Um edifício emblemático para Meliana e toda a região, o Palauet Nolla data do século XVII e foi um símbolo da famosa fábrica de mosaicos Nolla. Localizado no contexto da paisagem de pomares do norte de Valência, após décadas de negligência, o edifício chegou em estado de ruína por volta de 2010, e seu estado era crítico sobretudo por falta de carpintaria externa, estrutura danificada, telhados afundados e parte da decoração com grave deterioração natural e antrópica, entre muitos outros fatores.
Finalmente, em 2020, o estúdio ARAE Patrimonio y Restauración decidiu liderar os trabalhos de restauração a serem realizados na decoração, pisos, fachadas, carpintaria e instalações. Desta forma, esta fase constituiria um ponto de inflexão no processo de recuperação do Palauet Nolla, que representa uma jóia patrimonial com um grande valor histórico onde vários escritórios intervieram simultaneamente, tornando possível esta obra complexa. Ao mesmo tempo, a equipe de gestão cultural da ARAE Patrimonio propôs um amplo programa com novos usos e uma variedade de atividades. Todo o trabalho de pesquisa, restauração e gestão cultural recebeu vários prêmios, incluindo o Europa Nostra 2011 e o European Heritage Stories 2019.
Descrição enviada pelos autores. O Palauet Nolla é um edifício do século XVII que passou por várias pequenas alterações até o século XIX. À época ele foi utilizado por Miguel Nolla, um empresário catalão de Reus, que converteu a antiga casa agrícola dos Frades no centro de sua nova fábrica de mosaicos. Este edifício tornou-se então o local onde o anfitrião recebia seus visitantes mais ilustres. Para adaptá-lo ao seu uso, e para dar-lhe mais presença, ele ordenou a construção de anexos no térreo, nas fachadas sul e oeste. Ao mesmo tempo, ele colocou composições de cerâmica de sua própria produção em todos os andares do edifício, assim como em alguns rodapés e fachadas. Tudo isso estabeleceu um conjunto coerente e de grande beleza, que está sendo estudado atualmente com a intenção de devolver a construção histórica ao seu estado de máximo esplendor.
A história do Palauet Nolla está bem documentada graças ao trabalho realizado desde 2010 pela equipe da ARAE Patrimonio, que atualmente continua a estudá-la, sua evolução e suas sucessivas fases de restauro. O edifício original data do século XVII, quando foi construído para ser uma grande casa agrícola, com características de construção excepcionais. As paredes de alvenaria são da mais alta qualidade, tanto em termos de sua construção quanto de seu layout. As esquinas do sul do edifício são conformadas por arcos, alguns das quais são esculpidos. O mesmo sistema é encontrado nos embasamentos, assim como na estrutura das duas portas de acesso ao térreo. As outras aberturas, feitas com armações de tijolos maciços, também mostram grande cuidado em sua construção. A carpintaria original também é de alta qualidade.
Em meados do século XIX, Miguel Nolla reutilizou o edifício e o terreno circundante para montar sua fábrica de cerâmica. O edifício então se tornou a vitrine do empresário e recebia as pessoas mais importantes da época durante suas visitas à fábrica. No início do século XX, a fábrica mudou-se para o centro da cidade, e as instalações mudaram de propriedade e uso. O Palauet tornou-se então a casa do gerente da fábrica, o pai de Yvonne Volozan, que deu seu nome ao prédio. Em meados do século XX, o edifício foi transformado em um armazém de materiais. Foi então que ele começou a ser abandonado, e a falta de manutenção e cuidado levou a um estado de deterioração quase irreversível até o início do século XXI.
A fim de reverter este processo de perda, em 2011 começaram as intervenções destinadas a recuperar este monumento único. Desde então, foram realizadas dezenas de fases (devido à impossibilidade econômica de realizar um único projeto completo), que permitiram substituir os telhados, consolidar a estrutura, instalar a carpintaria externa, reconstruir um dos anexos, restaurar mosaicos, tetos falsos, pinturas e até mesmo trabalhar em duas das fachadas.
Estas obras são tecnicamente muito complexas, dado o terrível estado de conservação e a necessidade de máxima preservação devido ao importante valor histórico de cada um dos elementos envolvidos, tanto estruturais como decorativos. Durante esses anos de árduos trabalhos de recuperação, o critério para as intervenções tem sido restaurar em vez de substituir, e reproduzir os elementos em falta utilizando as mesmas técnicas originalmente utilizadas. Tetos falsos, molduras, decorações de cerâmica, pinturas e folha de ouro foram fielmente reconstruídos para restaurar o edifício a seu estado de esplendor original.
Escritório de arquitetura: ARAE Patrimonio y Restauración SLP (direção técnica Xavier Laumain)
Localização: Camino del Barranquet, 57 Meliana (Valência)
Ano de finalização: 2020
Cliente: Prefeitura de Meliana
Arquiteto técnico: Julio Sánchez
Fotografias: Milena Villalba