Onde nos formamos como sujeitos da democracia? Onde tomamos consciência do indivíduo e do coletivo? Onde forjamos o caráter para viver juntos? Estas são apenas algumas das questões que a cooperativa de arquitetura Coonvite procura abordar a partir do desenvolvimento desta instalação artística chamada Ágora. Reunindo expressões e opiniões em torno da democracia, Víctor Muñoz foi o responsável pela curadoria do projeto, que está em exposição até 31 de julho no Centro de Artes da Biblioteca EAFIT em Medellín, Colômbia.
Sendo um projeto da Universidade EAFIT baseado nos relatórios do "Tenemos que Hablar Colombia" (em português, "Precisamos Falar Colômbia") e liderado por várias universidades do país, a instalação recorreu à reutilização de materiais e dispositivos já existentes no campus da universidade. Uma série de volumes limpos de diferentes dimensões chamados "os mortos" servem de suporte para as exposições e constituem a matéria-prima tanto para o exercício criativo quanto para o construtivo. Através do uso de rolamentos, estes volumes são re-significados e transformados em dispositivos de acordo com a demanda democraticamente requerida pelo público.
Assim como a urna eleitoral é insuficiente para conter tudo o que está por trás do voto, a sala de aula, entendida simplesmente como quatro paredes em uma instituição educacional, não cumpre plenamente seu propósito: fornecer elementos para formar uma visão do mundo. É necessário que a sala de aula seja mais do que uma sala de aula, que seus limites sejam diluídos para a rua, para os parques, para os espaços familiares. Precisa estar lá onde as conversas importantes também acontecem. - Jose Ardila
Descrição pelos autores. A arquitetura da sala de aula representa as posições pedagógicas das instituições educacionais. Em alguns casos, se valoriza a submissão e a obediência dogmática do dever do sujeito enquanto, em outros, se aprofunda a experiência de liberdade, diversidade e experimentação do sujeito.
A sala de aula é o espaço se constróem as visões de mundo. São as geometrias e a materialidade da reflexão sobre ser e fazer como um coletivo. A rua é a sala de aula do lazer e da diversão, é a universidade do empírico. É o momento de trazer a rua para a sala de aula, para deformar ou dar mais formas a novas espacialidades para a inteligência coletiva.
Urna: espaço demo. Trata-se de uma coreografia e cenografia das pessoas que escolhem seus representantes. Na Colômbia, as urnas eleitorais são instaladas em sua maioria em infra-estruturas educacionais. Por um dia, a arquitetura educacional torna-se a arquitetura do evento eleitoral. Os professores e alguns ex-alunos assumem o papel de jurados, testemunhas e guardiões da democracia, enquanto as carteiras se tornam o mobiliário para o exercício da votação.
O papelão é o material com o qual os dispositivos efêmeros para o evento eleitoral são estruturados. Ele se dobra, serve como contenção, como um manual e guia eleitoral, define a intimidade do voto e a segurança da urna, a subjetividade do voto e a objetividade da contagem. Como coreografia e cenografia, é uma amostra do aparato efêmero do eleitoral: a urna é um evento, não um objeto.
Praça: espaço cratos. Dispositivos de poder, entendendo o poder como a expressão máxima da cooperação dos indivíduos, o poder como as possibilidades organizadas de forma a administrar e gerir os recursos comuna. Quais são os recursos comuns? A vida em conjunto. O encontro dos corpos com a natureza, da norma com a infração, da liberdade com o controle, do poder como uma decisão de fazer parte de alguma coisa, fazendo consciência, movendo e movendo-se em cooperação com os outros. A praça é a atitude do público, é tentativa e erro construindo o cotidiano cívico.
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Localização: Biblioteca Universidade Eafit, Medellín
Área: 423 m2
Autores: Coonvite + Alicia Ferrer Correa
Técnica: Instalación
Curadoria: Víctor Muñoz
Museografia: Wallace Masuko Vieira
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