Femingas: Construção participativa com perspectiva de gênero no Equador

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No campo do projeto e da construção, a questão de gênero é um ponto de conflito: quem tem a possibilidade de construir? Quais são as alternativas para nós profissionais da arquitetura? Estas são as perguntas que o Taller General busca (re)pensar. Foi a partir dessas questões que surgiu Femingas, uma jornada de construção participativa com uma perspectiva de gênero. Estas se manifestam como uma alternativa à construção de "mingas", jornadas de trabalho conjunto entre os membros de uma comunidade para alcançar um bem comum.

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O processo começou em 2019, através de um projeto de reabilitação espacial localizado no Centro Histórico de Quito, Equador. A proposta consistia em projetar um novo espaço em conjunto que pudesse unificar a tela em branco adquirida de 28 m²: quatro paredes brancas, tetos com pé direito triplo, pisos de aduelas e duas janelas de frente para a rua. Havia apenas uma divisória de madeira separando o grande espaço em dois e uma sala localizada em um nível superior sem nenhuma conexão. Vale notar que esta circunstância se repete em muitas habitações históricas do centro da cidade, que, tendo sido subdivididas ao longo do tempo, acabaram gerando espaços não utilizados.

Por isso se propõe a criação de um protótipo de célula autônoma, que não afeta a casa original e, ao mesmo tempo, concentra os equipamentos que faltam para transformar o espaço adquirido em uma casa: cozinha, banheiro, escadas e espaço de armazenamento. Assim, se propõe o uso de um sistema de construção metálico de fácil execução, que tem a característica de ser resistente, leve e fácil de montar.

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Para a construção desta proposta, realizaram-se as Femingas, que foram compostas de 6 reuniões. Mais de 10 mulheres (entre 23 e 56 anos de diferentes profissões) participaram, o que culminou com a intervenção espacial, abrindo um novo mundo de encontro e aprendizado. Isso por que que as Femingas significam muito mais do que apenas construção de objetos arquitetônicos, através do riso, grito, música, vozes e conversas, elas criam um ar de magia para respirar.

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Quando as mulheres se reúnem para construir, gera-se um movimento comunitário, que traz consigo perguntas e comentários que ajudam a promover a (des)construção dos papéis de gênero da sociedade. Por exemplo, "quando andávamos pela rua com os tubos longos, havia muitos olhares de choque ou de surpresa e até um homem que dizia: 'olhem aquelas mulheres trabalhando em obra!'", comentou um participante do Femingas 2020.

Após o projeto inicial, foram realizadas cerca de 10 reuniões adicionais. Nelas, as integrantes das Femingas realizaram várias atividades, tais como: cortar uma parede com serra e depois remover o barro com uma combinação e picaretas; lixar, cortar e curar madeira para as pegadas dos degraus; perfurar e unir tubos metálicos; cortar e colar vidro ou policarbonato; pintar paredes e tetos; limpar entulho; montar móveis de madeira; pintar chapas metálicas com um compressor; montar paredes divisórias, etc.

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Além disso, como resultado das oficinas, foi produzida uma Fanzine que sintetiza fragmentos vividos junto com os depoimentos de cada uma das participantes. Para este projeto, Tiphaine, que estava fazendo seu estágio no Taller General na época, foi responsável pelas ilustrações. Foi então impressa e serigrafada com a ajuda da ilustradora e integrante da Femingas Canela sin miedo. A Fanzine tem como objetivo compartilhar as experiências vividas nas Femingas a fim de difundir a autonomia, incentivando espaços livres e emancipatórios para o fazer.

As Femingas facilitam as ações das mulheres baseadas na liberdade, fazendo uso de sua autonomia para atingir novos objetivos. "Reconhecemos e valorizamos que cada uma de nós tem suas próprias experiências e aprendizagens, e ao colocá-las em prática, resolvemos o que queremos construir. Desta forma, as Femingas se tornaram uma ferramenta pessoal e política para cada uma de nós". As arquitetas do Taller General comentam.

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Participantes das Femingas até o momento: Florencia Sobrero, Belén Argudo, Canela Samaniego, Iara Pezzuti, Lara Girardi, Lorena Romero, Lucie Daum, Marie Combette, Marina Novaes, Maryangel Mesa, Morena Cardona, Natalia Fernanda Vieira, Nina Tapia, Paula Jácome, Tiphaine Rossignol, Marialuisa Borja, Nathaly Reina, Sofía Arcos, Demi Mendoza, Valeria Galarza, Daniela Dávila, Camila Proaño.

Fanzine espanhol: Taller General, Tiphaine Rossignol e Canela sin miedo.

Créditos Fotográficos: Andrés V Fotografía, Taller General, Marie Combette, Natalia Fernanda Vieira, Tiphaine Rossignol, Valeria Galarza.