Art Deco ou Arts Décoratifs originou na década de 1920, após a Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes realizada em Paris (1925). No entanto, somente na década de 1930 o movimento ganhou força na Europa e nos EUA, ampliando o Art Deco e abrangendo todos os elementos da arte decorativa, incluindo mobiliários, design de interiores, joias e arquitetura. Sua popularidade decorre de suas origens únicas. Em vez de um movimento de design impulsionado por forças políticas ou filosóficas, ele foi criado pelo desejo de uma mudança glamourosa e atraente, um reflexo da era de ouro em Hollywood e um boom econômico generalizado.
Caracterizado por sua decadência, rica aplicação de cores e formas geométricas, o movimento é influenciado pela descoberta de artefatos de civilizações antigas e pela introdução e admiração do automóvel. Como um movimento fortemente influído por aspectos em voga, procurou criar uma forma de modernidade luxuosa, a um passo de uma arquitetura mais tradicional, enfatizando elementos artesanais e projetados individualmente, raramente produzidos em massa.
Após a expedição egípcia de Napoleão durante o século XVIII/XIX e um período de egiptomania, a descoberta da tumba de Tutancâmon em 1922 fez com que a estilização egípcia antiga começasse a influenciar o design moderno, na forma de arquitetura, móveis e joias. Havia um frenesi, um fascínio por motivos egípcios e extravagantes que se refletiu rapidamente na moda. Em vez de replicar projetos e artefatos originais, um novo movimento se esforçou para buscar forte influência de obras antigas, usando cores e elementos luxuosos para acentuar a arquitetura de espaços comerciais. Correspondia à opulência vista em Hollywood, uma indústria nova e em expansão, e a prosperidade econômica dos estrondosos anos 20.
Imagens egípcias como hieróglifos, raios solares, escaravelhos e pirâmides surgiram em todos os lugares, com a introdução de arranha-céus durante esse período para recriar a presença dominante das próprias pirâmides. O edifício Hoover (1932) no oeste de Londres é um exemplo típico da arquitetura Art Deco fortemente influenciada por temas egípcios antigos. Originalmente abrigando a fábrica da empresa Hoover, ele usa grande parte da cor encontrada na arte antiga, como verdes, vermelhos e azuis, e replica uma aparência semelhante a um templo. A entrada é emoldurada com formas geométricas e simétricas em azulejo, muito semelhantes às encontradas na arte egípcia.
Esse romantismo histórico não acabou apenas com o fascínio pelo Egito, outras descobertas arqueológicas fizeram com que as influências mesoamericanas e africanas saturassem o movimento. 450 Sutter Street (1929) é um exemplo típico de uma estrutura Art Deco construída no estilo neomaia. Ornamentado e altamente decorativo, o edifício deriva muito de sua inspiração na cultura e arte maia. Um teto de pirâmide de ouro invertido em seu lobby replica o do interior de um templo maia e a fachada se apresenta como um brocado delicadamente estampado com um interior de painéis de bronze.
Na cidade de Nova York, o Art Déco floresceria em outra forma, nos arranha-céus. O edifício Chrysler (1930) projetado pelo arquiteto William Van Alen para Walter P. Chrysler, o chefe da corporação Chrysler, é um magnífico exemplo da arquitetura Art Deco, fortemente influenciado pela popularidade e introdução comercial do automóvel. Sua construção e estética em aço representam tanto o automóvel Chrysler quanto a era da máquina da década de 1920. As águias embelezam o edifício como um modelo de carro e os ornamentos de esquina foram feitos para parecer réplicas das tampas do radiador da Chrysler. Revestido em mármore, o saguão possui representações dos próprios trabalhadores e um conto da “era da fuga”. O edifício Chrysler era o epítome da moda e procurava surpreender seus visitantes com sua torre e iconografia reluzente.
A era de ouro de Hollywood correspondeu à nova vertente do Art Deco na arquitetura de moda, e os dois se tornaram inseparáveis. O surgimento do cinema de vanguarda e a transição do cinema mudo para o sonoro criaram grandes audiências. Essa demanda gerou uma nova forma de estrutura, o cinema Art Déco. Uma arquitetura futurista projetada puramente para refletir o glamour e o romance do próprio filme, estruturas que se tornaram uma forma de palácio do cinema.
Um dos primeiros projetos é o teatro egípcio de Grauman (1922), um exemplo impressionante de renascimento egípcio. Seu ambiente palaciano abrigou a estreia do primeiro filme de Hollywood. Um exemplo posterior é o teatro Paramount (1931) em Oakland, Califórnia, um dos primeiros edifícios de sua época a integrar o trabalho de vários artistas criativos em sua arquitetura. Ele retrata um painel de mosaico em sua fachada de figuras dançando, semelhantes às cenas encontradas no Egito Antigo.
O luxo e o maximalismo da Art Deco permanecem memoráveis. Utilizando novos materiais como aço inoxidável, alumínio e madeira incrustada para um efeito marcante, ele representava a moda da época, buscando criar uma elegância que simbolizava riqueza, prosperidade e sofisticação. Apesar da desintegração do estilo durante a Segunda Guerra Mundial, a arquitetura Art Deco continua popular como estilo e fonte de inspiração até hoje e sendo uma parte importante do nosso patrimônio arquitetônico.