Existem deficiências significativas na forma como as cidades em todo o mundo operam e atendem as pessoas que vivem nelas. Burocracias e outros processos limitantes que direcionam publicamente nossas cidades ao futuro são muitas vezes o que fazem com que as mudanças aconteçam em um ritmo tão lento que, quando uma questão é abordada, mais cinco surgem em seu lugar. Com o tempo, a sociedade passou a aceitar que quando os sistemas que temos em vigor não fazem muito para atender às nossas necessidades, isso nos força a recorrer a alternativas de mudança. Algumas questões urbanas encontraram as melhores soluções após o início dos movimentos sociais e a formação de grupos de base.
Faz tempo que a construção de cidades se disfarça como um processo democrático. Embora muitas pessoas trabalhem na área do design e influenciem os edifícios construídos e a expansão das áreas urbanas, historicamente, as decisões em larga escala foram deixadas nas mãos de apenas algumas pessoas. Em Nova York, a Comissão de Planejamento Urbano, composta por treze arquitetos, engenheiros e outros urbanistas altamente especializados, supervisiona todos os aspectos do crescimento e desenvolvimento da cidade. Com um modelo semelhante, Los Angeles tem apenas nove membros que ajudam a moldar as leis de zoneamento da cidade e outros regulamentos. Em outros lugares onde o zoneamento é um problema menor, como Houston, que rejeitou a implementação de leis de zoneamento três vezes, os urbanistas estão mais preocupados em como subdividir os terrenos.
Quando as cidades, onde vivem milhões de pessoas, ficam sujeitas às decisões de poucas e selecionadas pessoas, muitos resolvem o problema com as próprias mãos. Em todo o mundo, movimentos urbanos de base estão transformando para melhor muitas comunidades. Em Boston, Massachusetts, muitos moradores formaram uma rede de projetos de hortas comunitárias, dando fundos aos bairros de baixa renda para cuidar desses espaços verdes. Isso não apenas traz alimentos saudáveis e frescos para comunidades desfavorecidas, mas também oferece múltiplas oportunidades educacionais. Alguns desses projetos custam mais de 100.000 dólares, e a maioria deles existe sem ajuda significativa do governo.
Em 2010, cidadãos de Dallas, Texas, buscaram transformar um antigo beco em um novo mercado por meio da Better Block, uma organização sem fins lucrativos que educa as pessoas sobre como desenvolver seus bairros. Em menos de um mês, a comunidade instalou móveis ao ar livre, novas luzes e abriu uma variedade de espaços públicos, incluindo cafés e galerias. Agora, a Better Block se expandiu para outras partes do mundo, com projetos que duram de três a quatro meses em locais escolhidos e projetados pela comunidade, ensinando os moradores a fazer melhorias urbanas com as próprias mãos.
Movimentos urbanos de iniciativa própria também se tornaram populares em muitas cidades em outros países. Em 2012, um grupo em Amsterdã desenvolveu uma ideia para testar tecnologias amplamente utilizadas como meio de tornar o planejamento urbano acessível às massas e como um processo altamente colaborativo. O conceito foi chamado de The Hackable City e permitiu que as pessoas tivessem voz em novos projetos em termos do que a comunidade precisa e da estética de design que eles preferem. Isso ajuda a garantir que o desenvolvimento de uma comunidade permaneça nas mãos dos moradores possibilitando que eles se expressem e ajam rapidamente para criar o que é necessário. O resultado da Hackable City é um protótipo holístico para um empreendimento em uma antiga área industrial à beira-mar. Ao criar uma economia circular onde os recursos e o conhecimento podem ser compartilhados, participar da construção de um novo bairro fica tão fácil quanto entrar em um aplicativo e compartilhar uma opinião sobre como deveria ser a fachada de um edifício enquanto se aprende como economizar energia.
Muitas cidades e projetos obtiveram sucesso depois de resolver o problema com suas próprias mãos e criar soluções inovadoras para melhorar suas comunidades. Afinal, quem entende melhor as necessidades das comunidades do que as pessoas que vivem nelas?