Há algumas semanas, a edição deste ano do Serpentine Pavilion foi aberta ao público. Projetada pelo artista Theaster Gates, de Chicago, esta é uma obra evocativa, sua forma cilíndrica faz referência aos fornos americanos e ingleses e as casas de adobe Musgum encontradas em Camarões.
O nome do pavilhão diz muito mais ao espectador sobre suas intenções como experiência espacial. Intitulado Black Chapel, ele abriga uma sala espaçosa com bancos curvos e um óculo acima permitindo que a luz do dia penetre no espaço. É um interior bastante minimalista - projetado como um local para contemplação e reflexão. Essa qualidade do Serpentine Pavilion de Gates levanta questões particularmente interessantes: como artistas e arquitetos optam por uma abordagem “menos é mais” ao projetar espaços meditativos, mas também como esses espaços introspectivos foram igualmente aprimorados pela ornamentação.
Em um sentido arquitetônico, o minimalismo descreve projetos arquitetônicos condensados em seus elementos essenciais. Uma ênfase no espaço, forma, luz e materiais - com raízes no movimento Bauhaus da década de 1920. O arquiteto espanhol Alberto Campo Baeza é sem dúvida o maior proponente da arquitetura minimalista em seu sentido mais extremo. As residências monocromáticas Casa Gaspar e Casa Turégano são formas cúbicas brancas praticamente sem móveis ou ornamentação.
Estas, no entanto, são casas – espaços que atendem a uma variedade de acontecimentos domésticos, devendo alcançar o equilíbrio adequado entre privado e público. Entretanto, espaços que visam a introspecção, como igrejas e capelas, afloram outras questões.
Ao longo da história, a imagem duradoura de uma igreja tem sido de complexidade visual, como a Basílica de Sant'Apollinare in Classe composta internamente por arcos e uma abside ricamente decorada. As mesquitas têm sido igualmente associadas à ornamentação, Jama Masjid, no estado indiano de Uttar Pradesh, apresenta um conjunto complexo de cúpulas e portais em arco.
Quando os espaços de reflexão vão contra essa norma, cria-se um ambiente espacial totalmente diferente. A Igreja da Luz de 1989 de Tadao Ando é uma igreja explicitamente minimalista, com uma fenda em forma de crucifixo que cobre parcialmente o espaço à luz do dia. A fachada de concreto armado cinza é composta por uma única textura - uma escolha de design que enfatiza a qualidade humilde da edificação, mas uma escolha de design que também pode ser criticada por não ser refinada e, portanto, perturbadora.
Um olhar para o Serpentine Pavilion de Gates revela paralelos com a estrutura religiosa de Ando. O pavilhão é descaradamente honesto com seus materiais, paredes revestidas de compensado pintado compondo um interior escuro iluminado apenas por um óculo com aberturas de entrada e saída de quase dez metros de altura.
Se o espaço funciona como um local para contemplação é um debate, mas é um forte argumento para entendê-lo como um lugar que instiga pensamentos profundos. Um abismo de espaços e elementos visuais mínimos define as marcas de intervenções arquitetônicas minimalistas que procuram criar um clima reflexivo - mas obter essa atmosfera através do projeto arquitetônico pode ser um assunto complicado e pouco claro.
Na cidade mexicana de Acapulco, BNKR projetou a Sunset Chapel, destinada a ser um local de luto. O resultado final foi uma forma angular que corta a paisagem da cidade – misturando-se ao terreno rochoso. Os interiores e exteriores de concreto são deixados sem tratamento, a “honestidade” dos materiais mais uma vez provando uma abordagem de design duradoura. Esta capela, no entanto, está longe de ser uma experiência insular. Aberturas em todos os lados da igreja significam que, como o interior está praticamente exposto, a paisagem circundante ganha foco total.
O paradoxo está no fato de que essa abordagem arquitetônica minimalista na Sunset Chapel foi criada para maximizar a vibração visual e a riqueza do cenário da Baía de Acapulco. Em vez de um desenho voltado para dentro, como na Igreja da Luz, BNKR maximiza a conexão com o exterior. A Igreja da Luz está localizada na área urbana de Ibaraki, enquanto a localização mais rural da Sunset Chapel permite que a contemplação seja alcançada olhando para fora. Pesquisas mostraram, por exemplo, que a vista das árvores acalma o corpo, deixando-nos mais relaxados.
Outras influências da Black Chapel incluem os túmulos de Kasubi de Uganda em Kampala - locais de sepultamento para reis do Reino Buganda. O Muzibu Azaala Mpanga - o edifício principal - foi, como a Black Chapel, destinado a ser um local de reverência e atividades congregacionais. Sua linguagem arquitetônica interna mínima - pilares de madeira sustentados por uma cúpula de palha, é complementada pela presença de folhas de palmeiras concêntricas tecidas que compõem um teto ornamental.
O Serpentine Pavilion de Gates, em última análise, visualiza um espaço contemplativo que contém menos elementos arquitetônicos internos. Assim como a Igreja da Luz de Ando, as vistas bem definidas do contexto circundante são limitadas em favor da criação de uma experiência mais introspectiva. Mas, assim como Muzibu Azaala Mpanga, há a consideração cuidadosa dos ornamentos, visível no padrão quadriculado formado pelas treliças de madeira verticais, e em uma série de novas pinturas de Gates emoldurando o que potencialmente funcionaria como pano de fundo para performances.
A Black Chapel é realmente o resultado arquitetônico de uma abordagem “menos é mais” para espaços introspectivos, ou é um estudo de caso de como essa abordagem é harmoniosamente mesclada com sensibilidades mais ornamentais?
Talvez isso reflita em como o minimalismo às vezes pode ser um termo imperfeito que deixa pouco espaço para nuances. E talvez isso também reflita a natureza confusa dos rótulos de design e arquitetura – e como profissionais como Gates procuram operar fora dessa estrutura.