Se hoje as tecnologias despontam para diversas formas de representação e interação com o desenho, compreender como os arquitetos se comunicam através dos traços realizados à mão pode ser fundamental para se aprofundar no tema da visualização arquitetônica. Através da simplicidade dos gestos, pequenos textos ou uma colagem de referências, é possível traduzir ideias de forma inovadora, diferentemente dos modos que um render pode apresentar. Por isso, evidenciamos aqui o trabalho de grandes nomes como Lina Bo Bardi, Renzo Piano, Pezo von Ellrichshausen e Mikkel Frost, que a partir de diferentes técnicas revelam distintos modos de representar um projeto.
Lina Bo Bardi
Quando pensamos em desenhos feitos à mão e croquis, normalmente os imaginamos como uma ferramenta para dar impulso a ideias iniciais. Lina Bo Bardi em suas ilustrações demonstrava que iniciava seus projetos pelo fim. Desde o início, as ideias embrionárias de seus futuros edifícios são acompanhadas de pessoas utilizando, convivendo e intervendo no próprio prédio. Afinal, trata-se de uma arquitetura que só se torna viva a partir da experiência que ela propõe.
Sendo assim, não é difícil encontrar desenhos realizados pela arquiteta onde a escala das pessoas está longe de uma verossimilhança com a realidade, mas sim, traçada para evidenciar a potencialidade dos espaços. Na falta de humanos, é possível ver como Lina já imaginava seus projetos com rachaduras, vegetações espontâneas ou, ainda, através de pequenos textos que induziam quais ações poderiam ser realizadas no espaço, como "bar dos 3 arcos / pinga+caranguejos".
Renzo Piano
O vencedor do Prêmio Pritzker de 1998, apresenta através de seus croquis as mais variadas intenções de seus projetos, evidenciando em muito deles a preocupação com a escala humana, o diálogo com o entorno imediato e soluções mais técnicas, que abrangem estudos de insolação e conforto.
Destaca-se aqui o uso das cores, flechas e elementos textuais que não só tornam os desenhos mais didáticos, como também ajudam a ilustrar o raciocínio projetual do arquiteto.
Pezo von Ellrichshausen
O escritório chileno encabeçado por Mauricio Pezo e Sofia Von Ellrichshausen, se destaca por uma profunda composição formal em seus projetos, que são fruto de experimentações realizadas através da matéria e dos desenhos que realizam para cada um deles.
Nesse caso, destacamos as pinturas à oléo, técnica que permite que os arquitetos explorem as texturas, cores e luz de cada edifício ou ambiente. A partir das pinceladas, cria-se uma outra materialidade para o projeto, desvendando difrentes sensações e emoções que a construção pode vir a gerar no usuário.
Mikkel Frost
Mikkel Frost, arquiteto sócio-fundador do escritório CEBRA, após a concepção e antes de começar a construção de vários projetos, realiza os Toons. Ilustrações que, segundo ele, ajuda a recordar o propósito por trás de cada trabalho.
"Usualmente, digo que se não pode contar a história em uma folha tamanho A4 está fazendo demais ou complicando demasiadamente. Então os “Toons”, como os chamo, não são croquis. Eles são feitos depois destes, quando a maioria das decisões da arquitetura já estão tomadas. Neste sentido servem de lembrança do que se trata o projeto em sua totalidade. Às vezes tendemos a esquecer isto quando começamos a construção, então, voltar a olhar para estes desenhos podem ser uma grande ajuda", afirma o arquiteto.
Este artigo é parte do Tópico do mês ArchDaily: O futuro da visualização na arquitetura. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos mensais. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.