comparação com o que ainda está por vir nas universidades em todo o mundo. À medida que nossas necessidades e desejos mudam para querer mais espaço, mais comodidades e uma maneira mais fluida de viver, estudar e relaxar, onde passamos nossa vida acadêmica deverá refletir isso também.